Ao entrar no pequeno apartamento,
encontrou Sophier adormecido, com uma de suas composições presa entre os dedos.
Tal imagem o fez pensar que talvez ele estivesse preocupado com onde havia
passado a noite. Aproximou-se da cama e observou o rosto adormecido do outro.
Tão sereno e repleto de uma paz tranqüilizadora que fez pensar que tudo o que
havia passado nas ultimas horas não havia sido nada além de um grande pesadelo.
Deixou que seus dedos tocassem o
rosto de Sophier, afastando algumas mechas de cabelo para longe, expondo mais
as feições tão belas do outro. Tocou os próprios lábios, pensando que há apenas
uma hora atrás eles estiveram pressionando uma boca que não fora a de Sophier,
tal lembrança lhe causou calafrios terríveis por todo o corpo e sem pensar
muito em suas ações, Casper ajoelhou-se ao lado da cama e beijou o outro, que
continuava adormecido.
Sentiu
o hálito morno que escapava por entre a boca entreaberta e fechou os olhos para
aproveitar o momento, mas surpreendeu-se ao notar que algo encostava contra sua
boca, uma coisa úmida que se movia pedindo passagem. Abriu os olhos surpreso,
encontrando Sophier desperto, encarando-o com olhos indecifráveis.
No
mesmo momento se levantou e afastou-se sussurrando um pedido de desculpas para
o outro, que se sentou na cama, a partitura ainda presa em sua mão e com o mais
lindo sorriso que ele já havia visto na vida, estampado no rosto.
–
Se eu soubesse que seria correspondido, não teria sofrido tanto sozinho. –
foram as palavras proferidas por Sophier enquanto ele se levantava e parava a
frente de Casper, que o encarava com uma duvida crescente no olhar. Não
conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir, Sophier nutria sentimentos
por ele?
–
Você... Sente algo por mim? – foi a pergunta feita por Casper, vacilante e
receoso de que a resposta fosse negativa e que tudo o que ele havia ouvido
estivesse errado. Sophier segurou sua mão entre as dele e a apertou com
gentileza enquanto encarava aquelas esmeraldas profundas que eram os olhos do
moreno.
–
Desde aquele dia que eu o salvei do ataque feito pelo Duque, não consigo parar
de pensar em você... De outra forma. – Sophier baixou os olhos para a mão que
segurava e deslizou o polegar por sobre as costas da mesma, observando como
Casper se arrepiava perante seu toque.
–
Mas eu tive medo de acabar com a nossa amizade declarando meus sentimentos... –
elevou então o olhar, encontrando aquelas pedras verdes o encarando de volta.
Não havia raiva ou ressentimento naqueles olhos, apenas um carinho crescente.
–
Você nunca acabaria com a nossa amizade por causa disso... Eu também sofri em
silencio durante muito tempo, talvez mais até do que você. – segredou Casper
olhando para o lado, envergonhado com o que deixava escapar. Sentiu os dedos
firmes de Sophier segurando seu rosto e fazendo-o encará-lo. Sentiu o peso
daqueles olhos castanhos enquanto os dedos em seu queixo o mantinham preso.
–
Não há mais nada a dizer então... Que não possa ser expresso por um beijo. –
disse Sophier, enquanto puxava o rosto do outro para próximo do seu, deixando
que seus lábios se colassem em um toque suave e sensual. As bocas se
entreabrindo e as línguas buscando uma a outra, entrelaçando-se, para total
deleite de ambos.
Aos tropeços caminharam até a cama,
onde se sentaram e continuaram a troca de beijos e carinhos. Sophier abriu o
casaco de Casper e encontrou as manchas de sangue na camisa branca, olhou para
ele com surpresa e duvida no olhar, mas o moreno sorriu de canto e disse
apenas.
–
Tive de lidar com um pequeno problema esta manhã, nada com que se preocupar. –
viu o olhar de Sophier ficar cheio de duvida e acariciou o rosto do mesmo,
tentando fazê-lo esquecer daquelas manchas em sua roupa. Aquilo não era
importante naquele momento.
Deixou que seus lábios se colassem
novamente enquanto enchia os dedos longos e frágeis com os fios castanhos de
Sophier e sentia o outro fazer o mesmo com seu cabelo negro e volumoso. Notou a
mão do poeta acariciando seu pescoço e um arrepio forte percorreu todo seu
corpo.
