O encontro das três
crianças na casa de Paulo não tinha dado certo, pois no dia seguinte, o pai de
Agatha havia ido buscá-la, sem antes avisar Vanessa, o que deixou a moça muito
irritada. Mas, ao ver como a filha olhava para Silas, ela acabou relevando. A
menina o adorava, mesmo sendo um pai relapso e ausente.
Ela ligou para Mayara,
que estava preparando uma mesa de café para receber os dois amiguinhos de
Paulo. Assim que ouviu o que houve, Mayara crispou os lábios em uma careta de
desgosto, afinal, não gostava de Silas.
— Poxa Vanessa, que chato
isso. Mas espero que ela se divirta com o pai. Não, sem problema, podemos marcar
de ela vir aqui outro dia. O Diego disse que tá tudo bem as crianças virem aqui
brincar com o Paulo. Hm-hum, pois é, certo não tá, mas daí você ia discutir na
frente dela e não ia dar em anda e ainda ia deixar a Agatha chateada... O jeito
é quando vocês forem na vara da família, estabelecer horários definidos de
visita. É, eu entendo. Sim, a gente se vê sábado na quermesse da escola. Tchau.
— quando desligou, ouviu a campainha tocando e ao olhar por uma fresta na
janela, viu Miriam segurando na mão de Luís.
Antes de abrir, informou
a Paulo que Agatha não poderia vir. O menino ficou meio emburrado e fez uma
careta ao ouvir que o motivo era o pai da menina. Mayara sorriu pensando que o cara
não era mesmo muito popular.
Miriam entrou e
cumprimentou Mayara com um beijinho no rosto enquanto via o irmão correr para o
pequeno quintal nos fundos da casa, onde Paulo já o esperava com os brinquedos
apostos.
Enquanto os meninos
brincavam de detetives e exploradores da natureza, Mayara e Miriam conversavam
na cozinha enquanto bebiam chá. A irmã de Luís sentia-se tranquila pela
primeira vez desde que a avó foi internada. A velhinha estava se recuperando e
quando contou a mãe sobre o convite de Mayara para levar o irmãozinho para
brincar com o outro menino, ela a ouviu dizer.
— Vá sim filha, vocês
dois precisam se distrair um pouco. Eu sei que está sendo difícil lidar com a
doença da sua avó e mesmo com ela melhorando, o quadro ainda está instável e
por mais que o Luís ame a Batchan* dele, não quero que ele fique aqui o tempo
todo. É melhor que ele saia e brinque um pouco. Casa em que tem gente doente
não é lugar pra criança passar o dia inteiro. Nem ele e nem você. — a mãe
estava com olheiras fundas, mas tinha conseguido recuperar um pouco do peso
perdido no ultimo mês correndo para cuidar da avó.
— Você sabia que a
Vanessa é dona daquela clínica de estética grande que fica no centro? —
perguntou enquanto pescava um biscoito de nata do pote. Admirava muito a mãe de
Agatha por ser uma mulher forte e autossuficiente tanto no âmbito profissional
quanto no social.
— Interessante. Deixa eu
perguntar uma coisa, você conheceu o ex dela? — ao ouvir a pergunta, Miriam
sentiu um calafrio correr pela espinha. O cara era insuportável. Claro, não deu
em cima dela, pois ela não era o “tipo” que ele gostava, alta e com porte de
modelo de passarela, mas viu o homem xavecar outras mulheres no portão da
escola, isso quando ainda era casado com Vanessa.
— Eu detesto ele. A
Vanessa se livrou de uma bomba. — declarou, para em seguida tomar um longo gole
de chá de camomila.
Mayara conteve um
sorriso, pensando que a lista de pessoas que não gostavam de Silas só estava
aumentando. Ela acreditava que se alguém se comprometia a permanecer em um
relacionamento monogâmico, por vontade própria, devia jogar conforme as regras.
A conversa rendeu até um
momento quando os dois meninos entraram pela pequena porta do quintal, corados
e suados, dizendo que estavam com fome. Comeram as pressas e voltaram para o quintal
de onde vinham gritos de alegria e animação.
Foi um dia proveitoso.
***
Quando Diego chegou no
finalzinho do dia, Miriam e o irmão já tinham ido embora e Paulo estava
dormindo, “desmaiado” no sofá. O cabelo com o corte do Homem-Aranha visível,
assim como pequenas gotículas de suor que desciam pelo pescoço e nuca.
— Dia cheio hoje, hein? —
perguntou assim que viu Mayara, que voltava do corredor dos quartos. Ela sorriu
e contou sobre a felicidade que foi ver o menino brincar até cansar. Mas também
comentou que a menininha não tinha vindo.
