sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Lar é onde o coração está - Capítulo 35

  

Assim que fechou com chave a porta do quarto, Diego sentiu que podia finalmente satisfazer aquele desejo que vinha negligenciando há mais de uma semana. Afinal, sabia o quanto Marcelo também sentia falta de um contato mais intimo, no entanto, com tudo o que aconteceu envolvendo Paulo, ele não sentia a menor vontade de fazer nada.

Experimentou a sensação do braço morno de Marcelo envolver sua cintura e os lábios macios depositarem beijos suaves na curva do seu pescoço, fazendo-o suspirar deliciado. Virou-se dentro do abraço e beijou o outro nos lábios com urgência e desejo, sentindo a mão firme dele deslizando por sob sua camiseta e então a arrancando pela cabeça, num movimento rápido.

Deixou-se ser prensado contra a parede enquanto sentia as demais peças de roupa ser removidas de seu corpo, enquanto dava um risinho silencioso, pois estava achando a ânsia do outro, algo meio divertido.

Foi puxado com gentileza até a cama e deixou-se ser empurrado com leveza sobre o colchão, observando o outro se despir com urgência e logo se juntar a ele, depositando beijos suaves na curva do seu pescoço e tórax e aos poucos trilhando para o sul do seu corpo.

Diego arriscava dizer que como casal, eles tinham um apetite sexual bem dentro da média, mas naquela noite estava se surpreendendo com quão ansioso Marcelo parecia estar para prová-lo por completo. Quando sentiu os lábios mornos dele tocarem a ponta da sua rigidez, suspirou e jogou a cabeça para trás, deliciado.

Apesar de ser constantemente assombrado pelo fantasma da ansiedade, que vivia enfiando na sua cabeça que um dia Marcelo iria se cansar e o abandonaria, as ações do outro para com ele serviam como uma confirmação do contrário. Em todo o tempo que se conheciam, seis anos de namoro e um de casamento, Marcelo jamais tentou forçá-lo ou impor seu desejo sobre ele e este era um dos motivos pelos quais Diego o amava. O outro o respeitava como igual.

Teve sua atenção trazida de volta quando foi engolfado de surpresa pela cavidade úmida e morna que era a boca do parceiro, o que fez ofegar baixinho e comprimir as pálpebras. A felação durou alguns minutos e então parou de repente, deixando-o dolorosamente excitado e em riste. Diego podia sentir-se pulsar, mas ao olhar para o marido, viu que ele exibia um pequeno sorriso provocador e sentiu suaves beijos serem depositados no interior de suas coxas e nas curvas da virilha, trilhando cada vez mais para baixo, até que, com um gesto cuidadoso, Marcelo o fez ficar de bruços e ele sentiu a quentura úmida da língua do outro na sua entrada secreta.

Tal ato fez com que sufocasse um gemido mais vocálico e ofegasse com mais velocidade, ao mesmo tempo em que enchia as mãos com os lençóis abaixo de si. Era uma caricia morna e persistente e que deixou a dor da ereção que sentia pressionada contra os lençóis, quase insuportável e alguns bons minutos depois, ele já estava pedindo alivio.

– Marcelo... Eu não aguento mais... – disse num sussurro por entre a respiração ofegante e descompassada e em resposta, viu o outro alcançar na gaveta da mesinha de cabeceira o tudo de lubrificante e alguns preservativos. Diego queria ter estendido as preliminares por mais tempo, mas, não sabia se teria conseguido se manter firme por mais tempo.

Sentiu o roçar suave da rigidez contra sua entrada pulsante e então uma invasão lenta e cuidadosa, para a qual elevou os quadris. Provou então o peso macio do corpo do marido sobre o seu e o hálito morno contra seu ouvido direito, enquanto ele sussurrava.

– Eu te amo. – mas antes que pudesse responder, provou a sensação de ser preenchido, ao mesmo tempo em que sentia as mãos mornas do outro segurar seus quadris, iniciando uma serie de movimentos cadenciados e constantes e em resposta, estendeu a mão direita para o próprio membro rijo e iniciou uma masturbação lenta.

Fizeram amor sem pressa, parando para se beijarem ou trocar de posição durante o ato, terminando algum tempo depois, ambos ofegantes, suados e exibindo largos sorrisos de satisfação nos rostos.

