sábado, 27 de janeiro de 2024

O último Réquiem - Capítulo 04

  

            Ao entrar no pequeno apartamento, encontrou Sophier adormecido, com uma de suas composições presa entre os dedos. Tal imagem o fez pensar que talvez ele estivesse preocupado com onde havia passado a noite. Aproximou-se da cama e observou o rosto adormecido do outro. Tão sereno e repleto de uma paz tranqüilizadora que fez pensar que tudo o que havia passado nas ultimas horas não havia sido nada além de um grande pesadelo.


            Deixou que seus dedos tocassem o rosto de Sophier, afastando algumas mechas de cabelo para longe, expondo mais as feições tão belas do outro. Tocou os próprios lábios, pensando que há apenas uma hora atrás eles estiveram pressionando uma boca que não fora a de Sophier, tal lembrança lhe causou calafrios terríveis por todo o corpo e sem pensar muito em suas ações, Casper ajoelhou-se ao lado da cama e beijou o outro, que continuava adormecido.

Sentiu o hálito morno que escapava por entre a boca entreaberta e fechou os olhos para aproveitar o momento, mas surpreendeu-se ao notar que algo encostava contra sua boca, uma coisa úmida que se movia pedindo passagem. Abriu os olhos surpreso, encontrando Sophier desperto, encarando-o com olhos indecifráveis.

No mesmo momento se levantou e afastou-se sussurrando um pedido de desculpas para o outro, que se sentou na cama, a partitura ainda presa em sua mão e com o mais lindo sorriso que ele já havia visto na vida, estampado no rosto.

– Se eu soubesse que seria correspondido, não teria sofrido tanto sozinho. – foram as palavras proferidas por Sophier enquanto ele se levantava e parava a frente de Casper, que o encarava com uma duvida crescente no olhar. Não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir, Sophier nutria sentimentos por ele?

– Você... Sente algo por mim? – foi a pergunta feita por Casper, vacilante e receoso de que a resposta fosse negativa e que tudo o que ele havia ouvido estivesse errado. Sophier segurou sua mão entre as dele e a apertou com gentileza enquanto encarava aquelas esmeraldas profundas que eram os olhos do moreno.

– Desde aquele dia que eu o salvei do ataque feito pelo Duque, não consigo parar de pensar em você... De outra forma. – Sophier baixou os olhos para a mão que segurava e deslizou o polegar por sobre as costas da mesma, observando como Casper se arrepiava perante seu toque.

– Mas eu tive medo de acabar com a nossa amizade declarando meus sentimentos... – elevou então o olhar, encontrando aquelas pedras verdes o encarando de volta. Não havia raiva ou ressentimento naqueles olhos, apenas um carinho crescente.

– Você nunca acabaria com a nossa amizade por causa disso... Eu também sofri em silencio durante muito tempo, talvez mais até do que você. – segredou Casper olhando para o lado, envergonhado com o que deixava escapar. Sentiu os dedos firmes de Sophier segurando seu rosto e fazendo-o encará-lo. Sentiu o peso daqueles olhos castanhos enquanto os dedos em seu queixo o mantinham preso.

– Não há mais nada a dizer então... Que não possa ser expresso por um beijo. – disse Sophier, enquanto puxava o rosto do outro para próximo do seu, deixando que seus lábios se colassem em um toque suave e sensual. As bocas se entreabrindo e as línguas buscando uma a outra, entrelaçando-se, para total deleite de ambos.

            Aos tropeços caminharam até a cama, onde se sentaram e continuaram a troca de beijos e carinhos. Sophier abriu o casaco de Casper e encontrou as manchas de sangue na camisa branca, olhou para ele com surpresa e duvida no olhar, mas o moreno sorriu de canto e disse apenas.

– Tive de lidar com um pequeno problema esta manhã, nada com que se preocupar. – viu o olhar de Sophier ficar cheio de duvida e acariciou o rosto do mesmo, tentando fazê-lo esquecer daquelas manchas em sua roupa. Aquilo não era importante naquele momento.

            Deixou que seus lábios se colassem novamente enquanto enchia os dedos longos e frágeis com os fios castanhos de Sophier e sentia o outro fazer o mesmo com seu cabelo negro e volumoso. Notou a mão do poeta acariciando seu pescoço e um arrepio forte percorreu todo seu corpo.

