sábado, 16 de abril de 2022

Lar é onde o coração está - capítulo 46

 

O encontro das três crianças na casa de Paulo não tinha dado certo, pois no dia seguinte, o pai de Agatha havia ido buscá-la, sem antes avisar Vanessa, o que deixou a moça muito irritada. Mas, ao ver como a filha olhava para Silas, ela acabou relevando. A menina o adorava, mesmo sendo um pai relapso e ausente.



Ela ligou para Mayara, que estava preparando uma mesa de café para receber os dois amiguinhos de Paulo. Assim que ouviu o que houve, Mayara crispou os lábios em uma careta de desgosto, afinal, não gostava de Silas.

— Poxa Vanessa, que chato isso. Mas espero que ela se divirta com o pai. Não, sem problema, podemos marcar de ela vir aqui outro dia. O Diego disse que tá tudo bem as crianças virem aqui brincar com o Paulo. Hm-hum, pois é, certo não tá, mas daí você ia discutir na frente dela e não ia dar em anda e ainda ia deixar a Agatha chateada... O jeito é quando vocês forem na vara da família, estabelecer horários definidos de visita. É, eu entendo. Sim, a gente se vê sábado na quermesse da escola. Tchau. — quando desligou, ouviu a campainha tocando e ao olhar por uma fresta na janela, viu Miriam segurando na mão de Luís.

Antes de abrir, informou a Paulo que Agatha não poderia vir. O menino ficou meio emburrado e fez uma careta ao ouvir que o motivo era o pai da menina. Mayara sorriu pensando que o cara não era mesmo muito popular.

Miriam entrou e cumprimentou Mayara com um beijinho no rosto enquanto via o irmão correr para o pequeno quintal nos fundos da casa, onde Paulo já o esperava com os brinquedos apostos.

Enquanto os meninos brincavam de detetives e exploradores da natureza, Mayara e Miriam conversavam na cozinha enquanto bebiam chá. A irmã de Luís sentia-se tranquila pela primeira vez desde que a avó foi internada. A velhinha estava se recuperando e quando contou a mãe sobre o convite de Mayara para levar o irmãozinho para brincar com o outro menino, ela a ouviu dizer.

— Vá sim filha, vocês dois precisam se distrair um pouco. Eu sei que está sendo difícil lidar com a doença da sua avó e mesmo com ela melhorando, o quadro ainda está instável e por mais que o Luís ame a Batchan* dele, não quero que ele fique aqui o tempo todo. É melhor que ele saia e brinque um pouco. Casa em que tem gente doente não é lugar pra criança passar o dia inteiro. Nem ele e nem você. — a mãe estava com olheiras fundas, mas tinha conseguido recuperar um pouco do peso perdido no ultimo mês correndo para cuidar da avó.

— Você sabia que a Vanessa é dona daquela clínica de estética grande que fica no centro? — perguntou enquanto pescava um biscoito de nata do pote. Admirava muito a mãe de Agatha por ser uma mulher forte e autossuficiente tanto no âmbito profissional quanto no social.

— Interessante. Deixa eu perguntar uma coisa, você conheceu o ex dela? — ao ouvir a pergunta, Miriam sentiu um calafrio correr pela espinha. O cara era insuportável. Claro, não deu em cima dela, pois ela não era o “tipo” que ele gostava, alta e com porte de modelo de passarela, mas viu o homem xavecar outras mulheres no portão da escola, isso quando ainda era casado com Vanessa.

— Eu detesto ele. A Vanessa se livrou de uma bomba. — declarou, para em seguida tomar um longo gole de chá de camomila.

Mayara conteve um sorriso, pensando que a lista de pessoas que não gostavam de Silas só estava aumentando. Ela acreditava que se alguém se comprometia a permanecer em um relacionamento monogâmico, por vontade própria, devia jogar conforme as regras.

A conversa rendeu até um momento quando os dois meninos entraram pela pequena porta do quintal, corados e suados, dizendo que estavam com fome. Comeram as pressas e voltaram para o quintal de onde vinham gritos de alegria e animação.

Foi um dia proveitoso.

***

Quando Diego chegou no finalzinho do dia, Miriam e o irmão já tinham ido embora e Paulo estava dormindo, “desmaiado” no sofá. O cabelo com o corte do Homem-Aranha visível, assim como pequenas gotículas de suor que desciam pelo pescoço e nuca.

— Dia cheio hoje, hein? — perguntou assim que viu Mayara, que voltava do corredor dos quartos. Ela sorriu e contou sobre a felicidade que foi ver o menino brincar até cansar. Mas também comentou que a menininha não tinha vindo.

