Tinham acabado de
deixar Paulo na casa de Vanessa e esbarram em Miriam que havia trazido Luís. Logo
que se encontraram, as três crianças sumiram dentro da casa, enquanto a mãe de
Agatha ficou conversando com os responsáveis.
— Podem ficar
tranquilos, eles vão ficar bem. E qualquer coisa eu tenho o número de vocês.
Mas, não vai acontecer nada. Eles não vão sair de casa sozinhos e eu preparei
várias atividades para passarem o dia. — Vanessa estava encostada no portão e
olhou por cima do ombro ao ouvir uns gritinhos animados vindos de dentro da
casa.
— Vão lá vocês
dois e divirtam-se. E você, Miriam, aproveite para estudar em paz pro
vestibular. Sabiam que ela vai prestar vestibular pra Direito este ano? Estou
torcendo por você, menina! — Diego e Marcelo concordaram, desejando sorte para
a moça, que sorriu envergonhada.
Já de volta ao
carro de Diego, Marcelo perguntou se ele já tinha traçado o itinerário do dia,
ao que o rapaz sorriu e respondeu que tinha algumas idéias.
— Eu pensei de a
gente almoçar num restaurante e daí irmos pro cinema e depois pro hotel onde eu
fiz reservas. — Diego virou uma esquina e parou num semáforo, sentindo o olhar
do marido nele.
— Você já tinha
planejado tudo, né? — deu de ombros em resposta enquanto seguia em frente na
avenida e sorriu orgulhoso.
Marcelo se deu
conta de que era sempre Diego que tentava fazer coisas diferentes para manter o
relacionamento deles vivo e isso o deixou meio incomodado, afinal, ao contrário
do marido, Marcelo quase nunca sugeria nada para mudarem a rotina, apesar de
amar o outro e tudo o que ele fazia.
— Bem, então deixa
o restaurante comigo. Conheço um lugar muito bom, fica lá no Bexiga. Já sabe o
que quer ver no cinema? — perguntou para manter a conversa fluindo e ouviu
Diego responder que poderiam escolher na hora.
— A gente pode ir
num daqueles cinemas de arte na Paulista. Faz tempo que eu não vejo nada lá...
— o comentário veio pontuado por um quê de mágoa porque desde a chegada de
Paulo, eles não podiam mais sair quando queriam e a hora que queriam.
— ...Digo, se
estiver tudo bem pra você. Ou a gente pode ver algo num cinema de shopping
mesmo... — Diego complementou apressado, pois ficou com a sensação de que
estava impondo suas vontades ao outro.
— Não, cinema da
Paulista tá ótimo pra mim. E a gente vai curtir esse final de semana da melhor
forma que pudermos. — disse para animar o marido. Gostava de sair com Diego,
gostava de ir ao cinema e a outros lugares com ele. Gostava de estar com ele.
— Sabe, você tá
certo, a gente precisa aproveitar essas pequenas felicidades... — parou em mais
um semáforo e ouviu Marcelo soltar um risinho divertido, ao perguntar “o que foi?” o ouviu dizer.
— Nada, só que,
você poderia repetir o começo dessa frase de novo? — tinha falado mais para
provocar Diego, do que pelo fato de que o outro “quase nunca lhe dava razão”.
— Não posso não,
você vai ter de fazer por merecer. — e então ambos riram enquanto Diego
segurava a mão do marido por alguns instantes, antes do sinal abrir.
***
Ainda tinha de
trabalhar meio período na loja de sabonetes, mas Francisco prometeu buscá-lo
para almoçarem juntos. Desde aquele dia em que Joaquim contou sobre seu desejo
secreto para o namorado, Francisco estava se comportando de forma estranha,
meio distante e receosa. Esperava poder conversar hoje e colocar tudo a limpo.
Com seu “desconto de funcionário”, Joaquim comprou
uma caixa com três sabonetes artesanais para dar de presente ao namorado. O
engraçado era que agora que ele tinha salário, por menor que fosse, e podia
comprar algo melhor para Francisco, ele não tinha tempo! Sempre que saia da
loja estava muito cansado para ir às compras.
Enquanto segurava
a caixa de sabonetes embrulhada, sua mente se enchia de pensamentos
deprimentes, por mais que se esforçasse para colocar outras coisas na cabeça, não
conseguia. Por fim, suspirou cansado.
