sábado, 23 de setembro de 2023

Lar é onde o coração está - Capitulo 67

  

Era domingo e Mayara puxou as cobertas mais para perto do queixo enquanto olhava para o rosto de Letícia que dormia ao seu lado e então esboçava um pequeno sorriso satisfeito, ao mesmo tempo em que se aninhava na namorada para dormir mais um pouco. A outra tinha sido tão carinhosa e preocupada com ela na noite anterior durante a festa e quando elas vieram para o apartamento e isso refletiu nos sentimentos que Mayara nutria pela outra moça.



Logo que chegaram da casa de suas mães, Letícia fez chocolate quente para ambas, lhe deu um remédio para cólica e então as embrulhou nas cobertas que tinha trazido do quarto, enquanto colocava alguma comédia romântica bobinha para assistirem. E aquele carinho e atenção sinceras e o toque gentil e sem segundas intenções dela enquanto segurava a mão de Mayara sob as cobertas fez a moça agradecer mentalmente pela namorada que tinha.

***

Do outro lado da cidade, por volta das 9h00 da manhã, Diego preparava o café da manhã enquanto Marcelo tinha saído com Paulo para pegar umas coisas na padaria. Foi então que a campainha soou.

— Já vou! — Diego gritou por reflexo enquanto ligava a cafeteira e então abria a porta da casa, para encontrar uma visita inesperada e não muito bem vinda. A avó de Paulo havia retornado.

— Bom dia, o que posso fazer pela senhora, Dona Zulmira? — falou da porta, olhando para a mulher que exibia uma expressão taciturna e ressentida, mas que não o abalava.

— Posso falar com o meu neto? — sem nenhum cumprimento, sem nenhuma referência a ele, nada, seca e direta. Em resposta Diego esboçou um pequeno sorriso triunfante enquanto informava que não seria possível.

— Ele saiu com o meu marido. — fez questão de frisar as duas últimas palavras, apenas para ver o horror tomar conta do rosto da mulher.

— E vai demorar muito para voltar? — Diego suspirou cansado, tinha pensado que não veria a mulher tão cedo, mas ali estava ela em pé na frente do seu portão com a expressão mais amarga do universo.

— Você poderia... Vir aqui até o portão, eu preciso falar uma coisa. — o tom de voz de Zulmira havia mudado de forma drástica, estava quase choroso e parecia implorar e isso fez com que Diego atendesse ao pedido e fosse até o portão.

— A senhora pode se apressar, eu estou com algumas coisas no fogo. — mentiu, para ver se si livrava logo dela.

— Diga uma coisa, vocês vão à igreja? — e assim que ele se aproximou, ela fez outra pergunta impertinente. A velha parecia ter fingido muito bem só para fazer Diego se aproximar.

— Não. Nós não somos religiosos. — respondeu enquanto cruzava os braços e torcia mentalmente para a padaria estar cheia e que Marcelo demorasse a voltar com o menino.

— Mas como fica a criação religiosa do Paulo? — o rapaz respirou fundo, buscando forças para não dar para a mulher a resposta que ela merecia. Será que um dia aquela mulher pararia de tentar controlar a vida do garoto, neto que ela nem sabia que existia até alguns meses?

— Se quando crescer, o Paulo decidir que quer seguir alguma religião, nós vamos dar total apoio a ele, mas por enquanto achamos desnecessário obrigá-lo a seguir uma crença sem entender exatamente o motivo. Mas, dona Zulmira me diga, a senhora veio até aqui num domingo de manhã apenas para palpitar sobre a criação religiosa do Paulo? — viu o rosto da mulher se retrair, como se tivesse levado um soco no estômago.

— Porque se for só isso, eu sinto muito, mas preciso entrar. — deu as costas para a mulher e estava quase alcançando a porta quando a ouviu dizer aquelas palavras.

— Ele é tudo o que me sobrou! — olhou por sobre o ombro em choque e viu a mulher que chorava sem qualquer vergonha.

— Dona Zulmira, eu compreendo que queria se aproximar do seu neto, mas a senhora se lembra de qual foi o primeiro contato dele com você? A senhora o traumatizou! — disse enquanto volta a se aproximar do portão e via a expressão no rosto da mulher desmoronar.

— Eu sei que fui... Impulsiva e queria tentar corrigir esse erro... Meu neto é tudo o que restou na minha vida. — Diego a encarou por alguns segundos, pois apesar de sentir pena da mulher, lá no fundo algo lhe dizia que tudo aquilo era uma grande encenação para tentar arrancar Paulo deles.

— Olha, a senhora me desculpe, mas eu não posso confiar só nas suas palavras. Afinal, para alguém que foi capaz de mentir dizendo que o Paulo sofria maus tratos aqui em casa, quem me garante que não vai fazer algo para traumatizar ele de novo? — mais uma vez, na superfície Diego se sentiu horrível de dizer aquilo para a mulher, mas no fundo, aquela pequena voz protetora dizia que ele estava certo em desconfiar.