Em poucos minutos sua camisa foi
desabotoada, assim como a de Sophier. Fora deitado na cama diminuta e
experimentou o toque dos lábios macios e mornos do amigo sugando seus mamilos,
jogou a cabeça para trás em êxtase, as mechas negras cobrindo o travesseiro,
tornando-o quase impossível de ser visto.
Não conseguia acreditar que estavam
ali prestes a fazerem amor, podia perceber o calor do corpo de Sophier sobre o
seu e tal sensação fazia seu coração bater cada vez mais forte e rápido dentro
do peito, quase como se fosse rebentar para fora. Puxou o outro para mais um
beijo e sentiu os lábios macios acariciarem a curva de seu pescoço, sugando a
pele com cuidado, causando uma nova onda de calafrios por todo seu corpo.
As mãos do poeta passeavam por todo
o corpo do músico, agora ambos completamente despidos, sentiam a fricção de
seus membros um contra o outro e o efeito que a mesma causou serviu como um
gatilho para impulsioná-los a fazer algo mais. Casper sentiu os dedos de
Sophier envolvendo sua excitação e acariciando-a em movimentos ritmados para
cima e para baixo, fazendo com que todo seu corpo ficasse em estado de total
alerta.
–
Hmm, So-phier... Pare... Ou eu vou acabar... – não conseguiu terminar a frase,
tamanho era o prazer que aquele simples toque lhe causava. Sentiu que o outro
soltava sua ereção, voltando a beijá-lo na curva do pescoço, enquanto uma das
suas mãos deslizava por seu quadril, rumando em direção a linha abaixo da
cintura, enquanto os lábios traçavam um caminho semelhante, tocando seu tórax e
ventre.
Sophier observava as reações do
outro aos seus toques e deixou que um sorriso diminuto surgisse em sua face,
completamente satisfeito com a resposta que o corpo de Casper dava a ele.
Deixou que uma das mãos deslizasse pela lateral do corpo do outro, apertando a
carne tenra das coxas, enquanto apartava as pernas, deixando a virilidade
excitada do outro completamente a vista. Pensou alguns segundos no que
planejava fazer, mas apesar de todo o receio que povoava sua mente, algo o
impelia a seguir em frente.
Quando Casper notou o que o outro ia
fazer, já era tarde demais. Apenas sentiu-se ser completamente tragado pela
onda de satisfação que experimentou ao ter sua masculinidade sugada pela
cavidade úmida que era a boca de Sophier. Apreciou a sensação que a língua morna
e macia do outro causava por toda a extensão de sua rigidez, enquanto a sucção
dos lábios ao redor de sua excitação o levava aos céus.
A surpresa pelo ato feito por
Sophier foi genuína e estava estampada no rosto afogueado de Casper, que jamais
imaginara que o amigo seria capaz de fazer algo tão ousado. O gesto a seguir
complementou o choque do moreno, que sentiu seu membro ser abandonado e
observou o outro levar dois dedos a boca, sugando-os sensualmente.
Durante todo o tempo não cortaram o
contato visual, fixo no rosto um do outro, como se aquilo fosse uma forma de
ressaltar o fato de que tudo aquilo era real e estava acontecendo naquele
momento. Sophier sentia-se ainda mais excitado sob o olhar profundo e
esverdeado do músico e aproximou-se do rosto do mesmo para roubar mais um beijo
daqueles lábios macios.
Colou a boca na de Casper e enquanto
deixava-se perder nas sensações causadas por aquela língua que se enroscava na
sua, fez com que seus dedos úmidos buscassem a entrada oculta do outro,
tateando por entre as nádegas macias e sedosas ao toque. Encontrou então o
local e começou a forçar a invasão de seus dígitos naquela fenda diminuta que
parecia resistir a suas investidas.
–
Ahh... Sophier... – foram as únicas palavras que escaparam de Casper que
quebrou o contato em busca de ar. Podia sentir os dedos invadindo seu orifício,
apartando as paredes de seu corpo, preparando-o para o que viria a seguir. O
incomodo era bastante presente, mas a sensação se tornou mais amena quando
sentiu que toques eram dispensado em sua excitação, causando uma serie de
arrepios prazerosos por todo seu ser.