Teve sua atenção
atraída pelo sininho em cima da porta que informava a entrada de clientes.
— Oi, pronto pra
ir embora? — era Francisco, que pela primeira vez em tempos, veio buscá-lo
trajando jeans e camiseta, ao invés do terno de sempre.
— Faltam cinco
minutos, mas acho que não tem problema. A data problemática já passou mesmo. —
Ao ouvir isso, Francisco perguntou qual data era essa e Joaquim respondeu,
rindo.
— “Dia dos namorados”. Depois do Dia das
mães e Natal, é uma das maiores datas do varejo. — trancou a loja e baixou a tela
protetora.
— Olha só quem tá
se tornando um homem de negócios. — Francisco o abraçou e beijou antes de abrir
a porta do passageiro no carro.
— Nem tanto... — o
loiro respondeu meio envergonhado enquanto se ajeitava no banco e via o
namorado dar a volta no carro.
Assim que
Francisco entrou, entregou a ele o embrulho, ao mesmo tempo em que murmurava “É só uma lembrancinha boba...”. Mas
antes que terminasse a frase, foi surpreendido por um beijo caloroso do
namorado.
— Vindo de você,
qualquer presente é maravilhoso. — Francisco ligou o carro e então disse.
— Agora, onde você
quer almoçar hoje? Pode escolher. — Francisco falou enquanto abria o papel de
embrulho e então, tirava uma das peças de sabonete da embalagem, levando-a até
o nariz e murmurando “cheiroso”.
— Que tal...
Comida italiana? Tem um lugar que a Mayara me indicou e... — ao que ouviu o
namorado dizer animado, “Italiana, então!”
***
Letícia tinha ido
buscá-la bem cedo e Mayara já havia avisado para as mães que passaria a noite
fora, mas só depois de prometer que iria ligar para elas mais a noite. Quando
contou isso a Letícia, a ouviu rir baixinho e dizer que as mães de Mayara eram
fofas.
— Elas são controladoras,
isso sim! — estavam no carro de Letícia, indo almoçar num restaurante vegano
que tinha acabado de abrir no centro.
— Mas é sério,
May, eu gostaria que meus pais tivessem sido assim tão preocupados comigo. —
Mayara perguntou como foi a infância da outra, ao que a moça respondeu,
desanimada.
— Terrível. Meu
pai tem uma cadeia de restaurantes, e nunca ficava em casa e minha mãe se
enfiou em vários projetos filantrópicos, só pra “ocupar o tempo”. O engraçado é que isso começou só depois de eu ter
nascido. — Letícia virou o carro a esquerda antes de continuar.
— Daí, desde bebê
eu fiquei em creches e na mão de babás, depois veio escola em período integral
e todo tipo de atividades extracurriculares pra me impedir de ficar em casa. E,
quando eu disse que ia estudar marketing, meus pais quase tiveram um treco,
porque queriam que eu fizesse medicina, mas enfim... — Letícia suspirou e virou
outra curva com o carro.
— Sei que tudo
isso deve parecer “problema de gente
branca e rica”, o que de certa forma faz sentido, porque eu sou branca e
meus pais são ricos! Mas crescer sem o carinho e a preocupação deles dói, sabe,
é como se eu fosse invisível. — Letícia fez um pequeno som de língua estalando
antes de continuar.
— Desculpa, hoje
era pra ser um dia legal pra gente e eu estou aqui jogando meu passado
depressivo em cima de você e... — Mayara sorriu de forma terna enquanto negava
com um gesto de cabeça e um murmúrio.
— Eu agradeço por
você ter confiado em mim e me contado isso. Deve ter sido difícil crescer
assim... Sozinha. — viu Letícia sorrir enquanto entrava no estacionamento do
restaurante.
— Obrigada por me
dar esse apoio. — elas trocaram um beijo rápido antes de descerem do carro e
rumarem em direção ao restaurante. Ambas sentindo-se mais próximas após aquela
conversa.