            Em poucos minutos sua camisa foi desabotoada, assim como a de Sophier. Fora deitado na cama diminuta e experimentou o toque dos lábios macios e mornos do amigo sugando seus mamilos, jogou a cabeça para trás em êxtase, as mechas negras cobrindo o travesseiro, tornando-o quase impossível de ser visto.

            Não conseguia acreditar que estavam ali prestes a fazerem amor, podia perceber o calor do corpo de Sophier sobre o seu e tal sensação fazia seu coração bater cada vez mais forte e rápido dentro do peito, quase como se fosse rebentar para fora. Puxou o outro para mais um beijo e sentiu os lábios macios acariciarem a curva de seu pescoço, sugando a pele com cuidado, causando uma nova onda de calafrios por todo seu corpo.

            As mãos do poeta passeavam por todo o corpo do músico, agora ambos completamente despidos, sentiam a fricção de seus membros um contra o outro e o efeito que a mesma causou serviu como um gatilho para impulsioná-los a fazer algo mais. Casper sentiu os dedos de Sophier envolvendo sua excitação e acariciando-a em movimentos ritmados para cima e para baixo, fazendo com que todo seu corpo ficasse em estado de total alerta.

– Hmm, So-phier... Pare... Ou eu vou acabar... – não conseguiu terminar a frase, tamanho era o prazer que aquele simples toque lhe causava. Sentiu que o outro soltava sua ereção, voltando a beijá-lo na curva do pescoço, enquanto uma das suas mãos deslizava por seu quadril, rumando em direção a linha abaixo da cintura, enquanto os lábios traçavam um caminho semelhante, tocando seu tórax e ventre.

            Sophier observava as reações do outro aos seus toques e deixou que um sorriso diminuto surgisse em sua face, completamente satisfeito com a resposta que o corpo de Casper dava a ele. Deixou que uma das mãos deslizasse pela lateral do corpo do outro, apertando a carne tenra das coxas, enquanto apartava as pernas, deixando a virilidade excitada do outro completamente a vista. Pensou alguns segundos no que planejava fazer, mas apesar de todo o receio que povoava sua mente, algo o impelia a seguir em frente.

            Quando Casper notou o que o outro ia fazer, já era tarde demais. Apenas sentiu-se ser completamente tragado pela onda de satisfação que experimentou ao ter sua masculinidade sugada pela cavidade úmida que era a boca de Sophier. Apreciou a sensação que a língua morna e macia do outro causava por toda a extensão de sua rigidez, enquanto a sucção dos lábios ao redor de sua excitação o levava aos céus.

            A surpresa pelo ato feito por Sophier foi genuína e estava estampada no rosto afogueado de Casper, que jamais imaginara que o amigo seria capaz de fazer algo tão ousado. O gesto a seguir complementou o choque do moreno, que sentiu seu membro ser abandonado e observou o outro levar dois dedos a boca, sugando-os sensualmente.

            Durante todo o tempo não cortaram o contato visual, fixo no rosto um do outro, como se aquilo fosse uma forma de ressaltar o fato de que tudo aquilo era real e estava acontecendo naquele momento. Sophier sentia-se ainda mais excitado sob o olhar profundo e esverdeado do músico e aproximou-se do rosto do mesmo para roubar mais um beijo daqueles lábios macios.

            Colou a boca na de Casper e enquanto deixava-se perder nas sensações causadas por aquela língua que se enroscava na sua, fez com que seus dedos úmidos buscassem a entrada oculta do outro, tateando por entre as nádegas macias e sedosas ao toque. Encontrou então o local e começou a forçar a invasão de seus dígitos naquela fenda diminuta que parecia resistir a suas investidas.

– Ahh... Sophier... – foram as únicas palavras que escaparam de Casper que quebrou o contato em busca de ar. Podia sentir os dedos invadindo seu orifício, apartando as paredes de seu corpo, preparando-o para o que viria a seguir. O incomodo era bastante presente, mas a sensação se tornou mais amena quando sentiu que toques eram dispensado em sua excitação, causando uma serie de arrepios prazerosos por todo seu ser.

