Assim que fechou com
chave a porta do quarto, Diego sentiu que podia finalmente satisfazer aquele
desejo que vinha negligenciando há mais de uma semana. Afinal, sabia o quanto
Marcelo também sentia falta de um contato mais intimo, no entanto, com tudo o
que aconteceu envolvendo Paulo, ele não sentia a menor vontade de fazer nada.
Experimentou a sensação do
braço morno de Marcelo envolver sua cintura e os lábios macios depositarem
beijos suaves na curva do seu pescoço, fazendo-o suspirar deliciado. Virou-se
dentro do abraço e beijou o outro nos lábios com urgência e desejo, sentindo a
mão firme dele deslizando por sob sua camiseta e então a arrancando pela
cabeça, num movimento rápido.
Deixou-se ser prensado
contra a parede enquanto sentia as demais peças de roupa ser removidas de seu
corpo, enquanto dava um risinho silencioso, pois estava achando a ânsia do
outro, algo meio divertido.
Foi puxado com gentileza
até a cama e deixou-se ser empurrado com leveza sobre o colchão, observando o
outro se despir com urgência e logo se juntar a ele, depositando beijos suaves
na curva do seu pescoço e tórax e aos poucos trilhando para o sul do seu corpo.
Diego arriscava dizer que
como casal, eles tinham um apetite sexual bem dentro da média, mas naquela
noite estava se surpreendendo com quão ansioso Marcelo parecia estar para
prová-lo por completo. Quando sentiu os lábios mornos dele tocarem a ponta da
sua rigidez, suspirou e jogou a cabeça para trás, deliciado.
Apesar de ser
constantemente assombrado pelo fantasma da ansiedade, que vivia enfiando na sua
cabeça que um dia Marcelo iria se cansar e o abandonaria, as ações do outro
para com ele serviam como uma confirmação do contrário. Em todo o tempo que se
conheciam, seis anos de namoro e um de casamento, Marcelo jamais tentou
forçá-lo ou impor seu desejo sobre ele e este era um dos motivos pelos quais
Diego o amava. O outro o respeitava como igual.
Teve sua atenção trazida
de volta quando foi engolfado de surpresa pela cavidade úmida e morna que era a
boca do parceiro, o que fez ofegar baixinho e comprimir as pálpebras. A felação
durou alguns minutos e então parou de repente, deixando-o dolorosamente
excitado e em riste. Diego podia sentir-se pulsar, mas ao olhar para o marido,
viu que ele exibia um pequeno sorriso provocador e sentiu suaves beijos serem
depositados no interior de suas coxas e nas curvas da virilha, trilhando cada
vez mais para baixo, até que, com um gesto cuidadoso, Marcelo o fez ficar de
bruços e ele sentiu a quentura úmida da língua do outro na sua entrada secreta.
Tal ato fez com que
sufocasse um gemido mais vocálico e ofegasse com mais velocidade, ao mesmo
tempo em que enchia as mãos com os lençóis abaixo de si. Era uma caricia morna e
persistente e que deixou a dor da ereção que sentia pressionada contra os
lençóis, quase insuportável e alguns bons minutos depois, ele já estava pedindo
alivio.
– Marcelo... Eu não
aguento mais... – disse num sussurro por entre a respiração ofegante e descompassada
e em resposta, viu o outro alcançar na gaveta da mesinha de cabeceira o tudo de
lubrificante e alguns preservativos. Diego queria ter estendido as preliminares
por mais tempo, mas, não sabia se teria conseguido se manter firme por mais
tempo.
Sentiu o roçar suave da
rigidez contra sua entrada pulsante e então uma invasão lenta e cuidadosa, para
a qual elevou os quadris. Provou então o peso macio do corpo do marido sobre o
seu e o hálito morno contra seu ouvido direito, enquanto ele sussurrava.
– Eu te amo. – mas antes
que pudesse responder, provou a sensação de ser preenchido, ao mesmo tempo em
que sentia as mãos mornas do outro segurar seus quadris, iniciando uma serie de
movimentos cadenciados e constantes e em resposta, estendeu a mão direita para
o próprio membro rijo e iniciou uma masturbação lenta.
Fizeram amor sem pressa,
parando para se beijarem ou trocar de posição durante o ato, terminando algum
tempo depois, ambos ofegantes, suados e exibindo largos sorrisos de satisfação nos
rostos.
Estava deitado ao lado de
Diego e observou o rosto bonito dele. As pálpebras estavam fechadas e havia uma
fina camada de suor por sobre a pele macia do rosto e em um impulso, Marcelo o
beijou nos lábios de uma forma quase casta, fazendo com que o outro abrisse os
olhos e o encarasse, para em seguida sorrir.