***
Eles estavam
esperando o garçom trazer os pedidos. Era uma cantina italiana pequena e
simpática e Diego gostou especialmente do fato de que no horário que eles chegaram
o lugar não estava cheio. Foi quando viu alguém conhecido entrar pela pequena
porta e quando seu olhar encontrou o de Joaquim, Diego sorriu e acenou para ele,
chamando-os.
— Aquele é o
marido do Marcelo acenando pra gente? — ouviu Francisco perguntar conforme
cruzavam o pequeno salão até chegarem à mesa próxima a parede, ao que Joaquim
respondeu com um murmúrio positivo.
— Oi, que
coincidência achar vocês aqui também. — após uma breve conversa, convidaram os
dois para sentarem a mesa com eles e assim que o garçom trouxe os pedidos,
voltou para a cozinha com para buscar os dos recém-chegados.
Conversaram sobre
amenidades e comentaram os planos para o resto do dia. Diego viu Joaquim tomar
uma segunda taça de vinho sem sequer ter tocado direito no prato que tinha
pedido e sentiu um impulso de fazer uma repreensão gentil ao rapaz, mas, acabou
desistindo quando viu Francisco comentar em um tom de voz baixo.
— Quim, você
precisa comer alguma coisa antes de tomar tanto vinho. Lembre que hoje você não
almoçou. — o loiro sorriu desconfortável e depositou a taça sobre a mesa,
enchendo o garfo com um bocado de massa que colocou na boca sem grande
animação.
A verdade era que
Joaquim queria beber o suficiente para se sentir mais confiante, apesar de
saber que sempre que tomava álcool a coisa acabava de forma oposta. Ele tinha pedido algo fora da zona de conforto
de Francisco e agora achava que deveria tomar o controle do que quer que eles
acabassem fazendo quando voltassem para casa.
— E o Paulo, ficou
com a Mayara? — perguntou o loiro numa tentativa de quebrar o silêncio
desconfortável que tinha caído sobre a mesa. Ouviu Diego dizer que não, que a
amiga saiu com a namorada, mas o menino tinha ficado na casa da mãe de uma
coleguinha.
— Que bom que ele
ficou na casa da amiguinha. E a Letícia é uma moça bem legal, não? A gente se
falou um pouco no aniversário do Marcelo. Elas fazem um belo casal. — a
conversa começou a fluir de novo e Joaquim evitou encher a taça uma terceira
vez, ainda mais depois que seu estomago deu um ronco baixo, informando que ele
precisava mesmo se alimentar.
Quando chegou a
hora de pedir a conta, Francisco quis pagar por tudo, ao que Joaquim soltou um
risinho divertido e murmurou algo como “típico”,
mas no fim chegaram ao acordo de que cada casal pagaria pela refeição que
pediu.
— Vamos marcar de
sair um dia desses, me manda um whats e a gente vai combinando. — Francisco
falou enquanto apertava a mão de Marcelo e Diego e em seguida saia da cantina,
acompanhado pelo namorado que parecia irritado.
— Eu gosto deles.
São bons amigos. Mas deu pra notar que estão tendo algum tipo de
desentendimento, você também notou? — Diego perguntou enquanto se levantavam
para ir embora e ouviu Marcelo concordar e complementar que eles tinham
temperamentos muito diferentes.
— Mas no fim vão
acabar se acertando. O Francisco me disse que o Joaquim é bastante inseguro e
que isso às vezes meio que cria obstáculos no relacionamento deles. Mas no fim eles
sempre conseguem contornar. — pensou em seu próprio relacionamento com Diego,
que sofria de ansiedade crônica não tratada e das crises que às vezes o marido tinha
e que envolviam o pavor de ser abandonado.
— Certo, pra onde
agora? Quer ir pro cinema? — entraram no estacionamento onde tinham parado e
antes de abrirem o carro, Diego abraçou o marido, apertando-o contra o veiculo
ao mesmo tempo em que colava com suavidade os próprios lábios contra os do
outro, num beijo gentil.
— Nosso
relacionamento pode não ser perfeito, acho que o de ninguém é, mas eu te amo
muito, sabia disso? — Diego disse em um sussurro enquanto olhava para o rosto
bonito do marido e em seguida destravava o alarme do carro.