            Sentia-se quente e todos os músculos de seu corpo pareciam queimar e pulsar, contraindo-se em resposta aos estímulos feitos pelas mãos de Sophier. Os dedos invadiam cada vez mais sua fenda, obrigando-o a deixar os primeiros ofegos escaparem por entre os lábios enquanto sua cabeça afundava-se contra o travesseiro.

– Toque-me Casper... – pediu o poeta enquanto tomava a mão do outro na sua e o guiava até sua excitação em riste. Experimentou a sensação do toque macio que a palma da mão do outro causava contra a pele quente de sua ereção, tal impressão causando uma forte onda de calor por todo seu corpo, que se espalhou daquele ponto especifico para todo o resto dele.

            Continuava investindo seus dedos contra a entrada de Casper, que agora parecia mais receptiva a sua invasão. Observou o quadro que se formava a sua frente, o moreno deitado na cama com as pernas afastadas e totalmente exposto a ele, seu peito subindo e descendo em uma velocidade alucinadora e os olhos esverdeados, aqueles olhos mereciam um poema tamanha sensualidade eles exalavam enquanto o fitavam de volta, com pequenas lágrimas nos cantos. Tal imagem ficaria para sempre gravada em sua memória.

– Sophier... Por favor... – pediu envergonhado, sentia que os dedos do outro em seu orifício já não eram o suficiente. Precisava experimentar algo mais, que o fizesse alcançar uma satisfação maior do que a que estava sentindo naquele momento. Jamais conhecera sensação tão lasciva quanto aquela, mas algo em seu corpo o instigava por mais.

            O poeta compreendendo o pedido do outro, retirou os dedos da entrada do moreno e recebeu um gemido baixo em resposta a tal gesto. Mas logo segurou as coxas de Casper e colocou suas pernas sobre os ombros, enquanto deslizava a ponta do seu órgão excitado contra aquela pequena fenda umedecida com sua própria saliva. 

            Sentiu-se ser absorvido lentamente pela pequena abertura, que parecia tragá-lo por completo para dentro daquele corpo tão receptivo. A pressão em volta de sua rigidez parecia esmagá-lo e ondas violentas de prazer invadiram todo seu corpo perante tal experiência. Olhou então para seu parceiro, o rosto corado e ofegante e os olhos que derramavam pequenas lágrimas. Esticou uma das mãos em direção a face de Casper e secou as gotas com a ponta de um dos dedos, para em seguida acariciar a bochecha do moreno com os nós dos dedos em um carinho gentil.

            Casper por sua vez inclinou a cabeça contra a mão que o tocava, roçando o rosto contra aqueles dedos mornos, expressando sua cumplicidade. Podia senti-lo dentro dele e aquilo era algo maravilhoso e assustador ao mesmo tempo. Invadia-o lentamente, afastando as paredes de seu corpo com cuidado, tornando a investida cada vez mais profunda.

            Quando sentiu que o músico havia se acostumado com o que o estava preenchendo, Sophier iniciou os movimentos contra os quadris do outro, lentamente, para não machucá-lo. Mesmo assim podia notar na expressão de Casper traços de dor e desconforto, pensando em amenizar tais problemas, inclinou-se em direção ao rosto do amigo e deixou que seus lábios se tocassem, absorveu um pouco do ar quente que vinha da boca morna de Casper enquanto beijavam-se.

            Continuou com as investidas, acelerando lentamente o ritmo dos movimentos, enquanto ainda deixava que suas bocas permanecessem coladas, as línguas entrelaçando-se voluptuosamente. Jamais se imaginara fazendo aquilo com outro homem, muito menos com Casper, mas desde aquele dia que o viu seminu e parcialmente excitado, sua mente não conseguia pensar em outra coisa que não fosse aquilo que estava acontecendo naquele momento. Os dois juntos na cama, ofegando e gemendo, completamente alheios ao resto do mundo que os cercava.

              Aumentou as investidas, sentindo o corpo de Casper bater contra o seu a cada vez que se enfiava contra o corpo morno que lhe era oferecido. Podia ouvir os gemidos melodiosos que escapavam da boca macia que estava entreaberta em um ofego deliciado. Sentiu que Casper procurava sua mão sobre a cama e entrelaçou os dedos na dele ao segurá-la, levou-a então próximo aos lábios e beijou as costas da mesma com carinho e cuidado enquanto sentia que o corpo do moreno o apertava cada vez mais, puxando-o para dentro.