– Eu também... –
sussurrou em resposta a declaração feita mais cedo, para em seguida fechar os
olhos novamente. O dia havia sido exaustivo e aquela pequena maratona que
tinham feito, foi a gota que faltava para Diego se entregar ao sono. Adormeceu
com um sorriso satisfeito no rosto e por enquanto, sem qualquer pensamento
intrusivo perturbador em mente.
Marcelo, após descartar
os produtos usados, deixou o outro dormir e foi até a sala, ver alguma coisa na
tevê. Antes, deu uma espiada em Paulo, que dormia esparramado na cama, uma
perna pendurada para fora, o pé quase tocando o chão. O rapaz sorriu e fechou
com cuidado a porta do quarto do menino. Ele também tinha apagado como uma
vela.
Ligou a tevê e começou a
assistir a um filme antigo em preto-e-branco.
***
Do outro lado da cidade,
no apartamento de Francisco e Joaquim, o loiro estava tendo um pesadelo. Fugia
de alguém por um longo corredor sem fim, não sabia quem era seu perseguidor,
mas tinha certeza de que se o alcançasse, seria fatal. Continuava correndo, até
que se deparou com uma parede. Era o fim do caminho. A pessoa misteriosa se
aproximava cada vez mais e foi então que ele sentiu algo afiado encostar contra
sua bochecha direita e a voz dizer: “Você
não pode fugir de mim, Quinzinho”.
Acordou coberto de suor
frio e com a respiração acelerada e descompassada. Ao seu lado, Francisco
dormia tranquilo, um braço languidamente envolvendo sua cintura. Joaquim
respirou fundo e tentou se acalmar, afinal, havia sido só um pesadelo e não
poderia machucá-lo. Mesmo assim, levantou da cama com cuidado, removendo o
braço do namorado de sua cintura com carinho e foi até a cozinha, pegar um copo
de água.
Não pensava naquela
pessoa há anos! Desde que tinha conhecido Francisco. Mas ainda tinha a marca
que ex fizera em suas costas com um estilete. O cara o marcou como se ele fosse
um gado, escreveu a primeira letra do nome na suas costas, na altura dos
quadris, certa madrugada após terem tido uma discussão feia. Foi a gota que
faltava e Joaquim deu um jeito de abandoná-lo.
Então, por que teve de
sonhar com ele justo agora que sua vida finalmente estava entrando nos eixos?
Será que aquele desgraçado nunca ia deixá-lo em paz? As perguntas continuavam
borbulhando em sua cabeça enquanto enchia um copo de água gelada e encostava-o
com suavidade na têmpora direita. Não conseguia beber, sua garganta estava seca
e ele precisava hidratá-la, mas a sensação era que todo o canal tinha fechado.
Pensou em ligar a tevê,
mas não queria acordar o namorado. O livro que estava lendo ficou na mesinha de
cabeceira, não conseguia comer e nem beber nada, por fim, decidiu tomar um
banho.
Enquanto estava debaixo
do chuveiro, pensou em como tinha se envolvido com aquele psicopata que fez da
sua vida um inferno e a única conclusão que chegou era de que na época ele era
jovem e burro o bastante para se deixar conquistar por um rosto bonito e uma
atitude rebelde.
Estava com a testa
encostada contra os azulejos do box, quando ouviu duas batidas curtas na porta,
seguidas da voz de Francisco, perguntando se ele estava bem. Respondeu que sim
e fechou o chuveiro, saindo e enrolando uma toalha na cintura. Ao abrir a
porta, encontrou o namorado parado em pé com uma expressão preocupada e se
incomodou, afinal não estava no banho há mais de... Uma hora!
Se surpreendeu quando
conferiu o horário no rádio-relógio na sua mesinha de cabeceira.
– Eu vi que você
levantou, mas resolvi não ir atrás, achei melhor te deixar um pouco sozinho.
Então te ouvi tomar banho, mas passou muito e você não saia, então eu comecei a
ficar preocupado, de que você tivesse, sei lá, passado mal ai dentro... – viu o
outro fazer um gesto em direção ao banheiro para em seguida ir atrás dele até o
quarto.
– Tá tudo bem... Eu, só
tive um pesadelo e achei que tomar um banho ia me ajudar, mas acho que perdi a
noção do tempo lá dentro. – forçou um risinho que saiu meio sem graça, enquanto
pegava uma muda de roupa na cômoda.