***
No restaurante
vegano, Mayara e Letícia terminavam a sobremesa de sala de frutas e enquanto
via a namorada terminar as últimas colheradas, Mayara sentiu o coração apertar
no peito, pois sabia que dali elas iriam para o apartamento da outra e que ela
tinha prometido que fariam alguma coisa intima. Apesar de que lá no fundo ela
não tinha mais tanta certeza de que seria capaz.
Como se percebendo
o seu receio, Letícia deslizou a mão sobre a mesa com suavidade e segurou a de
Mayara em um aperto gentil. Passeou o polegar com cuidado sobre as costas da
mão dela, apreciando a textura macia da pele delicada. E permaneceu assim por
alguns minutos, não disse nada, apenas permitiu-se apreciar a sensação morna e
delicada daquela pele sedosa sob seu dedo e o carinho gentil que estava aplicando.
— Você está com
receio de ir pro meu apartamento, porque falou que a gente poderia levar o
relacionamento para outro nível, mas agora não tem certeza, estou certa, não é?
— viu a outra moça abrir e fechar os lábios algumas vezes, lembrando muito um
peixinho que caiu fora do aquário. Adorava tudo em Mayara, não só sua aparência
física, mas também sua personalidade e comportamento gentil.
— Está assim tão
óbvio? — sentiu que poderia abrir um buraco no chão e se enterrar lá dentro
para sempre. O coração batia como um tambor dentro do peito; e ela sabia que
estava corada, pois as bochechas pareciam estar pegando fogo.
— Sim e não. A
gente se conhece há seis meses e nesse tempo eu aprendi a ler alguns sinais de
ansiedade em você. Mas, o que eu quero que saiba é que não existe “jeito certo” de ter algo intimo com a
pessoa com quem estamos namorando. A gente se beija às vezes e é muito bom, eu
adoro beijar você. E no outro dia tivemos algo mais complexo no seu quarto e
foi ótimo! O que eu quero dizer é que, vamos lá para casa e faremos o que você
quiser e só até onde você quiser. — Letícia sentiu a mão que estava acariciando
se mover e envolver a sua com carinho.
— Eu só não acho
certo, você nunca deve ter ficado tanto tempo sem... Você sabe, dentro de um
relacionamento. — Aquela era outra coisa que adorava em Mayara, a timidez dela
de falar certas coisas.
— Não vou mentir. Nos
meus relacionamentos anteriores a coisa toda era bastante... Física, mas eu não
sou uma pessoa que prioriza isso. As minhas ex-namoradas sim e como eu queria
que elas ficassem felizes, deixava o namoro ir por esse caminho mais rápido.
Olha May, eu gosto de você, gosto demais e sei que pra você é complicado fazer
algo mais... Físico sem uma grande conexão emocional. Então, o que eu quero
dizer é que... — Letícia suspirou e segurou a mão de Mayara com as suas.
— Eu vou até onde
você permitir que eu vá. Não estou desesperada para ficarmos intimas,
fisicamente, porque na verdade já somos intimas de varias outras maneiras.
Então, o que me diz de a gente pagar a conta e ir lá pra casa, podemos ver um
filme ou só ficar abraçadas no sofá ou pode rolar alguma coisa a mais... Mas se
não rolar, tá tudo bem também. — Mayara sentiu que pequenas lágrimas se
juntavam em seus olhos e secou-as com delicadeza enquanto esboçava um sorriso delicado.
— Obrigada por ser
tão compreensiva. — ao que ouviu Letícia responder, “Não tem o que agradecer, faz parte de ser sua namorada”.
***
— O que houve com
você? — ouviu Francisco perguntar enquanto entravam na garagem do apartamento,
mas não conseguiu pensar numa resposta satisfatória, então permaneceu em
silencio. Joaquim não tinha dito uma única palavra durante todo o trajeto até
em casa.
— Sério Joaquim, estava
tudo bem até antes de a gente encontrar com eles na cantina. — entraram no
elevador e o loiro se encostou na parede oposta da cabine. Não sabia explicar
porque se comportou de forma tão grosseira durante uma parte do almoço.
— Eu não sei. Acho
que comecei a pensar naquele absurdo que pedi pra você fazer outro dia e
comecei a me sentir envergonhado e achei que talvez se eu bebesse um pouco eu pudesse...