— Muito bem, então. Se quiser eu posso ir com ele para algum lugar publico, acompanhada daquela mocinha parda que vem aqui na sua casa às vezes. — ela estava se referindo a Mayara, mas a forma como falou da sua amiga fez Diego franzir o cenho. Via muito do padrasto na mulher e isso só acrescentava negativamente na sua decisão, alem do fato de que ficou obvio que Zulmira estava vigiando sua casa.

— Como a senhora sabe da Mayara? — foi a primeira coisa que conseguiu dizer e ouviu a mulher responder com desdém “eu tenho visto ela buscar o Paulo na escola”.

— Eu vou precisar falar com o Paulo antes, porque ele ficou traumatizado na ultima vez que passou alguns dias do seu lado. E não, nós não “Fizemos a cabeça dele” contra a senhora, ele tem as próprias opiniões baseado no que passou naqueles dias horríveis. Eu já tenho seu telefone, dependendo da resposta dele eu te ligo essa semana. Se eu não ligar, é porque ele se recusou a te encontrar. — após dizer isso, Diego se despediu, fechando a porta as suas costas, sem olhar se a mulher continuava ali.

    ***

Estava frio, por isso Joaquim se encostou mais contra o namorado enquanto puxava as cobertas sobre ambos. Sentiu o braço morno de Francisco envolver sua cintura e sorriu. Era domingo, os dois estavam de folga e eles podiam ficar daquele jeito o dia inteiro... Se seu estomago não tivesse roncado alto, fazendo ambos rirem.

 — Vem, vamos tomar café e daí depois a gente volta pra cá. — sugeriu Francisco enquanto jogava as cobertas para o lado, fazendo Joaquim se encolher por causa do frio.

— Tá muito frio pra sair da cama! — o loiro disse sorrindo, mas acabou levantando.

Francisco fez panquecas recheadas de presunto e mussarela e colocou a garrafa térmica com café e a caixa de leite sobre a mesa. O loiro tentou ajudar, mas ouviu o namorado dizer para que deixasse tudo com ele.

— Assim eu vou ficar mal acostumado. — respondeu o loiro enquanto via o outro encher sua xícara e em seguida depositar duas panquecas enroladas no seu prato.

— Um dia desses, você pode retribuir o favor... Quando quiser, sem pressa. — Francisco disse enquanto dava uma piscada para o loiro e via o rosto do namorado se iluminar com um sorriso. Era tão fácil fazer Joaquim feliz, mas ainda assim, sempre sentia que não conseguia fazer o suficiente.

— Eu vou te surpreender um dia desses... E tenho certeza de que você vai gostar. — Joaquim pensou no que vinha planejando e sorriu enigmático. O resto do café correu de forma tranquila e quando eles terminaram, Francisco disse que voltassem para debaixo das cobertas e que depois ele cuidaria da louça.

***

Um pouco mais cedo, Marcelo voltava da padaria com Paulo ao seu lado, carregando o saco de pães com uma expressão de orgulho e alegria no rosto e assim que o menino entrou pela porta, entregou a carga ao irmão enquanto dizia “Vamos comer que ta quentinho”.

Mas assim que Marcelo entrou, seguindo o garoto, notou a expressão desconfortável no rosto do marido e com a desculpa de dizer para que Paulo fosse lavar as mãos antes de comer, ele conseguiu alguns minutos a sós com Diego e perguntou o que tinha acontecido.

— Aquela megera da avó do Paulo, ela veio aqui de novo. Primeiro tentou dar palpite no que ela chamou de “criação religiosa” dele e depois veio com um papo de que queria ver o menino, porque ele era a única família que sobrou e blá, blá, blá. Eu falei que ia conversar com o Paulo, mas não ia obrigar ele a ver ela. — O rapaz suspirou cansado enquanto se deixava desmontar sobre uma das cadeiras ao lado da mesa.

— Vocês tão falando de mim? — ultimamente o menino estava ficando com uma audição bem atenta e escutava quando o seu nome era mencionado, independente do cômodo em que estivesse. Ao vê-lo retornando para a cozinha, Diego o chamou com um braço estendido e então quando o irmãozinho se aproximou, ele abraçou o garoto com carinho enquanto suspirava cansado.

— Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa ruim? — trocou um olhar cansado com Marcelo, mas viu o marido concordar com um leve meneio de cabeça que parecia dizer “vá em frente, fale pra ele”, e pensou em uma frase que Lola dizia as vezes “é melhor arrancar o band-aid de uma vez. Dói, mas é uma vez só”.