— O pai apareceu de repente e quis levá-la ao cinema. E sabe como é, criança pequena é doida pelo pai, ainda mais se ele não mora mais na mesma casa que ela. O Paulo até que aceitou bem, mas a Vanessa ficou uma fera, e com razão! — Diego ouvia a moça relatar a situação e apenas concordou com um gesto de cabeça.

Alguns minutos depois chegou Marcelo, que o surpreendeu abraçando-o pela cintura e lhe dando um beijo na bochecha, para em seguida notar que não foi atacado pelo pequeno “homiranha”.

— Cadê o Paulo? — Mayara apontou para aquela coisinha amontoada no sofá que dormia a sono solto, a camiseta de brincar grudando no corpo por causa do suor.

— A brincadeira hoje foi boa, né? Que acha de você levar a May enquanto eu convenço o rapazinho ali a ir tomar banho, porque ele não pode dormir suado desse jeito. — viu o marido cruzar a pequena sala e acordar o garoto com cuidado. Paulo abriu os olhos lentamente e ao ver Marcelo agachado na sua frente, sorriu e sentou-se no sofá.

— Oi rapaz, Fiquei sabendo que o dia hoje foi bem cheio. Que tal você ir tomar um banho pra ficar limpinho e depois você conta pra gente como foi, hein? — Marcelo fez um gesto amplo apontando para si e então para Diego, que sorriu ao ver que o irmão tinha acordado.

— Eu vou só levar a May em casa e já volto e daí você conta como foi o seu dia, na escola e aqui em casa, tá? — Paulo concordou com um gesto vigoroso de cabeça seguido de um sorriso amplo e cativante.

Enquanto Diego ligava o carro para levar Mayara embora, Marcelo preparava a água do chuveiro para Paulo, que foi escolher seu pijama para aquela noite.

***

Estavam jantando enquanto eles tinham alguma série do streaming como trilha de fundo. Joaquim não tinha falado muito aquele dia, mas não estava triste, parecia só... Cansado.

— Tá tudo bem, Quim? — estivera empurrando um punhado de ervilhas e cenouras de um lado para o outro do prato e se surpreendeu ao ouvir o apelido e só então se deu conta da presença de Francisco.

— Tá, tá sim. Eu só tou... Sei lá, desanimado? Cansado? Algo do tipo. — olhou com desinteresse para a tevê que exibia uma série qualquer do catálogo e suspirou cansado.

— Tem algo que eu possa fazer pra te ajudar? — olhou por alguns segundos para o rosto bonito do namorado. Francisco sempre estava ali pra ele e isso era o bastante. Esboçou um sorriso e empurrou o prato, tinha perdido o apetite.

— Acho que não. Bom, só de você estar aqui comigo já ajuda bastante. Eu só tou um pouco frustrado porque, fiz tantos cursos, inclusive o de auxiliar de dentista, pra terminar trabalhando numa loja de sabonetes e por indicação de uma amiga de um amigo seu. — suspirou e debruçou o corpo sobre a mesa, segurando a cabeça com as mãos e enchendo os dedos com os fios loiros e macios.

— Não que eu não goste de trabalhar lá, é um emprego agradável, e eu sou muito grato a Mayara pela ajuda, é só que... Às vezes é como se... Entende? — ergueu o rosto para olhar o namorado, que o observava em silencio.

— Às vezes isso não é o bastante. Eu entendo. — Francisco levantou e removeu os dois pratos da mesa, depositando os restos no lixo e colocando as peças na lava-louças, para então retornar e abraçar Joaquim com carinho.

— Todo mundo tem esse tipo de frustração. E eu vou te dizer, se não estiver feliz trabalhando na loja de sabonetes, você pode sair que eu te dou apoio. — sentiu o peso morno da cabeça de Joaquim encostando contra seu peito enquanto via ele erguer os olhos claros em sua direção.

— Eu não quero sair, eu gosto de trabalhar lá, é só que... Eu sinto que não é algo em que eu coloque todo o meu potencial... Ah sei lá, hoje eu tou meio esquisito. Mas, obrigado pelo apoio. — o loiro se levantou e então, envolvendo o pescoço de Francisco com os braços, fez com que ele se abaixasse, só o suficiente para que pudesse roubar um beijo.

— Tá tudo bem. É normal ficar assim de vez em quando. Vem, vamos assistir algo lá no quarto enquanto ficamos abraçadinhos. — o loiro sorriu com o convite e se deixou ser levado pela mão pelo namorado. Gostava daquela sensação de ser mimado de vez em quando, de que era querido pelo outro.

