sábado, 31 de maio de 2025

Lar é onde o coração está - Capitulo 87

  

Era sábado de manhã e Agatha acordou amuada, pois sabia que aquele era o final de semana que deveria passar com o pai. Na verdade, ele tinha de ter vindo buscá-la na sexta à tarde, mas não apareceu e a menina nem se surpreendeu. Estava ficando acostumada.


No momento em que a campainha soou, a garota estava tomando café e parou com uma colher de cereal a meio caminho da boca, enquanto via a mãe levantar para atender e em seguida a ouvir chamá-la e no mesmo instante, a menina sentiu um peso invisível cair em seu estomago ao mesmo tempo em que se arrastava até o portão de entrada. 

E assim que ela viu o pai parado ali, ao invés da reação esperada, que seria correr na sua direção, Agatha estacou do lado de dentro e se recusou a dar mais um passo. Alguma coisa fervia dentro dela e parecia que ela não ia conseguir segurar por muito tempo.

— Agatha querida, eu vim te buscar hoje. — Silas disse enquanto exibia um sorriso largo que tentava ser encantador, mas só causava o efeito oposto na menina, que fechando as mãos delicadas em punhos e expulsava para fora todo aquele sentimento que estava entalado em sua garganta desde seu aniversário.

— Não! Eu não vou com você! Vá embora! — ela gritou a plenos pulmões, atraindo a atenção de duas mulheres que passeavam empurrando cada uma um carrinho de bebê. Elas, que estavam do outro lado da rua e encararam Silas de forma julgadora.

— Meu bem, deixe de ser teimosa e venha aqui com o pai. A gente vai tomar sorvete e ir no cinema, vem. —Vanessa havia dado um sabão no ex-marido e agora ele se sentia “culpado”. Mas ela sabia que aquela culpa não duraria nem até a próxima suposta visita no final de semana.

— Não, não, não! Eu não quero ir com você! Vá embora! — a menina gritou alto o bastante para seu rosto infantil ficar vermelho com o esforço. Silas tentou uma última vez, enquanto lançava um olhar desesperado para a ex-mulher, que permanecia em pé do lado de fora do portão com os braços cruzados e em silencio.

— Vanessa? Você está vendo, ela se recusa a vir comigo. E agora fica ai gritando como se eu fosse um estranho. — com muito esforço ele conseguiu que a garota saísse até o portão, mas em seguida ela se encostou na mãe, enquanto olhava para o pai com o que a avó chamava de “boi bravo”, cabeça baixa e olhar erguido.

— Não posso fazer nada, Silas. A decisão final é dela. — Vanessa respondeu em um tom casual, como se estivesse conversando sobre um assunto cotidiano.

— Eu não quero nunca mais sair com você. — declarou a garota enquanto fuzilava o pai com os olhos e entrava na casa novamente, sem olhar para trás.

— Bom você viu, eu tentei. Ela é teimosa igual a você. Vou falar com o meu advogado sobre isso, porque não é certo eu ter de continuar pagando a pensão, se essa menina nem quer passar um tempo comigo. — declarou Silas irritado, ouvindo Vanessa sugerir que fizesse isso e informando que ela já havia falado com a advogada também.

***

Do outro lado da cidade, Mayara estava voltando do banheiro. Ela, que havia ido para a casa de Letícia na noite de sexta e resolveu dormir mais um pouco no seu dia de folga e assim que se deitou ao lado da namorada, sentiu a outra moça abraçá-la de forma languida pela cintura e sorriu em resposta.

Ela dormiu por mais uma meia hora, mas logo perdeu o sono e passou os próximos minutos observando o rosto adormecido de Letícia, que tinha uma série de pequenas sardas sobre as bochechas e na ponte do nariz e Mayara se sentiu hipnotizada observando aqueles detalhes no rosto da namorada a ponto de se surpreender quando a outra moça abriu os olhos, encarando-a.

— Bom dia. — Letícia deslizou os dedos com suavidade pelas costas mornas de Mayara, sobre a camiseta fina que a outra usava como pijama e sentiu a moça se arrepiar em resposta.

— Bom dia... Quer ficar mais um pouquinho assim? — ao ouvir a sugestão de Mayara, a outra sorriu e roçou a ponta do nariz contra o da namorada, para em seguida dar um beijo suave na curva do pescoço dela, arrancando um suspiro deliciado.

— Parece uma boa sugestão... Sabe, eu gosto de ficar assim abraçadinha com você. — confessou Mayara ao mesmo tempo em que sentia seu rosto esquentar, pois não era acostumada a ser tão sincera dentro de um relacionamento.

— Eu também. — Letícia respondeu para em seguida abraçar a namorada e fazer um afago nos cabelos macios dela enquanto se maravilhava com a sensação sedosa dos fios entre seus dedos.