Sentia-se quente e todos os músculos
de seu corpo pareciam queimar e pulsar, contraindo-se em resposta aos estímulos
feitos pelas mãos de Sophier. Os dedos invadiam cada vez mais sua fenda,
obrigando-o a deixar os primeiros ofegos escaparem por entre os lábios enquanto
sua cabeça afundava-se contra o travesseiro.
–
Toque-me Casper... – pediu o poeta enquanto tomava a mão do outro na sua e o
guiava até sua excitação em riste. Experimentou a sensação do toque macio que a
palma da mão do outro causava contra a pele quente de sua ereção, tal impressão
causando uma forte onda de calor por todo seu corpo, que se espalhou daquele
ponto especifico para todo o resto dele.
Continuava investindo seus dedos
contra a entrada de Casper, que agora parecia mais receptiva a sua invasão.
Observou o quadro que se formava a sua frente, o moreno deitado na cama com as
pernas afastadas e totalmente exposto a ele, seu peito subindo e descendo em
uma velocidade alucinadora e os olhos esverdeados, aqueles olhos mereciam um
poema tamanha sensualidade eles exalavam enquanto o fitavam de volta, com
pequenas lágrimas nos cantos. Tal imagem ficaria para sempre gravada em sua
memória.
–
Sophier... Por favor... – pediu envergonhado, sentia que os dedos do outro em
seu orifício já não eram o suficiente. Precisava experimentar algo mais, que o
fizesse alcançar uma satisfação maior do que a que estava sentindo naquele
momento. Jamais conhecera sensação tão lasciva quanto aquela, mas algo em seu
corpo o instigava por mais.
O poeta compreendendo o pedido do
outro, retirou os dedos da entrada do moreno e recebeu um gemido baixo em
resposta a tal gesto. Mas logo segurou as coxas de Casper e colocou suas pernas
sobre os ombros, enquanto deslizava a ponta do seu órgão excitado contra aquela
pequena fenda umedecida com sua própria saliva.
Sentiu-se ser absorvido lentamente
pela pequena abertura, que parecia tragá-lo por completo para dentro daquele
corpo tão receptivo. A pressão em volta de sua rigidez parecia esmagá-lo e
ondas violentas de prazer invadiram todo seu corpo perante tal experiência.
Olhou então para seu parceiro, o rosto corado e ofegante e os olhos que
derramavam pequenas lágrimas. Esticou uma das mãos em direção a face de Casper
e secou as gotas com a ponta de um dos dedos, para em seguida acariciar a
bochecha do moreno com os nós dos dedos em um carinho gentil.
Casper por sua vez inclinou a cabeça
contra a mão que o tocava, roçando o rosto contra aqueles dedos mornos,
expressando sua cumplicidade. Podia senti-lo dentro dele e aquilo era algo
maravilhoso e assustador ao mesmo tempo. Invadia-o lentamente, afastando as
paredes de seu corpo com cuidado, tornando a investida cada vez mais profunda.
Quando sentiu que o músico havia se
acostumado com o que o estava preenchendo, Sophier iniciou os movimentos contra
os quadris do outro, lentamente, para não machucá-lo. Mesmo assim podia notar
na expressão de Casper traços de dor e desconforto, pensando em amenizar tais
problemas, inclinou-se em direção ao rosto do amigo e deixou que seus lábios se
tocassem, absorveu um pouco do ar quente que vinha da boca morna de Casper
enquanto beijavam-se.
Continuou com as investidas,
acelerando lentamente o ritmo dos movimentos, enquanto ainda deixava que suas
bocas permanecessem coladas, as línguas entrelaçando-se voluptuosamente. Jamais
se imaginara fazendo aquilo com outro homem, muito menos com Casper, mas desde
aquele dia que o viu seminu e parcialmente excitado, sua mente não conseguia
pensar em outra coisa que não fosse aquilo que estava acontecendo naquele
momento. Os dois juntos na cama, ofegando e gemendo, completamente alheios ao
resto do mundo que os cercava.
Aumentou as investidas, sentindo o corpo de Casper bater contra o seu a
cada vez que se enfiava contra o corpo morno que lhe era oferecido. Podia ouvir
os gemidos melodiosos que escapavam da boca macia que estava entreaberta em um
ofego deliciado. Sentiu que Casper procurava sua mão sobre a cama e entrelaçou
os dedos na dele ao segurá-la, levou-a então próximo aos lábios e beijou as
costas da mesma com carinho e cuidado enquanto sentia que o corpo do moreno o
apertava cada vez mais, puxando-o para dentro.