Estava deitado ao lado de Diego e observou o rosto bonito dele. As pálpebras estavam fechadas e havia uma fina camada de suor por sobre a pele macia do rosto e em um impulso, Marcelo o beijou nos lábios de uma forma quase casta, fazendo com que o outro abrisse os olhos e o encarasse, para em seguida sorrir.

– Eu também... – sussurrou em resposta a declaração feita mais cedo, para em seguida fechar os olhos novamente. O dia havia sido exaustivo e aquela pequena maratona que tinham feito, foi a gota que faltava para Diego se entregar ao sono. Adormeceu com um sorriso satisfeito no rosto e por enquanto, sem qualquer pensamento intrusivo perturbador em mente.

Marcelo, após descartar os produtos usados, deixou o outro dormir e foi até a sala, ver alguma coisa na tevê. Antes, deu uma espiada em Paulo, que dormia esparramado na cama, uma perna pendurada para fora, o pé quase tocando o chão. O rapaz sorriu e fechou com cuidado a porta do quarto do menino. Ele também tinha apagado como uma vela.

Ligou a tevê e começou a assistir a um filme antigo em preto-e-branco.

***

Do outro lado da cidade, no apartamento de Francisco e Joaquim, o loiro estava tendo um pesadelo. Fugia de alguém por um longo corredor sem fim, não sabia quem era seu perseguidor, mas tinha certeza de que se o alcançasse, seria fatal. Continuava correndo, até que se deparou com uma parede. Era o fim do caminho. A pessoa misteriosa se aproximava cada vez mais e foi então que ele sentiu algo afiado encostar contra sua bochecha direita e a voz dizer: “Você não pode fugir de mim, Quinzinho”.

Acordou coberto de suor frio e com a respiração acelerada e descompassada. Ao seu lado, Francisco dormia tranquilo, um braço languidamente envolvendo sua cintura. Joaquim respirou fundo e tentou se acalmar, afinal, havia sido só um pesadelo e não poderia machucá-lo. Mesmo assim, levantou da cama com cuidado, removendo o braço do namorado de sua cintura com carinho e foi até a cozinha, pegar um copo de água.

Não pensava naquela pessoa há anos! Desde que tinha conhecido Francisco. Mas ainda tinha a marca que ex fizera em suas costas com um estilete. O cara o marcou como se ele fosse um gado, escreveu a primeira letra do nome na suas costas, na altura dos quadris, certa madrugada após terem tido uma discussão feia. Foi a gota que faltava e Joaquim deu um jeito de abandoná-lo.

Então, por que teve de sonhar com ele justo agora que sua vida finalmente estava entrando nos eixos? Será que aquele desgraçado nunca ia deixá-lo em paz? As perguntas continuavam borbulhando em sua cabeça enquanto enchia um copo de água gelada e encostava-o com suavidade na têmpora direita. Não conseguia beber, sua garganta estava seca e ele precisava hidratá-la, mas a sensação era que todo o canal tinha fechado.  

Pensou em ligar a tevê, mas não queria acordar o namorado. O livro que estava lendo ficou na mesinha de cabeceira, não conseguia comer e nem beber nada, por fim, decidiu tomar um banho.

Enquanto estava debaixo do chuveiro, pensou em como tinha se envolvido com aquele psicopata que fez da sua vida um inferno e a única conclusão que chegou era de que na época ele era jovem e burro o bastante para se deixar conquistar por um rosto bonito e uma atitude rebelde.

Estava com a testa encostada contra os azulejos do box, quando ouviu duas batidas curtas na porta, seguidas da voz de Francisco, perguntando se ele estava bem. Respondeu que sim e fechou o chuveiro, saindo e enrolando uma toalha na cintura. Ao abrir a porta, encontrou o namorado parado em pé com uma expressão preocupada e se incomodou, afinal não estava no banho há mais de... Uma hora!

Se surpreendeu quando conferiu o horário no rádio-relógio na sua mesinha de cabeceira.

– Eu vi que você levantou, mas resolvi não ir atrás, achei melhor te deixar um pouco sozinho. Então te ouvi tomar banho, mas passou muito e você não saia, então eu comecei a ficar preocupado, de que você tivesse, sei lá, passado mal ai dentro... – viu o outro fazer um gesto em direção ao banheiro para em seguida ir atrás dele até o quarto.

– Tá tudo bem... Eu, só tive um pesadelo e achei que tomar um banho ia me ajudar, mas acho que perdi a noção do tempo lá dentro. – forçou um risinho que saiu meio sem graça, enquanto pegava uma muda de roupa na cômoda.