— Você tem um cabelo tão lindo... Você é toda linda. — em resposta a morena escondeu o rosto na curva do pescoço da namorada enquanto soltava um risinho envergonhado.

— Para com isso... — “Mas é verdade!” rebateu Letícia rindo e abraçando a outra. Elas ficaram por mais uma hora na cama, trocando pequenos carinhos e palavras gentis, até que o estomago de Mayara roncou, arrancando risos das duas e as obrigando a irem até a cozinha.

***

Joaquim trabalhava só até o meio-dia nos sábados, por isso quando Francisco apareceu buscá-lo para eles irem almoçar, o rapaz ficou quase aliviado. Não que aquele dia tivesse sido muito movimentado, com exceção de datas comemorativas específicas, o movimento na loja era bem tranqüilo, mas sim pelo fato de que por ter tido poucos fregueses, o loiro se dividiu entre terminar um trabalho do curso técnico e se estressar com os preparativos para a “festa de casamento”.

Assim que entrou no carro, Joaquim deixou escapar um suspiro exausto que não passou despercebido pelo namorado, o qual perguntou se havia acontecido alguma coisa estressante na loja.

— Não exatamente... É a coisa do... Casamento. — Joaquim hesitou em falar a ultima palavra, pois tinha receio de estar começando a soar pedante.

— A gente já não conversou sobre isso? Que íamos decidir tudo juntos e com calma? — Francisco observou e apesar dos problemas que passou naquela manhã na editora, ele tentou usar de um tom de voz que esperava soar tranquilizador, afinal, o namorado não tinha culpa. No entanto, não sabia se teria animo para sair aquela noite.

— Eu sei! É só que... Ah sei lá! Eu não consigo parar de pensar que vai dar tudo errado! Desculpa... — “Até porque eu relutei tanto em aceitar o seu pedido...” complementou Joaquim mentalmente.

— A gente vai resolver tudo juntos, com calma, certo? Nem que tenhamos de fazer a recepção lá no nosso apartamento, vai dar tudo certo. — Francisco respondeu de forma um pouco cansada e tal tom de voz não passou despercebido pelo loiro, que achou melhor mudar de assunto.

— Tem razão. Hoje a gente vai sair com o pessoal... Vai ser legal, certo? — perguntou Joaquim meio receoso, recebendo em resposta um resmungo positivo pouco articulado, o que o fez se calar novamente.

O silencio pesado caiu entre os dois no carro e enquanto eles entravam no estacionamento do apartamento, Joaquim tentou uma ultima vez.

— Como foi o trabalho hoje? — ao que viu Francisco suspirar cansado antes de responder que havia sido “bem exaustivo” e que “se eu pudesse escolher, eu não saia hoje”.

— Ah, entendi. — o loiro respondeu meio chateado e se calou de novo, mantendo o estado de silencio mesmo após entrarem no apartamento.

***

— Lê, posso usar um pouco do seu perfume? — Mayara havia trazido aquele vestido com estampa de morangos que Diego tinha lhe dado e após vesti-lo, agora se ocupava em trançar o cabelo e após ouvir uma resposta positiva da namorada, espirrou algumas borrifadas de perfume na curva do pescoço e no interior dos pulsos.

— Você ta muito linda nesse vestido, sabia? — viu o reflexo de Letícia no espelho e experimentou a sensação extasiante quando ela lhe deu um beijo suave na curva do seu pescoço.

— Você também ta linda. — respondeu enquanto se virava para olhar a namorada, que trajava uma jardineira jeans curta, com uma camiseta justa por baixo. Mas ela mal terminou a frase e ouviu Letícia contestá-la, dizendo “Não precisa fingir, você já me conquistou”.

— Eu não estou fingindo. Você ta linda... Aprende a aceitar um elogio! — em seguida Mayara deu um tapa leve no traseiro da outra moça, que soltou uma gargalhada alta em resposta e a abraçou pela cintura.

— Tá bom, você venceu meu bem, batatas fritas. Agora vamos que já estamos atrasadas. — ao que Mayara rebateu com “somos brasileiras, chegar um pouco atrasado é parte da etiqueta”, o que causou outra explosão de riso por parte de Letícia.

***

— Quim, você não vai se aprontar pra gente sair? — Francisco havia acabado de sair do banho e entrava na sala, secando os cabelos quando viu o loiro, que vestia um moletom velho e estava instalado no sofá, em frente a tevê zapiando de um canal para o outro com uma expressão desanimada no rosto.

Ao ouvir o namorado, ele apenas ergueu os grandes olhos claros e o encarou por alguns segundos, para então voltar a encarar a tevê com uma expressão apática e quando Francisco tentou fazer um afago em seus cabelos, Joaquim afastou a cabeça em um gesto lento.