— o elevador chegou ao andar, fazendo com que ele parasse a frase no meio. Joaquim
desceu e pegou as chaves no bolso, ignorando as perguntas de Francisco para que
terminasse a frase.
— Não no corredor.
— murmurou por entre dentes enquanto abria a porta.
A coisa toda
aconteceu muito rápido. Mal passaram pela porta do apartamento, Joaquim
sentiu-se ser prensado contra a mesma e a sensação áspera do bigode do namorado
roçando contra seu pescoço conforme ele beijava a área da curva com certa
urgência.
— O que você
está...? — mas foi calado antes que pudesse terminar a frase, pois a mão morna
e grande de Francisco cobriu seus lábios fazendo uma leve pressão. E sob a pele
macia que cobria sua boca, Joaquim sorriu, pois notou que o namorado estava
tentando atender aquela sua fantasia secreta.
— Hoje você não
fala mais nada, até eu dizer que pode. Entendeu? — meneou a cabeça concordando
e sentiu-se ser despido de todas as peças que vestia e a cada pedaço de pele
exposto, era presenteado com um beijo lascivo e demorado no local. Logo estava
totalmente nu.
Foi levado pela
mão até o quarto, onde Francisco o empurrou com certa bruteza sobre a cama. Mas
mesmo tentando ser violento, Joaquim notava que o namorado era cuidadoso e isso
o fez amá-lo ainda mais. Observou o outro despir-se e exibir ao remover a roupa
íntima, uma rigidez firme que se contraia em pulsação.
— Venha até aqui.
— obedeceu, engatinhando com lentidão até a beira da cama, onde o namorado o
esperava com a ereção firme e morna a vista. Sentiu as mãos grandes e firmes
dele se enredarem em seus cabelos e puxarem sua cabeça com cuidado em direção
aquela turgidez viva.
— Agora...
Satisfaça-me. — ergueu os olhos por alguns segundos em um questionamento
silencioso de se era aquilo mesmo que o outro queria dizer. Francisco nunca foi
de usar palavras vulgares durante o sexo e tinha de admitir que apenas a
postura imponente e dominante dele naquele momento estava causando bastante
estrago e por fim, Joaquim chegou à conclusão de que gostava daquelas ordens
rebuscadas.
Segurou a base da
rigidez com os dedos longos e ainda olhando para Francisco, depositou um beijo
suave na ponta intumescida da ereção, ao que em resposta sentiu um carinho
suave ser feito em sua bochecha esquerda, para em seguida ouvir a voz do outro
ordenar com firmeza.
— Não olhe para
mim! Apenas faça o que eu mandei. — baixando o olhar, Joaquim abarcou a firmeza
morna dentro da boca, iniciando o movimento ritmado de felação. Mas, o que ele
não imaginava, era o quanto estava sendo difícil para Francisco manter a frieza
durante o ato.
Ele queria cobrir
o namorado de beijos e carinhos, satisfazê-lo e estimular cada ponto erógeno do
corpo do loiro, vê-lo se desmanchar de prazer sob seus dedos. Mas ao tentar
fingir-se de indiferente, sentia que não estava fazendo algo certo, que estava
sendo muito enérgico e talvez até violento e temia machucar o namorado conforme
a encenação ia se desenrolado.
Mas por alguns
segundos esqueceu seus receios ao ver o topo da cabeça loira de Joaquim e parte
da nuca. As costas pálidas e esguias, as nádegas firmes e arredondadas sob as
quais estavam os pés pálidos, numa postura totalmente submissa e sensual.
E aquela visão o
excitou.
Encheu os dedos
com os fios loiros e macios e deu um leve puxão em um punhado, não forte o
suficiente para causar dor, mas eficaz o bastante para fazer o baixo-ventre de
Joaquim responder. Sentiu-se ser removido daquela cavidade úmida e morna e
então a delicadeza aveludada da língua do loiro deslizar sob sua rigidez,
envolvendo a área abaixo e em seguida retomando a felação.
Francisco sentiu
que estava quase atingindo o ápice e em um gesto impulsivo, fez o namorado
parar e encará-lo com uma expressão surpresa. Ao que, após derrubá-lo sobre a
cama, Francisco sussurrou em seu ouvido.