– Você quer... Conversar sobre isso? – estava terminando de vestir o pijama quando olhou para a porta do quarto e viu o namorado ali em pé. Francisco sempre parecia tão confiante e seguro, com aqueles olhos castanhos e o bigode bem aparado, mas naquele momento Joaquim pode ver medo no rosto do outro, preocupação e um pouco de insegurança.

– Eu tive um pesadelo com o meu ex, sobre aquele dia em que ele... Você sabe... Em mim... – disse enquanto apontava para as próprias costas, recebendo em resposta um olhar surpreso e horrorizado por parte do namorado.

– Entendo. Tem algo que eu possa fazer? – o loiro sorriu de forma genuína e estendeu uma das mãos num convite silencioso para Francisco, que se aproximou, segurando aquela mão macia na sua.

– Que tal deitar do meu lado na cama e me abraçar até eu dormir de novo? – o peso e o calor morno do corpo de Francisco ás suas costas causaram um efeito mágico e logo Joaquim estava dormindo de novo. No entanto, o editor permaneceu acordado mais algum tempo, pensando em como poderia fazer o fantasma daquele cara abusivo desaparecer da vida do namorado.

***

Domingo de manhã e Mayara já sofria as cobranças das mães. Lola e Joana a inquiriam a convidar Letícia para o almoço naquele dia, afinal elas queriam saber mais sobre a namorada da filha, mesmo que a moça dissesse que elas não oficializaram o relacionamento.

– Querida, isso é só um detalhe! Dá pra ver que vocês se gostam, você fica toda radiante sempre que ela aparece! – declarou Lola enquanto servia café para as três em xícaras de porcelana cor de rosa.

– Sua mãe está certa, Mayara, nós estamos muito felizes de você ter encontrado uma garota como a Letícia. – Joana comentou com a xícara de café a meio caminho da boca. Ela vinha se recuperando bem do infarto, mas Lola ainda a impedia de ir até a loja de sabonetes, “Temos o Joaquim lá, o garoto trabalha bem, então não precisa se preocupar”, era o que ela dizia sempre que a esposa fazia menção de sair.  

Mayara riu e deu uma mordida numa torrada com manteiga. Tinha tentado explicar algumas vezes para as mães que ela era demissexual, Lola até fez esforço para entender, mas Joana não conseguiu nem passar da definição básica. Mesmo assim, as duas respeitavam a filha e jamais fizeram qualquer tipo de comentário sobre a falta de relacionamentos românticos da moça. Até chegar Letícia.

– Tá bem, eu vou ligar pra ela, mas não prometo nada! – terminou o café e subiu para o quarto, onde realmente ligou para a outra, que para sua surpresa, atendeu no segundo toque.

– May, tudo bem? – cada dia que passava, Mayara gostava mais de Letícia, estavam saindo há quase seis meses e após toda a situação com sua mãe Joana e o apoio que a outra moça lhe deu, seus sentimentos por ela só tinham aumentado.

– Oi, tudo. Eu tou ligando por quê... Bom, vou ser sincera aqui! As minhas mães tão me deixando maluca porque querem que você venha almoçar hoje aqui em casa. Mas, tá tudo bem se você não...

– Eu topo! – a moça se surpreendeu com a resposta abrupta da outra, mas sorriu e confirmou o horário.

Quando desligou, Letícia sentia-se animada. Estava há quase seis meses sem ter qualquer contato físico mais direto com alguém, desde que conheceu Mayara, mas não se sentia frustrada, pois tinha decidido que esperaria até que a outra se sentisse confortável com ela.

Estava sendo uma experiência diferente, namorar uma garota demissexual, quer dizer, ela já chamava de namoro, apesar de Mayara ter dito que precisava que tivesse paciência com ela. E Letícia teria.

Naquela tarde, por volta do meio-dia e meia, ela estacionou na frente da casa da outra e antes de descer do carro, conferiu pelo retrovisor se seu cabelo estava bem penteado, se não havia batom no dente, se estava tudo certo.

Quando tocou a campainha, logo foi recebida por Lola, que exibia um sorriso maternal contagiante e que a puxou para dentro com “venha, que o almoço logo estará pronto”. A outra mãe de Mayara, Joana, lhe fez sala até a moça aparecer. Letícia perguntou se a mulher se sentia melhor e a ouvir dizer que “caminhão velho é essas coisas, filha, sempre tem alguma coisa enguiçando” e em seguida ela soltou uma alta gargalhada que foi repreendida por Lola.