— Paulo... A sua avó veio aqui enquanto vocês estavam na padaria e... — contou tudo ao menino, omitindo a parte sobre as criticas à “criação religiosa”, afinal isso não era da conta da mulher e conforme falava, via o rosto do menino murchar, como um balão que vazava hélio até ficar em uma expressão de completa apatia.

— Eu não gosto dela. — Paulo declarou por fim e quanto a isso Diego não podia contestar. Mas tentou sugerir que ele desse outra chance para a mulher.

— Ela disse que a Mayara pode ir com vocês e me prometeu que não vai te levar na igreja e nem colocar a mão em você. — na verdade, essas informações não tinham sido combinadas com Zulmira, mas tudo bem, ele falaria a ela e repetiria para Mayara que ficaria de olho na velha.

— E se eu quiser ir embora? — Diego disse que se isso acontecesse, Paulo só precisaria informar à Mayara e eles voltariam para casa. Não queria jogar a carta de “sua avó é velha e não tem mais ninguém” porque isso não funcionaria com uma criança de 07 anos.

— Tá, eu vou, mas posso ir na casa da Agatha mais tarde? A mãe dela disse que eu podia, só precisava ligar. — estava acontecendo uma troca ali e Diego não quis negar o pedido do menino e disse que sim, ele podia ir.

— Eu vou falar com a Vanessa e depois ligar para a sua avó. Você não precisa ver ela hoje, na verdade, seria melhor se fosse durante a semana, certo? Ta, agora senta aqui pra gente tomar café. — O menino obedeceu, mas ainda exibia um pouco de desanimo no rosto. Diego não gostou de ver aquela expressão.

***

Depois de dormirem até quase as 10h00, elas levantaram e se arrastaram até a pequena cozinha do apartamento de Letícia, onde ligaram a cafeteira e pegaram algumas coisas na geladeira.

— Tá melhor da cólica? — Mayara sentiu os braços mornos da namorada envolverem seu corpo, um pouco abaixo dos seios e então, deslizou as mãos pela pele macia e morna enquanto soltava um suspiro de alegria.

— Muito. Obrigada por cuidar de mim ontem... — pegou a caixa de suco e depositou-a sobre a bancada, fechou a porta da geladeira e por fim se virou dentro do abraço, dando um beijo suave nos lábios da outra.

Era gostoso beijar Letícia, tão morno e macio e receptivo. Os lábios entreabertos e as línguas se entrelaçando com cuidado enquanto elas aprofundavam o contato e Mayara sentiu que talvez pudesse ir mais além, até que... Uma pontada dolorosa um pouco abaixo da barriga a atingiu e ela gemeu incomodada.

— Voltou? — disse que sim, mas estava mais fraca. O que já era algo a se comemorar.

— Então hoje eu vou te embrulhar nas cobertas de novo, que nem um burrito fofo, e a gente vai passar o dia vendo filmes na tevê. — Letícia se aproximou do rosto da outra e a beijou com carinho nas bochechas e na testa, ficando nas pontas dos pés para dar o último dos três beijos e murmurando o quanto ela a amava.

— Sabe... — Mayara começou a dizer enquanto enchia a xícara de café e olhava para dentro dela como se ali estivessem as respostas que procurava. Ao erguer os olhos viu que Letícia a observava, esperando a continuação da frase.

— Eu... Nunca estive num relacionamento assim, em que não havia cobrança para satisfazer, para retribuir o tempo todo. E acho que é por isso que quando você é tão... Gentil e carinhosa comigo, eu meio que travo e não consigo retribuir, porque nunca experimentei isso antes. Mas é muito bom! — ela sorriu e Letícia se perdeu naquele sorriso lindo e cativante.

— Se depender de mim, daqui pra frente, você vai ser amada como merece. Por completo e no seu tempo. — Letícia declarou, enquanto segurava a mão morna da namorada sobre a mesa e sorria.

***

Combinou com Vanessa de ela vir pegar Paulo depois do almoço. Estava tendo algumas atividades para crianças, por causa das férias, num shopping ali perto e ela ia levar os três, Agatha, Paulo e Luís. No momento falava com a moça pelo telefone.

— Não tem problema mesmo, Van? Se você quiser, eu posso levar o Paulo... É que você tem feito tanta coisa por ele nesses últimos meses... Sim, sim, eu agradeço muito e claro, eu sei que você gosta que ele é amigo da Agatha... — estava feliz que o irmãozinho ia passear, o que significava que ele e o marido ficariam sozinhos por algumas horas, mas também porque o menino precisava sair nas férias.

— Certo; muito obrigado de novo Van. Tá, eu vou deixar ele pronto e daí quando você passar, ta. Obrigado, tchau. — desligou e enquanto dizia ao menino para montar sua “mochila de passeio”, ao mesmo tempo trocava um olhar significativo com o marido.