— O pai apareceu de
repente e quis levá-la ao cinema. E sabe como é, criança pequena é doida pelo
pai, ainda mais se ele não mora mais na mesma casa que ela. O Paulo até que
aceitou bem, mas a Vanessa ficou uma fera, e com razão! — Diego ouvia a moça relatar
a situação e apenas concordou com um gesto de cabeça.
Alguns minutos depois
chegou Marcelo, que o surpreendeu abraçando-o pela cintura e lhe dando um beijo
na bochecha, para em seguida notar que não foi atacado pelo pequeno
“homiranha”.
— Cadê o Paulo? — Mayara apontou para aquela coisinha amontoada no
sofá que dormia a sono solto, a camiseta de brincar grudando no corpo por causa
do suor.
— A brincadeira hoje foi
boa, né? Que acha de você levar a May enquanto eu convenço o rapazinho ali a ir
tomar banho, porque ele não pode dormir suado desse jeito. — viu o marido
cruzar a pequena sala e acordar o garoto com cuidado. Paulo abriu os olhos
lentamente e ao ver Marcelo agachado na sua frente, sorriu e sentou-se no sofá.
— Oi rapaz, Fiquei
sabendo que o dia hoje foi bem cheio. Que tal você ir tomar um banho pra ficar
limpinho e depois você conta pra gente como foi, hein? — Marcelo fez um gesto
amplo apontando para si e então para Diego, que sorriu ao ver que o irmão tinha
acordado.
— Eu vou só levar a May
em casa e já volto e daí você conta como foi o seu dia, na escola e aqui em
casa, tá? — Paulo concordou com um gesto vigoroso de cabeça seguido de um
sorriso amplo e cativante.
Enquanto Diego ligava o
carro para levar Mayara embora, Marcelo preparava a água do chuveiro para
Paulo, que foi escolher seu pijama para aquela noite.
***
Estavam jantando enquanto
eles tinham alguma série do streaming como trilha de fundo. Joaquim não tinha
falado muito aquele dia, mas não estava triste, parecia só... Cansado.
— Tá tudo bem, Quim? —
estivera empurrando um punhado de ervilhas e cenouras de um lado para o outro
do prato e se surpreendeu ao ouvir o apelido e só então se deu conta da
presença de Francisco.
— Tá, tá sim. Eu só
tou... Sei lá, desanimado? Cansado? Algo do tipo. — olhou com desinteresse para
a tevê que exibia uma série qualquer do catálogo e suspirou cansado.
— Tem algo que eu possa
fazer pra te ajudar? — olhou por alguns segundos para o rosto bonito do
namorado. Francisco sempre estava ali pra ele e isso era o bastante. Esboçou um
sorriso e empurrou o prato, tinha perdido o apetite.
— Acho que não. Bom, só
de você estar aqui comigo já ajuda bastante. Eu só tou um pouco frustrado
porque, fiz tantos cursos, inclusive o de auxiliar de dentista, pra terminar
trabalhando numa loja de sabonetes e por indicação de uma amiga de um amigo
seu. — suspirou e debruçou o corpo sobre a mesa, segurando a cabeça com as mãos
e enchendo os dedos com os fios loiros e macios.
— Não que eu não goste de
trabalhar lá, é um emprego agradável, e eu sou muito grato a Mayara pela ajuda,
é só que... Às vezes é como se... Entende? — ergueu o rosto para olhar o
namorado, que o observava em silencio.
— Às vezes isso não é o
bastante. Eu entendo. — Francisco levantou e removeu os dois pratos da mesa, depositando
os restos no lixo e colocando as peças na lava-louças, para então retornar e
abraçar Joaquim com carinho.
— Todo mundo tem esse
tipo de frustração. E eu vou te dizer, se não estiver feliz trabalhando na loja
de sabonetes, você pode sair que eu te dou apoio. — sentiu o peso morno da
cabeça de Joaquim encostando contra seu peito enquanto via ele erguer os olhos
claros em sua direção.
— Eu não quero sair, eu
gosto de trabalhar lá, é só que... Eu sinto que não é algo em que eu coloque
todo o meu potencial... Ah sei lá, hoje eu tou meio esquisito. Mas, obrigado
pelo apoio. — o loiro se levantou e então, envolvendo o pescoço de Francisco
com os braços, fez com que ele se abaixasse, só o suficiente para que pudesse
roubar um beijo.
— Tá tudo bem. É normal
ficar assim de vez em quando. Vem, vamos assistir algo lá no quarto enquanto
ficamos abraçadinhos. — o loiro sorriu com o convite e se deixou ser levado
pela mão pelo namorado. Gostava daquela sensação de ser mimado de vez em
quando, de que era querido pelo outro.