E então Mayara apareceu. Estava usando uma jeans justa e uma camiseta simples, o cabelo longo e negro preso em uma trança bem feita que caía com graça pelo ombro direito. Ao ver Letícia, a moça sorriu tímida.

O almoço correu com tranquilidade, elas conversaram sobre a loja de sabonetes, o garotinho que Mayara tomava conta, Paulo e por fim, sobre o horrível desgoverno atual. Joana foi ficando irritada até chegar num ponto em que tanto Mayara quanto Lola tiveram de aclamá-la.

– Mãe, você já teve um infarto! Não vai querer ter outro né? – Mayara disse enquanto segurava com carinho, o pulso da mulher, que bufou em resposta e disse vencida.

– Eu sei minha filha, mas eu fico fula da vida vendo esse peru depenado fazer todos esses absurdos com o país! – se tinha alguma coisa que fez Letícia gostar ainda mais das mães de Mayara, foi o ódio delas pelo atual “presidente do Brasil”.

Após a sobremesa e um café, Letícia informou que precisava ir, pois tinha algumas coisas para terminar em casa, mas agradeceu o convite e elogiou os dotes culinários de Lola e fez alguns comentários positivos sobre Joana, deixando ambas flutuando no teto, tamanho estava o inchaço dos egos.

Mayara a acompanhou até a porta, mas antes que pudesse sair, Letícia sentiu seu pulso ser seguro com gentileza e ao olhar para trás, viu que a outra moça lhe sorria de forma tímida enquanto se aproximava. Mayara era um pouco mais alta e por isso precisou abaixar um pouquinho, mas, não era nada que a atrapalhasse de tomar com os seus, os lábios de Letícia em um beijo longo e caloroso.

Podia sentir o perfume do shampoo dela e a maciez morna da pele delicada dos lábios contra os seus e então, experimentou o entreabrir delicado e o toque acetinado da língua morna da moça, brevemente durante o beijo. Quando se afastaram, o coração de Letícia batia tão forte que parecia querer sair pela boca e pode ver que o rosto de Mayara estava levemente corado.

– Eu gosto muito de você. – disse por fim, enquanto estendia a mão para a maçaneta da porta. Não esperava uma resposta, pois como disse quando se conheceram, não tinha pressa, mas se surpreendeu ao ouvir a outra moça dizer.

– Eu também. –saiu da casa sentindo como se estivesse caminhando nas nuvens, tinha sido só um beijo, não, na verdade tinha sido “O” beijo. E por uma mulher como Mayara, ela esperaria o tempo que fosse preciso.

Continua...

Notas da autora:

Oi gente!

*Pra quem está lendo este capítulo quando ele foi lançado, peço desculpas mais uma vez (isso tá se tornando uma constante ¬¬), mas é que eu estava muito desanimada nas últimas semanas para escrever e para fazer qualquer outra coisa também. Mas adianto que, por mais que eu demore, eu nunca abandono uma história que comecei a escrever.

Agora, vamos ao capitulo!

Tivemos a lemon do Marcelo com o Diego (e eu tentei arriscar uma prática sexual que me foi pedida por uma pessoa num comentário – aguardem que vai ter cenas melhores no futuro), também descobrimos um pouco mais sobre o passado conturbado do Joaquim (eu vou falar mais do ex dele no futuro e claro, vai ter a volta do ex do Francisco, lembram dele?) e por fim, o primeiro beijo da Mayara com a Letícia! E as fofas da Joana e da Lola sendo super mães.

Bom, eu espero que vocês estejam gostando desta história e eu vou perguntar mais uma vez, vocês querem que eu estenda a narrativa para os próximos anos (porque a história se passa em 2019), se nenhum leitor se manifestar, essa história vai terminar dentro do a no em que está sendo escrita.

Ah, falando em ano, dia 08/08, dia dos pais, fez 01 ano que eu estou escrevendo esta história! E você acredita que ela era pra ser uma oneshot comemorativa de dia dos pais? E olha onde estamos! Capítulo 35!

Mas, então é isso! Obrigada por ler até aqui, por favor, não se esqueça de deixar um comentário, eles são muito importantes para eu saber a opinião de vocês e claro, que eu tenho leitores acompanhando.

Prometo me esforçar para voltar a atualizar a história semanalmente.

Até o próximo capítulo!

Perséfone Tenou.

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