***

No apartamento de Francisco e Joaquim, os dois estavam sob varias camadas de cobertas enquanto assistiam uma serie num dos streamings que assinavam. Tinha sido uma ideia ótima instalar aquela tevê no quarto, pensou o loiro enquanto que de forma desatenta roçava o corpo contra o do namorado.

— Quin, eu tive pensando numa coisa, mas queria a sua opinião. — ergueu o rosto para olhar o namorado e viu aqueles olhos castanhos e o bigode farto e bonito e sorriu, enquanto se encostava mais contra o corpo do outro e soltava um murmúrio o instigando a continuar.

— Que acha de eu raspar o bigode? — ao ouvir a frase, o loiro sentou-se de chofre, derrubando as cobertas e encarando o namorado com uma expressão surpresa.

— Se você achar que eu não devo, eu... — impediu Francisco de continuar a frase, tampando a boca dele com delicadeza com sua própria mão e em seguida, ao retirá-la, beijou-o nos lábios com carinho.

— Eu acho que você ia ficar muito bem sem o bigode, como também já está com ele. É uma decisão sua, Fran, eu não vou gostar menos de você só porque tirou o bigode... — assim que terminou a frase, uma imagem do ex de Francisco, Maurício, com cabelo tingido de preto veio na sua cabeça.

— Se eu tingisse o cabelo de... Ruivo, você ia gostar menos de mim? — perguntou de forma despretensiosa enquanto puxava as cobertas sobre ambos de novo e por alguns segundos viu um brilho diferente surgir nos olhos do namorado.

— Claro que não! Se bem que você ia ficar fofo de cabelo ruivo... Mas, eu gosto de você do jeito que você é. — Francisco suspirou enquanto abraçava o namorado e pensava como era bom que as “discussões” que eles tinham eram sempre daquele jeito. Em cinco anos de relacionamento, nunca tiveram brigas em que chegaram a dizer coisas das quais se arrependeram depois.

 — Mas você vai raspar? — encarou aqueles olhos claros que o observavam fixamente e sorriu enquanto fazia um agrado no rosto de Joaquim e respondia que “talvez, no futuro”. 

Ouviu o loiro dar um suspiro longo e cansado e então comentar que devia estar estudando, afinal a prova do vestibulinho seria no próximo final de semana e ele queria muito passar.

— Você tem estudado toda noite quando volta da loja, tira o domingo pra descansar um pouco... — o loiro sorriu e concordou, para em seguida voltar a deitar sobre o peito do namorado e assistir o que estava passando na tevê.

Desde daquela tentativa frustrada de transarem há algum tempo, Joaquim não tentou insinuar novas investidas e Francisco também não parecia demonstrar interesse, o que vinha incomodando o loiro e o fazia encher a cabeça de duvidas, que ele não conseguia verbalizar.

***

Vanessa tinha acabado de passar buscar Paulo, ela ia levar os três num evento gratuito que estava acontecendo no shopping. Diego deu para a moça um dinheiro para comprar lanche pro irmãozinho e disse que o menino estava levando um potinho com frutas cortadas na mochila.

— Obedece a mãe da Agatha ta e não se afasta deles, certo? — disse para Paulo e antes de o menino sair, deu um beijo na cabeça do garoto que fez uma careta, mas o abraçou de volta.

Assim que a porta fechou, Diego olhou para o marido que estava vendo tevê e enquanto se jogava sobre o sofá, disse rindo: “Enfim sós”.

 

Continua...

Nota da autora:

Eu sei que faz quase um mês que eu não atualizo essa história (se você estiver lendo na semana de 22 de Setembro), mas aconteceu tanta coisa aqui +eu meio que desanimei de escrever e achei que não ia conseguir continuar, mas no fim aqui está um capítulo novo.

A avó do Paulo, Zulmira voltou e ela não vai desistir do menino, agora, vamos ver como ela vai se comportar perto do garoto. Também tivemos uma cena da Mayara e Letícia e um pouco de Joaquim e Francisco, já imaginaram o Francisco raspando o bigode? É, nem eu.

No próximo capitulo, como ficou implícito, vai ter uma lemon do Marcelo com o Diego e talvez eu fale um pouco sobre o dia das crianças com a Vanessa. Eu já tenho os tópicos base futuros estruturados e pretendo tentar retomar o ritmo para terminar essa história até o fim do ano – porque tenho outras histórias que quero escrever, mas preciso terminar essa aqui primeiro.

Enfim, muito obrigada por ler até aqui e se puder deixar um comentário, eu vou ficar muito feliz. Em parte a minha demora para atualizar é porque pela falta de feedback eu meio que desanimo, já que “quem escreve quer ser lido”.

Até o próximo capítulo,

Perséfone Tenou.

 

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