– Você quer... Conversar
sobre isso? – estava terminando de vestir o pijama quando olhou para a porta do
quarto e viu o namorado ali em pé. Francisco sempre parecia tão confiante e
seguro, com aqueles olhos castanhos e o bigode bem aparado, mas naquele momento
Joaquim pode ver medo no rosto do outro, preocupação e um pouco de insegurança.
– Eu tive um pesadelo com
o meu ex, sobre aquele dia em que ele... Você sabe... Em mim... – disse
enquanto apontava para as próprias costas, recebendo em resposta um olhar
surpreso e horrorizado por parte do namorado.
– Entendo. Tem algo que
eu possa fazer? – o loiro sorriu de forma genuína e estendeu uma das mãos num
convite silencioso para Francisco, que se aproximou, segurando aquela mão macia
na sua.
– Que tal deitar do meu
lado na cama e me abraçar até eu dormir de novo? – o peso e o calor morno do
corpo de Francisco ás suas costas causaram um efeito mágico e logo Joaquim
estava dormindo de novo. No entanto, o editor permaneceu acordado mais algum
tempo, pensando em como poderia fazer o fantasma daquele cara abusivo
desaparecer da vida do namorado.
***
Domingo de manhã e Mayara
já sofria as cobranças das mães. Lola e Joana a inquiriam a convidar Letícia
para o almoço naquele dia, afinal elas queriam saber mais sobre a namorada da
filha, mesmo que a moça dissesse que elas não oficializaram o relacionamento.
– Querida, isso é só um
detalhe! Dá pra ver que vocês se gostam, você fica toda radiante sempre que ela
aparece! – declarou Lola enquanto servia café para as três em xícaras de
porcelana cor de rosa.
– Sua mãe está certa,
Mayara, nós estamos muito felizes de você ter encontrado uma garota como a
Letícia. – Joana comentou com a xícara de café a meio caminho da boca. Ela
vinha se recuperando bem do infarto, mas Lola ainda a impedia de ir até a loja
de sabonetes, “Temos o Joaquim lá, o
garoto trabalha bem, então não precisa se preocupar”, era o que ela dizia
sempre que a esposa fazia menção de sair.
Mayara riu e deu uma
mordida numa torrada com manteiga. Tinha tentado explicar algumas vezes para as
mães que ela era demissexual, Lola até fez esforço para entender, mas Joana não
conseguiu nem passar da definição básica. Mesmo assim, as duas respeitavam a
filha e jamais fizeram qualquer tipo de comentário sobre a falta de
relacionamentos românticos da moça. Até chegar Letícia.
– Tá bem, eu vou ligar
pra ela, mas não prometo nada! – terminou o café e subiu para o quarto, onde
realmente ligou para a outra, que para sua surpresa, atendeu no segundo toque.
– May, tudo bem? – cada
dia que passava, Mayara gostava mais de Letícia, estavam saindo há quase seis
meses e após toda a situação com sua mãe Joana e o apoio que a outra moça lhe
deu, seus sentimentos por ela só tinham aumentado.
– Oi, tudo. Eu tou
ligando por quê... Bom, vou ser sincera aqui! As minhas mães tão me deixando
maluca porque querem que você venha almoçar hoje aqui em casa. Mas, tá tudo bem
se você não...
– Eu topo! – a moça se
surpreendeu com a resposta abrupta da outra, mas sorriu e confirmou o horário.
Quando desligou, Letícia
sentia-se animada. Estava há quase seis meses sem ter qualquer contato físico
mais direto com alguém, desde que conheceu Mayara, mas não se sentia frustrada,
pois tinha decidido que esperaria até que a outra se sentisse confortável com
ela.
Estava sendo uma
experiência diferente, namorar uma garota demissexual, quer dizer, ela já
chamava de namoro, apesar de Mayara ter dito que precisava que tivesse
paciência com ela. E Letícia teria.
Naquela tarde, por volta
do meio-dia e meia, ela estacionou na frente da casa da outra e antes de descer
do carro, conferiu pelo retrovisor se seu cabelo estava bem penteado, se não
havia batom no dente, se estava tudo certo.
Quando tocou a campainha,
logo foi recebida por Lola, que exibia um sorriso maternal contagiante e que a
puxou para dentro com “venha, que o
almoço logo estará pronto”. A outra mãe de Mayara, Joana, lhe fez sala até
a moça aparecer. Letícia perguntou se a mulher se sentia melhor e a ouvir dizer
que “caminhão velho é essas coisas,
filha, sempre tem alguma coisa enguiçando” e em seguida ela soltou uma alta
gargalhada que foi repreendida por Lola.