— O Que houve? Você ta assim desde que a gente chegou em casa? — Francisco se sentou no sofá, mantendo uma distância breve entre eles e viu o namorado suspirar cansado antes de responder.

— Você não ta a fim de sair, né? E tá exausto e hoje o dia na editora foi cansativo, apenas de você não ter conversado sobre isso comigo e já deve estar de saco cheio de eu ficar falando dessa porcaria de festa de casamento idiota... Então acho que não vou “me aprontar pra sair” coisa nenhuma. — Joaquim não sabia explicar, mas se sentia amargo e deprimido e com a impressão de que vinha sendo um incomodo para o namorado, mas não tinha coragem de colocar aquilo em palavras.

— Eu falei aquilo por impulso, não tava falando sério... Vem, vai lá tomar um banho e a gente sai. — Francisco fez um agrado na mão do namorado e ficou feliz de ver que o outro não recuou ao toque.

— Parece que essa coisa toda de casamento ta virando uma obsessão pra mim, eu! Que até alguns meses vivia recusando quando você sugeria! E não é só isso... Eu acabei impondo à você de sair hoje e... É melhor eu calar a boca antes que acabe falando mais alguma bobagem. — declarou o loiro, para em seguida mudar de canal mais uma vez.

— Continue falando. Eu não acho que nada do que você diz é bobagem. — Francisco se viu sob analise daquelas belas íris claras enquanto o namorado permanecia em silencio. Aquele tipo de comportamento não era incomum por parte de Joaquim. Por conta de toda a repressão que sofreu no relacionamento anterior, ele montava verdadeiros cenários cruéis na própria cabeça e então em certo momento, acabava aceitando que eram reais.

 — Você quer mesmo ir? — Francisco estava realmente exausto, tinha ido para a editora no seu dia de folga para resolver um problema causado por outra pessoa, passou horas em uma ligação com a gráfica responsável pelo pedido e no fim só conseguiu resolver metade da situação, mas, eles saiam tão pouco e viam os amigos com ainda menos freqüência e claro, havia Joaquim, o qual ele queria fazer feliz.

— Claro. Que tal você ir tomar um banho e a gente vai indo? — Francisco beijou o namorado na testa e então nos lábios com carinho, se surpreendendo quando o loiro aprofundou o beijo por alguns segundos antes de se afastar e seguir para o banheiro.

***

— Marcelo! Você viu aquele meu par de meias azul-marinho? — O dia tinha passado rápido e agora já era fim de tarde e naquele momento, Diego andava pela casa descalço, com a camisa semi abotoada e metade do cinto passado pelo cós da calça.

— Não ta na roupa lavada? Eu recolhi hoje de manhã. — o marido respondeu ao mesmo tempo em que ajudava Paulo a montar a mochila que levaria para passar a noite na cada de Lola e Joana.

— Certo; certo. Você não vai se trocar? A gente ainda tem de deixar o Paulo lá antes de irmos pro barzinho. Paulo, leve só um brinquedo, o dinossauro ou o homem-aranha. — o menino, que segurava um brinquedo em cada mão, parou e encarou o irmão com uma expressão séria, para em seguida se ocupar em decidir qual brinquedo iria deixar em casa.

— Eu tou ajudando o Paulo com a mochila, mas minha roupa ta em cima da cama, eu já vou me trocar. — Marcelo olhou para o menino, que após um longo minuto resolveu deixar o herói aracnídeo em cima da cama. Ultimamente ele vinha demonstrando mais interesse por dinossauros e menos pelo super herói.

— Então vá se trocar, por favor, Paulo, quer comer alguma coisa antes de a gente ir? A hora é agora. — Enquanto entrava no próprio quarto, Marcelo ouviu o menino dizer que queria um “leite de morango” e sorriu, pensando que algumas coisas não mudaram. Diego gritou da sala que tinha encontrado as meias, ao que o outro respondeu com “que bom, eu também já estou quase pronto!”.

— Vamos lá então. Paulo, você fez xixi antes da gente sair? Ótimo. Agora escute bem, mocinho. Obedeça a Lola e a Joana, não dê trabalho pra elas viu? As duas já são idosas e elas não podem fazer muito esforço. — Diego disse, enquanto olhava para trás por cima do banco do passageiro e Marcelo quando olhou para o menino pelo retrovisor, o viu concordando com um meneio de cabeça enquanto exibia uma expressão assustada e olhos arregalados.

— Di, você ta assustando ele. Olha Paulo, a gente sabe que você é um bom menino e elas vão adorar ter você lá, então só seja como você sempre é em casa e vai dar tudo certo, ta? — em resposta ele viu o menino relaxar e sorrir, mas ao mesmo tempo Marcelo sentiu um olhar repreensivo vindo do marido.

***

Mesmo apesar do pequeno atraso para saírem de casa, Francisco e Joaquim foram os primeiros a chegar ao barzinho, mas agora eles estavam meio deslocados sentados perto da mesinha de madeira na calçada do bar, esperando a chegada dos outros.