A pressão era tanta que não
conseguia se conter muito mais, investindo com mais força contra a entrada
trêmula de Casper, sentiu-se esvair em gozo, segundos após apertar a mão que
segurava. Observou que o músico não havia atingido o ápice e por isso envolveu
a ereção do mesmo com a outra mão, passando a estimulá-lo vigorosamente, até
que, alguns minutos após iniciar os toques, ele observou o outro explodir em um
prazer semelhante ao seu, manchando o ventre de ambos com o liquido
perolado.
Deitou-se então ao lado de Casper,
puxando-o para ficar sobre seu peito nu. Ambos na cama pequena e
desconfortável, mas imensamente felizes com o resultado que a descoberta do
amor mútuo lhes trouxera. O moreno o encarou com suas grandes orbes esmeraldas
e sorriu de forma cálida enquanto lhe roubava mais um beijo.
–
Eu te amo... Sophier. – Sussurrou enquanto começava a adormecer, estava
exausto, pois o dia havia sido bastante tumultuado. Sentiu os dedos do outro
acariciando seus fios negros e ouviu em resposta num sussurro.
–
Eu também, Casper. – adormeceu envolvido pelo abraço morno e acalentador que
apenas os braços de seu amado amigo poderia causar. Deixou sua mente divagar em
sonhos sobre o futuro juntos, esquecendo-se completamente dos perigos que o
Duque ainda oferecia para eles.
***
Acordou tarde, a lua estava alta no
céu. E só despertou porque alguém batia insistentemente na porta do pequeno
quarto. Sentou-se na cama e olhou para o lado, Casper ainda dormia
completamente alheio aos sons que os rodeavam. Sorriu apaixonado fitando o
outro com a boca entreaberta, respirando placidamente, completamente mergulhado
no mais profundo sono.
Levantou-se então e foi até a porta,
ver quem era o infeliz que vinha bater àquela hora. Vestiu apenas as calças de
qual quer jeito e fez questão de cobrir bem Casper, afinal de contas não sabia
quem poderia estar lá fora. Girou a maçaneta e abriu uma pequena fenda,
espiando por ela. Encontrou um homem bem apessoado trajando um fraque, ele
segurava uma carta em uma das mãos e ao ver que havia sido visto, esboçou um
sorriso, que saiu mais como um desdém do que como um cumprimento.
–
Venho da parte do Duque de Canterville. – ouvir aquele nome já lhe causava uma
onda interrupta de raiva por todo o corpo, mas mesmo assim, achou melhor ouvir
o que o homem tinha a lhe dizer. Abriu um pouco mais a fresta, colocando a
cabeça para fora. Tal sensação o fez pensar em uma guilhotina, forçou-se a
afastar tal pensamento.
–
E o que ele deseja? – perguntou sentindo os primeiros sinais de raiva crescente
surgirem em sua voz. O homem recuou alguns passos perante tal som, mas
manteve-se proximo o suficiente para estender o envelope em sua direção.
–
Meu senhor deseja ter com você.* Quer conversar sobre um possível duelo. –
Sophier encarou o homem como se o mesmo estivesse dizendo alguma sandice, mas
aceitou o envelope. No entanto não o abriu.
–
Diga ao seu “senhor” que pensarei no
assunto e darei a resposta mais tarde, está bem? – o homem fez uma breve mesura
e se retirou sem dizer mais nada, dando assim a deixa para que Sophier fechasse
a porta a suas costas.
Retornou para dentro do quarto e
olhou para Casper que ainda dormia na cama, indiferente a todo o ocorrido.
Sentou-se então na cadeira que ficava próximo ao armário e abriu a carta, a
lendo em alguns segundos, pois o conteúdo não era tão extenso assim.
Tudo o que a mesma dizia era que
Sophier fora desafiado para um duelo de pistolas cujo “prêmio” seria Casper. Franziu os lábios perante tal idéia,
indignado com o modo de pensar do Duque, afinal de contas o moreno não era um
objeto que poderia ser disputado e muito menos colocado como troféu.
Infelizmente, tinha de aceitar a provocação, pois a carta também dizia que se
não o fizesse, o Duque faria algo terrível com o músico, algo tão cruel que
Sophier iria se arrepender pelo resto dos seus dias de não ter obedecido a sua
ordem.