            A pressão era tanta que não conseguia se conter muito mais, investindo com mais força contra a entrada trêmula de Casper, sentiu-se esvair em gozo, segundos após apertar a mão que segurava. Observou que o músico não havia atingido o ápice e por isso envolveu a ereção do mesmo com a outra mão, passando a estimulá-lo vigorosamente, até que, alguns minutos após iniciar os toques, ele observou o outro explodir em um prazer semelhante ao seu, manchando o ventre de ambos com o liquido perolado.  

            Deitou-se então ao lado de Casper, puxando-o para ficar sobre seu peito nu. Ambos na cama pequena e desconfortável, mas imensamente felizes com o resultado que a descoberta do amor mútuo lhes trouxera. O moreno o encarou com suas grandes orbes esmeraldas e sorriu de forma cálida enquanto lhe roubava mais um beijo.

– Eu te amo... Sophier. – Sussurrou enquanto começava a adormecer, estava exausto, pois o dia havia sido bastante tumultuado. Sentiu os dedos do outro acariciando seus fios negros e ouviu em resposta num sussurro.

– Eu também, Casper. – adormeceu envolvido pelo abraço morno e acalentador que apenas os braços de seu amado amigo poderia causar. Deixou sua mente divagar em sonhos sobre o futuro juntos, esquecendo-se completamente dos perigos que o Duque ainda oferecia para eles.

***

            Acordou tarde, a lua estava alta no céu. E só despertou porque alguém batia insistentemente na porta do pequeno quarto. Sentou-se na cama e olhou para o lado, Casper ainda dormia completamente alheio aos sons que os rodeavam. Sorriu apaixonado fitando o outro com a boca entreaberta, respirando placidamente, completamente mergulhado no mais profundo sono.

            Levantou-se então e foi até a porta, ver quem era o infeliz que vinha bater àquela hora. Vestiu apenas as calças de qual quer jeito e fez questão de cobrir bem Casper, afinal de contas não sabia quem poderia estar lá fora. Girou a maçaneta e abriu uma pequena fenda, espiando por ela. Encontrou um homem bem apessoado trajando um fraque, ele segurava uma carta em uma das mãos e ao ver que havia sido visto, esboçou um sorriso, que saiu mais como um desdém do que como um cumprimento.

– Venho da parte do Duque de Canterville. – ouvir aquele nome já lhe causava uma onda interrupta de raiva por todo o corpo, mas mesmo assim, achou melhor ouvir o que o homem tinha a lhe dizer. Abriu um pouco mais a fresta, colocando a cabeça para fora. Tal sensação o fez pensar em uma guilhotina, forçou-se a afastar tal pensamento.

– E o que ele deseja? – perguntou sentindo os primeiros sinais de raiva crescente surgirem em sua voz. O homem recuou alguns passos perante tal som, mas manteve-se proximo o suficiente para estender o envelope em sua direção.

– Meu senhor deseja ter com você.* Quer conversar sobre um possível duelo. – Sophier encarou o homem como se o mesmo estivesse dizendo alguma sandice, mas aceitou o envelope. No entanto não o abriu.

– Diga ao seu “senhor” que pensarei no assunto e darei a resposta mais tarde, está bem? – o homem fez uma breve mesura e se retirou sem dizer mais nada, dando assim a deixa para que Sophier fechasse a porta a suas costas.

            Retornou para dentro do quarto e olhou para Casper que ainda dormia na cama, indiferente a todo o ocorrido. Sentou-se então na cadeira que ficava próximo ao armário e abriu a carta, a lendo em alguns segundos, pois o conteúdo não era tão extenso assim.

            Tudo o que a mesma dizia era que Sophier fora desafiado para um duelo de pistolas cujo “prêmio” seria Casper. Franziu os lábios perante tal idéia, indignado com o modo de pensar do Duque, afinal de contas o moreno não era um objeto que poderia ser disputado e muito menos colocado como troféu. Infelizmente, tinha de aceitar a provocação, pois a carta também dizia que se não o fizesse, o Duque faria algo terrível com o músico, algo tão cruel que Sophier iria se arrepender pelo resto dos seus dias de não ter obedecido a sua ordem.