— Acho que a gente chegou cedo demais... — o loiro comentou chateado ao mesmo tempo em que apoiava o queixo na mão e olhava para todas aquelas pessoas nas outras mesas e em frente dos demais barzinhos. Ele estava ficando desconfortável, mas antes que Francisco dissesse algo, uma voz gritou “Fofinho!” e ao erguer o olhar, Joaquim sorriu.

Vindo pela calçada, usando um vestido florido e rodado e sobre um par de saltos escuros, vinha Darcy, os longos cabelos loiros esvoaçando contra o vento enquanto ela atraia a atenção dos demais frequentadores do bar conforme passava. Ela se aproximou e o abraçou apertado o bastante para fazer o loiro sentir que o ar estava escapando de seus pulmões.

— Fran querido. — ela beijou o amigo no rosto e se sentou em uma das cadeiras próximas da mesa e em seguida encarou Joaquim por alguns segundos, fazendo o rapaz perguntar se havia algo errado.

— Pelo contrário fofinho, eu estou feliz de rever vocês. — Darcy chamou o garçom e pediu alguns drinques, ao que Francisco informou que não ia beber álcool, pois voltaria dirigindo e pediu um suco.

— Olha só, o Sr. Responsável. — a loira comentou rindo baixinho e ao ouvi-la, Joaquim se sentiu menos chateado, ao mesmo tempo em que por baixo da mesa, segurava a mão do namorado.

— Mas então, como estão as coisas? — Darcy perguntou, mas antes que eles pudessem responder, os outros quatro amigos chegaram. Mayara estava deslumbrante naquele vestido com estampas de pequenos morangos e Letícia parecia jovial usando uma jardineira jeans curta. Mas Joaquim não precisou de mais do que uma olhada rápida em Diego e Marcelo para ver que os ânimos ali estavam mexidos.

— Que bom que vocês vieram! Pessoal, essa aqui é a Darcy, ela era... Amiga de colégio do Francisco, a gente se conheceu a algumas semanas numa festa. Darcy, estas são Mayara e a namorada, Letícia, as mães da Mayara são donas da loja de sabonetes onde eu trabalho e eles são Marcelo e o marido, Diego. O Marcelo também é um amigo de longa data do Francisco. — Darcy os cumprimentou de forma efusiva, abraçando cada um e em seguida sugerindo que se sentassem perto da mesa.

Eles pediram os drinques e conversaram sobre assuntos diversos, mas Joaquim podia notar que as coisas estavam tensas entre os dois amigos e se culpou por não poder tornar o clima mais ameno.

— Ai que maravilha, as bebidas chegaram! — anunciou Darcy, que estava sentada ao lado de Mayara e Letícia e apesar de disfarçar, ela também notou que o outro casal estava brigado.

Seria uma noite bem... Interessante.

 

Continua...

 

Nota da autora:

Bom, vamos por partes.

Para quem está lendo este capítulo na semana do dia 31/05/2025, eu peço desculpas pelo hiato de mais de um mês na atualização, nem conto para vocês o tanto que eu me cobro por não conseguir postar os capítulos no prazo que eu estipulei. Enfim, esses pedidos de desculpa estão quase virando uma constante nas notas finais, mas não tem muito que eu possa fazer.

Também quero agradecer aqui a todas as pessoas que continuam acompanhando esse projeto há cinco anos, mesmo que não deixem comentários, saber que vocês ainda acompanham a história me deixa muito feliz. Obrigada.

Agora sobre este capitulo, começamos vendo o estrago que o pai da Agatha fez no emocional da menina, eu pesquisei e sim, a criança pode se recusar a ir com o pai/mãe separado se ela quiser. Não existe lei que obrigue a criança a ter de ir, se ela disser que não quer. Claro que depois, o lado que tem a custodia, precisa prestar contas ao juiz, mas por hora, a cena é baseada em informações reais.

Daí tivemos um pouco dos outros casais e mais um pouco do estrago que o relacionamento abusivo pelo qual o Joaquim esteve no passado causou na cabeça do rapaz. Porque é aquela coisa, relacionamento abusivo não é só violência física, mas também é muita violência emocional/psicológica. E também tivemos a Darcy fez sua segunda aparição, eu gosto muito de escrever ela, uma das personagens mais animadas e gentis.

Apesar de eu ter uma estrutura base do roteiro, os capítulos desta história acabam sendo desenvolvidos de uma forma mais livre, por ser cotidiano.

Espero que você que ainda está acompanhando esteja gostando e aqui vai um agradecimento para Lucienerdepaulo, que vem lendo um capítulo por dia – se você não desistiu e chegou até aqui, muito obrigada.

Até o próximo capítulo,

Perséfone Tenou.

 

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