***

Paulo saiu do banho usando um pijama de super-herói que não era do Homem-Aranha, o que surpreendeu Marcelo, que comentou se o menino estava gostando de outros personagens.

— Não muito, mas foi a mãe da Agatha que me deu naquele dia que eu fui ficar na casa dela e é quentinho, eu gostei. — Marcelo estava terminando de esquentar os tuppewares que Mayara tinha deixado prontos e quando o micro-ondas apitou informando que estava pronto, ele convidou o menino para se sentar à mesa.

Ouviu o menino contar sobre o dia que passou com Luís e de como Agatha não pode vir porque o pai tinha ido buscá-la. Pode sentir uma pontada de magoa na voz do garoto e pensou como era difícil pra uma criança entender o que significava um divorcio.

— Oiê, voltei! — Diego anunciou enquanto depositava o molho de chaves na tigela em cima da mesinha no corredor. Fez um agrado no cabelo de Paulo e deu um beijo no marido, para em seguida se sentar em uma das cadeiras e ouvir o menino contar sobre seu dia, com o mesmo entusiasmo com que falou para Marcelo. Mas ao ouvir sobre Agatha, Diego trocou um olhar preocupado com Marcelo, que retribuiu com um meneio de cabeça.

— Mas no geral você e o Luís se divertiram bastante, né? A Mayara me disse que a avó dele está melhor. Ela e a Miriam conversaram bastante durante a tarde. Eu fico feliz que você se divertiu, e lembra que semana que vem você vai dormir na casa da Agatha. — os olhos do menino brilharam com o lembrete e ele engoliu as ultimas colheradas de purê e carne para em seguida sair correndo para o quarto, gritando que ia buscar os desenhos que ele e Luís tinham feito aquela tarde.

No momento que ficaram sozinhos, Marcelo perguntou quando Diego ia falar sobre Zulmira para Paulo. A mulher não era nada sutil e poderia aparecer a qualquer momento na frente da casa exigindo ver o neto.

— Eu sei! Mas não consigo achar um momento certo. Tipo; olha só como ele tá feliz de ter brincado com o amiguinho hoje, você acha que eu sou capaz de falar daquela... Mulher pra ele agora? Mas, mudando de assunto, a Mayara me contou que o pai da Agatha apareceu pra buscá-la na hora que a Vanessa ia trazer a menina aqui em casa. Eu só fico imaginando a raiva que ela teve de engolir. Nunca conheci o ex da Vanessa, mas pelo que ela fala, o cara não é boa coisa. — antes que Marcelo pudesse responder, Paulo voltou com os braços cheios de papeis sulfite desenhados e Diego lhe deu um olhar que significava “a gente termina essa conversa depois”.

Paulo estava elétrico e demorou para pegar no sono, pareceu que o banho tinha dado a energia que ele precisava pra ficar ligado por mais algumas horas. Mas, finalmente lá pelas 21h00 o menino entregou os pontos e dormiu sentado entre Marcelo e Diego no sofá.

Diego o carregou até o quarto, onde o colocou na cama, cobriu e deu um beijo de boa noite na testa do menino. E claro, antes de sair, acendeu o abajur do Homem-Aranha. Fechou a porta do quarto do irmãozinho e encostou a testa contra a madeira, suspirando cansado.

Tinha tido um dia puxado na imobiliária, problemas para finalizar um contrato de venda e outro de aluguel além de reclamações de locatários sobre canos de água estourando e defeitos na fiação elétrica, o pior é que tudo isso foram quatro casas diferentes. E como ele foi o responsável pelo aluguel dos imóveis, era ele quem devia entrar em contato com profissionais para fazer os reparos.

Sentiu um braço firme envolver sua cintura e um beijo delicado ser depositado na nuca e sorriu, acariciando a mão que estava envolta de sua cintura.

— Eu tou exausto! É como se tivessem passado com um rolo compressor em cima de mim! Acho que vou tomar um banho e dormir. Quer vir comigo? — já  havia um tempo que eles não faziam isso juntos.

— Claro. — apesar de não terem feito o ato completo, ele conseguiram se divertir e tirar a pressão do dia no chuveiro.

A coisa começou com beijos despretensiosos na boca por parte de Marcelo, os dedos dele se enredando nos cabelos cacheados de Diego úmidos pela água do banho. A sensação macia dos lábios de Marcelo na curva do seu pescoço e as mãos habilidosas que deslizavam por seu corpo, explorando com cuidado e paciência cada detalhe e curva de pele. Estava fisicamente exausto, mas em resposta àqueles toques gentis, sua rigidez respondeu, ficando firme e roçando contra seu ventre de forma dolorosa.