            A data do duelo era para aquele final de semana, dali exatamente quatro dias. O coração de Sophier se apertou perante a intimidação do Duque de Canterville e enquanto lançava mais um olhar na direção do moreno, que dormia confortavelmente na cama estreita de solteiro, decidiu que não havia mais o que esperar, precisava seguir as regras daquele jogo diabólico apresentado pelo Duque, caso quisesse poder continuar vivendo em paz com Casper.

***

            Passou as horas seguintes sentado na cadeira, fitando o outro dormir profundamente enquanto pensava o que ele diria ao saber de tal absurdo. Ao notar que o moreno começava a despertar, levantou-se e se colocou ao seu lado, na beira da cama. Aqueles grandes olhos esmeralda se abriram enchendo-se de uma felicidade que até então o poeta jamais havia visto no rosto do outro e um amplo sorriso surgiu em seus lábios macios.

– Olá. – foi a saudação que Casper deu a Sophier enquanto sentava-se no colchão, apoiando-se nos cotovelos. Notou que havia algo errado pela expressão receosa do poeta e pensou que talvez o outro tivesse chegado a conclusão de que tudo o que haviam feito horas atrás havia sido um erro. Seu peito se apertou perante tal possibilidade.

– Arrependido? – perguntou aprumando-se na cama e passando as mãos pelos longos fios negros, tirando-os da visão. Notou que um sorriso suave se formava no rosto de Sophier e tentou decodificar tal expressão, sem grande sucesso. Mas para seu alivio, viu o outro negar com um meneio de cabeça, enquanto sentia que sua mão era segura entre as do amigo.

            Percebeu então que um papel havia sido colocado na palma da sua mão, a mesma que até segundos atrás estava sendo segurada pela do outro. Pegou a folha e a trouxe para perto do rosto, decifrando com cuidado as palavras dispostas em uma caligrafia rebuscada. Ao terminar a leitura, ergueu os olhos em direção ao outro, que permanecia sentado ao seu lado na cama. Tinha estampado na face uma duvida muda “isso é verdade?” ao que Sophier concordou com um aceno de cabeça.

– Isso não pode passar de uma brincadeira estúpida por parte do Duque, como ele se atreve a te desafiar para um duelo e a me colocar como prêmio? – estava indignado com a simples sugestão de que tal absurdo fosse levado em frente, mas ao observar as feições de seu parceiro, notou que Sophier havia aceitado tal chantagem.

– Não pode realmente estar pensando em levar isso em frente, está? – os olhos castanhos o encararam com uma dor e pesar tão grandes que fez com que seu coração se apertasse novamente dentro do peito.

– Nós não temos outra escolha, ele ameaçou sua vida se eu não aceitasse. E eu não posso te perder... Não agora que eu descobri o quanto te amo. – Casper sentiu como se um fogo interno o preenchesse, tamanha foi a sensação de ouvir aquelas palavras. Atirou-se sobre Sophier, roubando-lhe um beijo morno e macio de lábios abertos.

– Esta bem. Eu aceito, mas com uma condição... – O jovem poeta encarou o pianista, esperando pelo resto da frase. Casper soltou o pescoço do outro e se afastou alguns centímetros, olhando para as próprias mãos, que agora jaziam caídas sobre seu colo.

– Se você se ferir ou morrer, eu quero ter o direito de matar o Duque. – Sentiu um choque percorrer todo seu corpo perante as palavras do moreno. O que ele lhe pedia era algo muito sério, pois poderia resultar em prisão perpétua. Mas sabia que quando o outro enfiava algo na cabeça, não havia nada que o fizesse desistir e para tranqüilizá-lo, aceitou o pedido, dando o caso por encerrado.

– Agora precisamos nos organizar, pois aqui diz que o duelo será em quatro dias. Temos pouco tempo para acertarmos tudo o que iremos usar. Você precisa conseguir duas pistolas, sim duas, pois eu também irei levar uma. – frisou Casper em resposta a mirada surpresa do outro. Seus olhos brilhavam com um ódio crescente pelo Duque, que mais uma vez em um curto período de tempo, tentava destruir a sua felicidade.

 

Continua...

 

Notas do capítulo:

* “Meu senhor deseja ter com você.”: para quem não sabe, esta expressão quer dizer ter uma conversa, ok?

 

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