***
Paulo saiu do banho
usando um pijama de super-herói que não era do Homem-Aranha, o que surpreendeu
Marcelo, que comentou se o menino estava gostando de outros personagens.
— Não muito, mas foi a
mãe da Agatha que me deu naquele dia que eu fui ficar na casa dela e é
quentinho, eu gostei. — Marcelo estava terminando de esquentar os tuppewares
que Mayara tinha deixado prontos e quando o micro-ondas apitou informando que
estava pronto, ele convidou o menino para se sentar à mesa.
Ouviu o menino contar
sobre o dia que passou com Luís e de como Agatha não pode vir porque o pai
tinha ido buscá-la. Pode sentir uma pontada de magoa na voz do garoto e pensou
como era difícil pra uma criança entender o que significava um divorcio.
— Oiê, voltei! — Diego
anunciou enquanto depositava o molho de chaves na tigela em cima da mesinha no
corredor. Fez um agrado no cabelo de Paulo e deu um beijo no marido, para em
seguida se sentar em uma das cadeiras e ouvir o menino contar sobre seu dia,
com o mesmo entusiasmo com que falou para Marcelo. Mas ao ouvir sobre Agatha,
Diego trocou um olhar preocupado com Marcelo, que retribuiu com um meneio de
cabeça.
— Mas no geral você e o
Luís se divertiram bastante, né? A Mayara me disse que a avó dele está melhor.
Ela e a Miriam conversaram bastante durante a tarde. Eu fico feliz que você se
divertiu, e lembra que semana que vem você vai dormir na casa da Agatha. — os
olhos do menino brilharam com o lembrete e ele engoliu as ultimas colheradas de
purê e carne para em seguida sair correndo para o quarto, gritando que ia
buscar os desenhos que ele e Luís tinham feito aquela tarde.
No momento que ficaram
sozinhos, Marcelo perguntou quando Diego ia falar sobre Zulmira para Paulo. A
mulher não era nada sutil e poderia aparecer a qualquer momento na frente da
casa exigindo ver o neto.
— Eu sei! Mas não consigo
achar um momento certo. Tipo; olha só como ele tá feliz de ter brincado com o
amiguinho hoje, você acha que eu sou capaz de falar daquela... Mulher pra ele
agora? Mas, mudando de assunto, a Mayara me contou que o pai da Agatha apareceu
pra buscá-la na hora que a Vanessa ia trazer a menina aqui em casa. Eu só fico
imaginando a raiva que ela teve de engolir. Nunca conheci o ex da Vanessa, mas
pelo que ela fala, o cara não é boa coisa. — antes que Marcelo pudesse
responder, Paulo voltou com os braços cheios de papeis sulfite desenhados e
Diego lhe deu um olhar que significava “a gente termina essa conversa depois”.
Paulo estava elétrico e
demorou para pegar no sono, pareceu que o banho tinha dado a energia que ele
precisava pra ficar ligado por mais algumas horas. Mas, finalmente lá pelas
21h00 o menino entregou os pontos e dormiu sentado entre Marcelo e Diego no
sofá.
Diego o carregou até o
quarto, onde o colocou na cama, cobriu e deu um beijo de boa noite na testa do
menino. E claro, antes de sair, acendeu o abajur do Homem-Aranha. Fechou a
porta do quarto do irmãozinho e encostou a testa contra a madeira, suspirando
cansado.
Tinha tido um dia puxado
na imobiliária, problemas para finalizar um contrato de venda e outro de
aluguel além de reclamações de locatários sobre canos de água estourando e defeitos
na fiação elétrica, o pior é que tudo isso foram quatro casas diferentes. E
como ele foi o responsável pelo aluguel dos imóveis, era ele quem devia entrar
em contato com profissionais para fazer os reparos.
Sentiu um braço firme
envolver sua cintura e um beijo delicado ser depositado na nuca e sorriu,
acariciando a mão que estava envolta de sua cintura.
— Eu tou exausto! É como
se tivessem passado com um rolo compressor em cima de mim! Acho que vou tomar
um banho e dormir. Quer vir comigo? — já
havia um tempo que eles não faziam isso juntos.
— Claro. — apesar de não terem
feito o ato completo, ele conseguiram se divertir e tirar a pressão do dia no
chuveiro.
A coisa começou com
beijos despretensiosos na boca por parte de Marcelo, os dedos dele se enredando
nos cabelos cacheados de Diego úmidos pela água do banho. A sensação macia dos
lábios de Marcelo na curva do seu pescoço e as mãos habilidosas que deslizavam
por seu corpo, explorando com cuidado e paciência cada detalhe e curva de pele.
Estava fisicamente exausto, mas em resposta àqueles toques gentis, sua rigidez
respondeu, ficando firme e roçando contra seu ventre de forma dolorosa.