— Eu quero gozar,
mas vai ser dentro de você. — viu o loiro ofegar em resposta e tal expressão
serviu para lhe dar um novo gás. Pegou os preservativos e o lubrificante na
mesinha de cabeceira, afinal, não é porque estava fingindo ser um cafajeste
insensível que iria causar dor e desconforto reais ao namorado.
Foi estimulado a
exaustão, sentia que sua entrada pulsava ansiosa para realizarem o ato, mas
Francisco o estava torturando. Masturbou-o até quase atingir o ápice e então
apertou a ponta de sua ereção, impedindo-o de gozar. E então, ele sentiu-o
roçar sua rigidez recoberta pelo preservativo contra sua entrada, mas sem ainda
consumar a ação, o que estava deixando Joaquim cada vez mais frustrado, na
mesma medida que se sentia excitado. Sua cabeça girava e a respiração estava
ficando pesada, enquanto ele ansiava pelo momento em que se uniriam.
Para sua surpresa,
teve então os pulsos seguros sobre a cabeça por uma das mãos de Francisco e
sentiu o hálito morno dele contra seu ouvido quando ele lhe perguntou num
sussurro quase obsceno.
— O que você quer?
Se não me disser exatamente o que você quer que eu faça, vou te deixar assim e
vou tomar um banho. Mas eu quero que fale de forma bem clara e explícita... —
ofegou algumas vezes, extasiado com toda aquela encenação realista e enquanto
jogava a cabeça para trás e fechava as pálpebras, Joaquim disse, esquecendo-se
de qualquer pudor.
— Eu quero você
dentro de mim. Todo enterrado em mim, eu quero que você me foda como um animal,
quero que me use pra se satisfazer, quero que despeje tudo o que tiver dentro
de mim! Eu quero... — mas foi calado por um beijo longo e profundo ao mesmo
tempo em que sentia suas coxas serem encaixadas ao redor da cintura de
Francisco e sua firmeza morna o invadir em um único movimento vigoroso, seguido
por uma série de pequenas investidas cadenciadas.
O movimento seco
arrancou um gemido silencioso dos lábios de Joaquim, que arregalou os olhos e
fixou-os no rosto do namorado, que estava com as pálpebras fechadas,
completamente entregue ao êxtase daquela sensação.
— É assim... Assim
que você gosta? É desse jeito que você queria? — os dedos firmes de Francisco
se afundaram nas laterais de seus quadris enquanto ele investia com cada vez
mais vigor e maestria. Em resposta, Joaquim só conseguiu ofegar e gemer, agora com os pulsos soltos, cravou as unhas
com força nos ombros do namorado, arranhando-o com lentidão, pois as palavras
estavam fugindo de sua mente a cada novo movimento firme contra seu corpo.
E então de repente
sentiu-se vazio. Francisco havia se retirado de dentro dele por alguns
segundos. Apenas o suficiente para virá-lo de bruços e elevar seus quadris,
deixando-o numa posição a qual normalmente não gostava muito, mas que naquele
momento parecia excitante.
Ele o invadiu sem
aviso, puxando sua cintura com firmeza e em seguida envolvendo seu pescoço,
apertando-o de leve. Apenas o bastante para causar certa onda de adrenalina. Em
seguida sentiu seu corpo ser puxado para trás e para cima e então estava
sentado sobre as pernas de Francisco, que continuava penetrando-o com maestria,
enquanto envolvia sua cintura e em seguida sua rigidez dolorosa com uma das
mãos grandes e firmes.
— Quim, eu acho
que eu vou... — ouvir aquele apelido gentil foi quase como uma brisa de ar
fresco no meio do incêndio que aquilo estava sendo e isso fez o loiro suspirar
e levar um dos braços para trás, puxando o namorado para beijá-lo.
— Eu também... —
mais alguns movimentos firmes contra seu corpo e então ele sentiu a semente
morna de Francisco ser despejada contra o látex do preservativo dentro de si. A
mão do namorado continuava envolvendo sua rigidez e masturbando-o num ritmo
lento e constante, mas foi só quando o ouviu sussurrar aquilo contra seu
ouvido, que Joaquim se desfez em prazer contra a mão experiente de Francisco.