E então Mayara apareceu.
Estava usando uma jeans justa e uma camiseta simples, o cabelo longo e negro
preso em uma trança bem feita que caía com graça pelo ombro direito. Ao ver
Letícia, a moça sorriu tímida.
O almoço correu com
tranquilidade, elas conversaram sobre a loja de sabonetes, o garotinho que
Mayara tomava conta, Paulo e por fim, sobre o horrível desgoverno atual. Joana
foi ficando irritada até chegar num ponto em que tanto Mayara quanto Lola
tiveram de aclamá-la.
– Mãe, você já teve um
infarto! Não vai querer ter outro né? – Mayara disse enquanto segurava com
carinho, o pulso da mulher, que bufou em resposta e disse vencida.
– Eu sei minha filha, mas
eu fico fula da vida vendo esse peru depenado fazer todos esses absurdos com o
país! – se tinha alguma coisa que fez Letícia gostar ainda mais das mães de
Mayara, foi o ódio delas pelo atual “presidente
do Brasil”.
Após a sobremesa e um
café, Letícia informou que precisava ir, pois tinha algumas coisas para
terminar em casa, mas agradeceu o convite e elogiou os dotes culinários de Lola
e fez alguns comentários positivos sobre Joana, deixando ambas flutuando no
teto, tamanho estava o inchaço dos egos.
Mayara a acompanhou até a
porta, mas antes que pudesse sair, Letícia sentiu seu pulso ser seguro com
gentileza e ao olhar para trás, viu que a outra moça lhe sorria de forma tímida
enquanto se aproximava. Mayara era um pouco mais alta e por isso precisou
abaixar um pouquinho, mas, não era nada que a atrapalhasse de tomar com os
seus, os lábios de Letícia em um beijo longo e caloroso.
Podia sentir o perfume do
shampoo dela e a maciez morna da pele delicada dos lábios contra os seus e
então, experimentou o entreabrir delicado e o toque acetinado da língua morna
da moça, brevemente durante o beijo. Quando se afastaram, o coração de Letícia
batia tão forte que parecia querer sair pela boca e pode ver que o rosto de
Mayara estava levemente corado.
– Eu gosto muito de você.
– disse por fim, enquanto estendia a mão para a maçaneta da porta. Não esperava
uma resposta, pois como disse quando se conheceram, não tinha pressa, mas se
surpreendeu ao ouvir a outra moça dizer.
– Eu também. –saiu da
casa sentindo como se estivesse caminhando nas nuvens, tinha sido só um beijo,
não, na verdade tinha sido “O” beijo. E por uma mulher como Mayara, ela
esperaria o tempo que fosse preciso.
Continua...
Notas da autora:
Oi gente!
*Pra quem está lendo este
capítulo quando ele foi lançado, peço desculpas mais uma vez (isso tá se
tornando uma constante ¬¬), mas é que eu estava muito desanimada nas últimas
semanas para escrever e para fazer qualquer outra coisa também. Mas adianto
que, por mais que eu demore, eu nunca abandono uma história que comecei a
escrever.
Agora, vamos ao capitulo!
Tivemos a lemon do
Marcelo com o Diego (e eu tentei arriscar uma prática sexual que me foi pedida
por uma pessoa num comentário – aguardem que vai ter cenas melhores no futuro),
também descobrimos um pouco mais sobre o passado conturbado do Joaquim (eu vou
falar mais do ex dele no futuro e claro, vai ter a volta do ex do Francisco,
lembram dele?) e por fim, o primeiro beijo da Mayara com a Letícia! E as fofas
da Joana e da Lola sendo super mães.
Bom, eu espero que vocês
estejam gostando desta história e eu vou perguntar mais uma vez, vocês querem
que eu estenda a narrativa para os próximos anos (porque a história se passa em
2019), se nenhum leitor se manifestar, essa história vai terminar dentro do a
no em que está sendo escrita.
Ah, falando em ano, dia
08/08, dia dos pais, fez 01 ano que eu estou escrevendo esta história! E você
acredita que ela era pra ser uma oneshot comemorativa de dia dos pais? E olha
onde estamos! Capítulo 35!
Mas, então é isso!
Obrigada por ler até aqui, por favor, não se esqueça de deixar um comentário,
eles são muito importantes para eu saber a opinião de vocês e claro, que eu
tenho leitores acompanhando.
Prometo me esforçar para
voltar a atualizar a história semanalmente.
Até o próximo capítulo!
Perséfone Tenou.
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