A
data do duelo era para aquele final de semana, dali exatamente quatro dias. O
coração de Sophier se apertou perante a intimidação do Duque de Canterville e
enquanto lançava mais um olhar na direção do moreno, que dormia
confortavelmente na cama estreita de solteiro, decidiu que não havia mais o que
esperar, precisava seguir as regras daquele jogo diabólico apresentado pelo
Duque, caso quisesse poder continuar vivendo em paz com Casper.
***
Passou as horas seguintes sentado na
cadeira, fitando o outro dormir profundamente enquanto pensava o que ele diria
ao saber de tal absurdo. Ao notar que o moreno começava a despertar,
levantou-se e se colocou ao seu lado, na beira da cama. Aqueles grandes olhos
esmeralda se abriram enchendo-se de uma felicidade que até então o poeta jamais
havia visto no rosto do outro e um amplo sorriso surgiu em seus lábios macios.
–
Olá. – foi a saudação que Casper deu a Sophier enquanto sentava-se no colchão,
apoiando-se nos cotovelos. Notou que havia algo errado pela expressão receosa
do poeta e pensou que talvez o outro tivesse chegado a conclusão de que tudo o
que haviam feito horas atrás havia sido um erro. Seu peito se apertou perante
tal possibilidade.
–
Arrependido? – perguntou aprumando-se na cama e passando as mãos pelos longos
fios negros, tirando-os da visão. Notou que um sorriso suave se formava no
rosto de Sophier e tentou decodificar tal expressão, sem grande sucesso. Mas
para seu alivio, viu o outro negar com um meneio de cabeça, enquanto sentia que
sua mão era segura entre as do amigo.
Percebeu então que um papel havia
sido colocado na palma da sua mão, a mesma que até segundos atrás estava sendo
segurada pela do outro. Pegou a folha e a trouxe para perto do rosto,
decifrando com cuidado as palavras dispostas em uma caligrafia rebuscada. Ao
terminar a leitura, ergueu os olhos em direção ao outro, que permanecia sentado
ao seu lado na cama. Tinha estampado na face uma duvida muda “isso é verdade?”
ao que Sophier concordou com um aceno de cabeça.
–
Isso não pode passar de uma brincadeira estúpida por parte do Duque, como ele
se atreve a te desafiar para um duelo e a me colocar como prêmio? – estava
indignado com a simples sugestão de que tal absurdo fosse levado em frente, mas
ao observar as feições de seu parceiro, notou que Sophier havia aceitado tal
chantagem.
–
Não pode realmente estar pensando em levar isso em frente, está? – os olhos
castanhos o encararam com uma dor e pesar tão grandes que fez com que seu
coração se apertasse novamente dentro do peito.
–
Nós não temos outra escolha, ele ameaçou sua vida se eu não aceitasse. E eu não
posso te perder... Não agora que eu descobri o quanto te amo. – Casper sentiu
como se um fogo interno o preenchesse, tamanha foi a sensação de ouvir aquelas
palavras. Atirou-se sobre Sophier, roubando-lhe um beijo morno e macio de
lábios abertos.
–
Esta bem. Eu aceito, mas com uma condição... – O jovem poeta encarou o
pianista, esperando pelo resto da frase. Casper soltou o pescoço do outro e se
afastou alguns centímetros, olhando para as próprias mãos, que agora jaziam
caídas sobre seu colo.
–
Se você se ferir ou morrer, eu quero ter o direito de matar o Duque. – Sentiu
um choque percorrer todo seu corpo perante as palavras do moreno. O que ele lhe
pedia era algo muito sério, pois poderia resultar em prisão perpétua. Mas sabia
que quando o outro enfiava algo na cabeça, não havia nada que o fizesse
desistir e para tranqüilizá-lo, aceitou o pedido, dando o caso por encerrado.
–
Agora precisamos nos organizar, pois aqui diz que o duelo será em quatro dias.
Temos pouco tempo para acertarmos tudo o que iremos usar. Você precisa
conseguir duas pistolas, sim duas, pois eu também irei levar uma. – frisou
Casper em resposta a mirada surpresa do outro. Seus olhos brilhavam com um ódio
crescente pelo Duque, que mais uma vez em um curto período de tempo, tentava
destruir a sua felicidade.
Continua...
Notas
do capítulo:
* “Meu senhor deseja ter com você.”:
para quem não sabe, esta expressão quer dizer ter uma conversa, ok?
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