O toque dos lábios de Marcelo foi trilhando o caminho do pescoço e em direção ao sul do corpo a sua frente, enquanto que com cuidado ele empurrou Diego contra a parede do boxe, que de uma posição privilegiada, observava o marido descer, aproximando-se de sua rigidez pulsante.

 E então, sentiu aquela sensação úmida e morna quando a boca de Marcelo o envolveu aos poucos, ao mesmo tempo em que uma das mãos dele deslizava pelo seu tórax úmido, a qual Diego envolveu com a sua própria e a apertou conforme o contato no seu baixo-ventre se tornava mais apressado.

Inclinando a cabeça para trás e soltando um ofego silencioso, as pálpebras fechadas e trêmulas, os lábios entreabertos em um gemido sem som, enquanto entrelaçava os dedos nos da mão de Marcelo e sentia que logo atingiria o ápice.

— Para! Eu tou quase... — mas antes que pudesse terminar a frase, sentiu-se esvair dentro da quentura morna que era a boca do marido, sua cabeça era recoberta pela água do chuveiro e os joelhos ficaram bambos.

Sentindo-se zonzo pelo vapor e a temperatura quente da água, somada as sensações do momento, Diego espalmou uma mão na parede do boxe, que deixou uma impressão suada no vidro e viu Marcelo cuspir a carga que Diego havia despejando em sua boca com uma expressão séria, mas ao olhar na sua direção, ele exibiu aquele sorriso bonito e cativante.

— Tá tudo bem? — sentiu a mão firme dele segurá-lo pela cintura e só aquele contato breve fez reacender sinais de excitação. De onde estava vindo todo aquele fogo? Se perguntou surpreso enquanto também sorria.

— Estou ótimo. Agora... Me deixa retribuir a gentileza... — tentou se ajoelhar, mas acabou perdendo o equilíbrio e foi amparado por  Marcelo, que o segurou com carinho nos braços.


 

— Não precisa de tanto... Só as suas mãos já vão ser o bastante. Eu quis fazer isso pra te aliviar. — Diego se aproximou e envolveu a rigidez firme do outro com os dedos longos, iniciando uma masturbação lenta e ritmada, enquanto o olhava nos olhos e via Marcelo fazer uma expressão de prazer conforme o ritmo ia se tornando mais potente e o prazer ficava mais próximo.

Quando Marcelo estava próximo de atingir o ponto critico, encostou a testa na de Diego, ofegando baixinho e quando sentiu que era o momento, segurou o marido pela nuca e lhe deu um longo beijo apaixonado ao mesmo tempo em que se esvaia nas mãos dele.

— Hmm... Acho que a conta de água vai vir alta no mês que vem... Mas valeu a pena. — disse Diego ao mesmo tempo em que fechava o registro do chuveiro e pescava as toalhas do suporte no lado de fora do boxe.

— Realmente, valeu mesmo. — concordou Marcelo enquanto saiam do banheiro, direto para o quarto, onde, apesar de ambos ainda estarem muito a fim de fazer algo mais, acabaram dormindo no momento que deitaram as cabeças nos travesseiros.

Mas estavam saciados e felizes.

Continua...

 

Nota da autora:

Então gente, se você está lendo este capítulo quando foi lançado, quero pedir desculpas por demorar quase 01 mês para atualizar, aconteceu tanta coisa ruim na minha vida que eu não conseguia sentar para escrever. (se você está lendo isso bem depois, só ignore).

Então, rolou o dia de brincadeiras das crianças, mas né, o Silas tinha de estragar a ida da Agatha. Ele não é um “pai ruim”, mas é meio relapso e descompromissado, como vocês puderam ver nos capts anteriores a Vanessa reclamando.

Também tivemos um pouquinho de Fernando e Joaquim, quem nunca se questionou se poderia fazer mais da vida ou se o emprego em que está é realmente o certo? Acho que todo mundo já passou por isso de vez em quando.

E pra finalizar, tivemos uma ceninha quente entre Marcelo e Diego, eu preferi não faze a cena inteira, porque, bom... Tem o dia dos Namorados e lá, gente, vai rolar muita coisa pra todos os casais da história.

E sim, o Diego ainda não falou da Zulmira pro Paulo e a gente não pode culpá-lo, afinal, a mulher é o cão de calçolão!

Quero agradecer a todas as pessoas que estão favoritando, lendo, acompanhando e pedir que se possível, deixem um comentário. Não precisa ser nada gigantesco, só um sinal de que vocês estão gostando.

Obrigada por ler até aqui e até o próximo capítulo, que eu prometo, virá mais rápido.

Perséfone Tenou

 

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