O toque dos lábios de
Marcelo foi trilhando o caminho do pescoço e em direção ao sul do corpo a sua
frente, enquanto que com cuidado ele empurrou Diego contra a parede do boxe, que
de uma posição privilegiada, observava o marido descer, aproximando-se de sua
rigidez pulsante.
E então, sentiu aquela sensação úmida e morna
quando a boca de Marcelo o envolveu aos poucos, ao mesmo tempo em que uma das
mãos dele deslizava pelo seu tórax úmido, a qual Diego envolveu com a sua
própria e a apertou conforme o contato no seu baixo-ventre se tornava mais
apressado.
Inclinando a cabeça para
trás e soltando um ofego silencioso, as pálpebras fechadas e trêmulas, os
lábios entreabertos em um gemido sem som, enquanto entrelaçava os dedos nos da
mão de Marcelo e sentia que logo atingiria o ápice.
— Para! Eu tou quase... —
mas antes que pudesse terminar a frase, sentiu-se esvair dentro da quentura
morna que era a boca do marido, sua cabeça era recoberta pela água do chuveiro
e os joelhos ficaram bambos.
Sentindo-se zonzo pelo
vapor e a temperatura quente da água, somada as sensações do momento, Diego
espalmou uma mão na parede do boxe, que deixou uma impressão suada no vidro e
viu Marcelo cuspir a carga que Diego havia despejando em sua boca com uma
expressão séria, mas ao olhar na sua direção, ele exibiu aquele sorriso bonito
e cativante.
— Tá tudo bem? — sentiu a
mão firme dele segurá-lo pela cintura e só aquele contato breve fez reacender
sinais de excitação. De onde estava vindo todo aquele fogo? Se perguntou
surpreso enquanto também sorria.
— Estou ótimo. Agora...
Me deixa retribuir a gentileza... — tentou se ajoelhar, mas acabou perdendo o
equilíbrio e foi amparado por Marcelo,
que o segurou com carinho nos braços.
— Não precisa de tanto...
Só as suas mãos já vão ser o bastante. Eu quis fazer isso pra te aliviar. — Diego
se aproximou e envolveu a rigidez firme do outro com os dedos longos, iniciando
uma masturbação lenta e ritmada, enquanto o olhava nos olhos e via Marcelo
fazer uma expressão de prazer conforme o ritmo ia se tornando mais potente e o
prazer ficava mais próximo.
Quando Marcelo estava
próximo de atingir o ponto critico, encostou a testa na de Diego, ofegando
baixinho e quando sentiu que era o momento, segurou o marido pela nuca e lhe
deu um longo beijo apaixonado ao mesmo tempo em que se esvaia nas mãos dele.
— Hmm... Acho que a conta
de água vai vir alta no mês que vem... Mas valeu a pena. — disse Diego ao mesmo
tempo em que fechava o registro do chuveiro e pescava as toalhas do suporte no
lado de fora do boxe.
— Realmente, valeu mesmo.
— concordou Marcelo enquanto saiam do banheiro, direto para o quarto, onde,
apesar de ambos ainda estarem muito a fim de fazer algo mais, acabaram dormindo
no momento que deitaram as cabeças nos travesseiros.
Mas estavam saciados e
felizes.
Continua...
Nota da autora:
Então gente, se você está
lendo este capítulo quando foi lançado, quero pedir desculpas por demorar quase
01 mês para atualizar, aconteceu tanta coisa ruim na minha vida que eu não
conseguia sentar para escrever. (se você está lendo isso bem depois, só
ignore).
Então, rolou o dia de
brincadeiras das crianças, mas né, o Silas tinha de estragar a ida da Agatha.
Ele não é um “pai ruim”, mas é meio relapso e descompromissado, como vocês
puderam ver nos capts anteriores a Vanessa reclamando.
Também tivemos um
pouquinho de Fernando e Joaquim, quem nunca se questionou se poderia fazer mais
da vida ou se o emprego em que está é realmente o certo? Acho que todo mundo já
passou por isso de vez em quando.
E pra finalizar, tivemos
uma ceninha quente entre Marcelo e Diego, eu preferi não faze a cena inteira,
porque, bom... Tem o dia dos Namorados e lá, gente, vai rolar muita coisa pra
todos os casais da história.
E sim, o Diego ainda não
falou da Zulmira pro Paulo e a gente não pode culpá-lo, afinal, a mulher é o
cão de calçolão!
Quero agradecer a todas
as pessoas que estão favoritando, lendo, acompanhando e pedir que se possível,
deixem um comentário. Não precisa ser nada gigantesco, só um sinal de que vocês
estão gostando.
Obrigada por ler até aqui
e até o próximo capítulo, que eu prometo, virá mais rápido.
Perséfone Tenou
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