— Goza pra mim. — jogou a cabeça para trás,
apoiando-a no tórax morno do namorado enquanto sentia o pequeno jato morno
esguichar aos poucos e um espasmo elétrico percorrer sua espinha.
Sentiu-se ser
depositado com cuidado sobre a cama e observou o namorado descartar o
preservativo e voltar do banheiro com uma toalha úmida, a qual usou para limpar
os vestígios do prazer de Joaquim, que tinham alcançado a altura da própria
barriga.
Um beijo suave foi
depositado em sua testa e Francisco se deitou ao seu lado na cama ampla, nu e
ofegante e eles permaneceram em silencio por alguns minutos, apenas apreciando
toda aquela experiência, até que o silencio foi quebrado por uma pergunta
receosa de Francisco.
— Eu não te
machuquei, não é? — Joaquim sorriu e após dar um beijo delicado nos lábios do
namorado e enroscar-se num abraço com ele, respondeu com a voz levemente rouca
e ainda um pouco ofegante.
— Você foi...
maravilhoso. Obrigado por realizar esse desejo meu. — sentiu um afago gentil
ser feito em seus cabelos, o mesmo afago que experimentou enquanto satisfazia o
namorado um pouco antes.
— Se você está
feliz, então eu também fico feliz. Mas preciso te dizer, fiquei com medo de dar
tudo errado. Eu nunca fui... Assim! Com ninguém antes, muito menos com você,
ainda mais com todo o passado traumático que você tem, eu jamais iria querer te
causar... — sentiu o toque delicado dos dedos de Joaquim em seu rosto e olhou
para baixo, vendo-o exibir um sorriso de pura felicidade, o que fez seu coração
acelerar algumas batidas.
— Você é a melhor
coisa que já aconteceu na minha vida, Francisco. E depois de hoje, eu sei que
posso confiar meus desejos mais secretos a você, sem medo de julgamento. Eu te
amo e amo como você faz amor comigo, mas às vezes... Eu sentia vontade de fazer
algo mais... Enérgico. E você realizou essa minha fantasia. — não tinha sido fácil
para ele se expor daquele jeito, pedir que o namorado que era sempre tão gentil
e carinhoso o tratasse de forma brusca.
— Se você tiver
alguma fantasia que quer satisfazer no futuro, pode me dizer também que eu vou
fazer o meu melhor para realizá-la. — Francisco sorriu e beijou o namorado com
carinho, aconchegando-o no seu abraço enquanto ligava a tevê que ficava em
frente da cama.
— Bom, por agora
meu único desejo é que a gente fique aqui abraçadinho e curtindo um filme. Mas
pode deixar que se eu pensar em algo mais, eu te falo. — ele tinha uma fantasia
que gostaria de realizar um dia, mas por hoje já tinham tornado realidade
desejos suficientes.
Joaquim acabou
adormecendo alguns minutos após o filme começar e Francisco sorriu meio bobo
enquanto olhava o namorado adormecido, conferindo se não tinha deixado nenhuma
marca no corpo dele.
É, foi um ótimo
Dia dos Namorados para eles.
Continua...
Nota da autora:
Bom, se você
estiver lendo este capitulo logo que ele foi lançado (Julho/2022) eu quero
pedir desculpas pelo hiato de mais de dois meses, eu tive alguns falecimentos
de pessoas importantes da família, peguei Covid e outras coisas que me
desanimaram muito de voltar a escrever.
Por isso quero
agradecer a você que não desistiu de mim e continuou aqui esperando a
atualização. Vou ser sincera e dizer que não sei se ficou bom, pois né, faz
quase 2 meses que eu não escrevo, então acho que fiquei meio enferrujada, mas
tentei o meu melhor.
O dia dos
namorados vai ser dividido em mais dois capítulos, neste aqui tivemos o do
Joaquim e do Francisco e eu quero saber o que você vocês acharam da cena deles.
Tentei tornar algo mais firme, mas sem ficar vulgar, até porque a personalidade
dos dois não encaixaria em algo assim.
Mas enfim é isso,
obrigada por ler até aqui e prometo que vou tentar não me ausentar mais por
tanto tempo, vocês não tem ideia do quão mal eu me sentia por não conseguir
atualizar a história.
É isso, obrigada e
até o próximo capítulo.
Perséfone Tenou
2022
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