Os dias passaram e finalmente o domingo
chegou. Foram para o campo afastado da cidade onde o Duque marcou o encontro.
Eram quatro: Casper, Sophier, Archibalde e Anrie. Os dois últimos levados como
testemunhas, algo que fora exigido na carta. O músico carregava a pistola sob o
casaco e de tempos em tempos colocava a mão sobre a mesma, para senti-la e ter
certeza de que a mesma estava ali.
Após quase uma hora de caminhada
chegaram ao local marcado. O Duque já os esperava, acompanhado de sua corja de
seguidores aristocratas que os olharam com total desdém quando se aproximaram.
Sophier pode sentir a hostilidade que vinha daquele grupo de pessoas e um
arrepio incomodo percorreu sua espinha; obrigou-se a afastar os pensamentos
pessimistas que surgiam em sua mente.
–
Ora, ora, ora... Se não são os três mosqueteiros e Dartagnan? – ironizou o
duque, apontando para os três e então para Casper. O grupo de nobres riu da
piada de forma nada comedida, chegando a ser incomodo. Mas os quatro se
mantiveram sérios, olhando para o homem com uma fúria contida.
Sophier então notou que o Duque mancava
e estava usando uma bengala como apoio para se manter em pé. Lembrou-se então
do sangue na camisa do moreno e começou a entender o que poderia ter acontecido
com o nobre. Lançou então um olhar na direção de Casper, notando como ele
encarava o aristocrata, a cabeça erguida e os olhos flamejando de puro ódio
enquanto fitava-o tentando manter-se em pé com a bengala.
–
Vejo que não se recuperou muito bem de nosso ultimo encontro, meu caro Duque. –
disse o músico, com um quê de vitória na voz. Tudo ficou extraordinariamente
claro então, era realmente aquilo que Sophier havia suspeitado, o outro atacara
o nobre, pois o mesmo tentara algo contra ele.
–
Sim meu caro Casper, você causou uma devastação única em mim. Mas hoje, terei
minha vingança. – disse ele enquanto fixava o olhar no poeta, o qual se
aprumou, encarando o outro sem medo.
As regras do duelo foram ditas,
contariam dez passos, estando um de costas para o outro, e então se virariam
para atirar. O que fosse atingido primeiro se tornaria o perdedor. Era tudo
muito simples. Observaram o Duque se preparar, colocando uma luva de pelica na
mão direita para só então segurar a arma (*), a qual mirou em Sophier e fingiu
apertar o gatilho, para choque total dos expectadores.
Rumaram então para o centro do campo,
onde se postaram de costas um para o outro, cada um empunhando sua pistola na
frente do peito. Uma dama do grupo de aristocratas fez a contagem em voz alta,
e a cada numero dito o coração de Casper se apertava mais e mais. Quando ela
chegou no dez, ambos se viraram e apertaram os gatilhos. O som do disparo ecoou
pela campina, assustando os pássaros que ali estavam. A bala da arma do Duque
passou raspando pela cabeça do poeta enquanto a do mesmo alojou-se exatamente
no ombro do nobre, o qual deu um grito de dor e raiva pela perda do duelo.
Os amigos de Sophier o rodearam e o
abraçaram felizes com a conquista. Casper sem se incomodar com os olhares
alheios beijou o amigo na boca, enchendo as mãos com os cabelos macios e
castanhos do mesmo enquanto sentia o braço firme do outro enroscar-se em seu
pescoço. Todos estavam tão entretidos com a comemoração, que não notaram a
aproximação do Duque, que vinha segurando a pistola ainda com a mão direita,
que continuava enluvada. Com um grito inumano ele se jogou sobre o grupo,
mirando a arma no peito de Sophier.
–
VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO, POETA IDIOTA! – berrou a plenos pulmões enquanto
empurrava os outros para longe com uma força sobre-humana e tentava apertar o
gatilho no peito do outro, o qual pegou a mão do duque e tentou desviá-la de
seu objetivo, a luta então tomou proporções complexas, quando os dois começaram
a rolar na grama, brigando pela arma.
Até que se ouviu um tiro. Alto e
estridente que fez com que os pássaros do lugar levantassem vôo pela segunda
vez naquele dia. Ambos estavam caídos, o Duque sobre Sophier, os dois com olhos
vítreos e fixos em um ponto qual quer. Era difícil dizer quem havia sido
atingido e Casper, sem esperar mais, correu em direção aos corpos, empurrando o
do Duque para o lado. Olhou o ventre de Sophier, havia sangue, mas não buraco
de bala. Ouviu então um som agonizante a suas costas e ao olhar por sobre o
ombro, encontrou o nobre, com a mão sobre o ventre de onde vertia sangue de
forma abundante. Ele estava morrendo.
–
Eu só queria... Que você... Amasse-me... – foram as palavras ditas pelo
moribundo que logo foi cercado por seus asseclas, todos fingindo muita
preocupação. Casper sentiu um aperto no peito ao ouvir tal frase e levantou-se,
indo em direção ao homem ferido e ajoelhando-se ao seu lado repetiu a frase que
havia dito dias atrás.
–
O amor não é algo que possa ser tomado à força. É preciso ser conquistado por
atos que demonstrem o sentimento ao outro, mas parece que o senhor não
compreendeu. – disse, enquanto acariciava a face fria e trêmula do outro. Os
olhos estavam perdendo o brilho, ele estava partindo.
Sentiu então uma mão pousar em seu
ombro e ao olhar para cima, encontrou Sophier, que ainda segurava o abdômen com
uma das mãos. O impacto que a arma fez ao dar o tiro no Duque havia atingido
aquela área de seu corpo, lhe causando dor. Seus olhos estavam nublados pelos
acontecimentos recentes, mas ainda assim podia ver um quê de vitoria naquela
mirada.
Voltou a olhar para o corpo quase sem
vida do Duque e notou que ele pedia para segurar sua mão, atendeu ao pedido,
afinal de contas o outro não ficaria muito mais tempo entre eles. Sentiu os
dedos frios se enredarem aos seus e um arrepio de asco percorreu sua espinha,
mas lutou contra a sensação e apertou mais a mão que segurava. Afinal de
contas, por mais maquiavélico que o Duque tivesse sido, ele estava partindo e
precisava de algum conforto nas horas finais.
–
Eu escreverei um réquiem para ser executado em seu funeral, Duque de
Canterville. – informou em um sussurro próximo ao ouvido do homem, que esboçou
um sorriso fraco enquanto respirava com dificuldade.
–
Perdoe-me por toda a dor e problemas que lhe causei. – pediu o Duque,
inspirando mais profundamente, buscando pelo ar que começava a fugir de seus
pulmões. Foi quando ele olhou fixamente em um ponto por sobre o ombro de
Casper, para Sophier e sua visão ficou fixa e vítrea. A boca entreaberta não
mais exalava respiração alguma. Havia partido.
Casper fechou os olhos do cadáver e
levantou-se, limpando a sujeira dos joelhos. Lançou então um olhar em direção
ao grupo de aristocratas que rodeavam o corpo naquele momento e chamou sua
atenção com um breve pigarrear. Após ter todos os olhares sobre si, disse com
um tom de ameaça na voz.
–
Se não quiserem que este escândalo saia nos jornais, é melhor não virem atrás
de nós, entenderam? – lentamente as cabeças foram se movendo para cima e para
baixo em gestos de concordância que fizeram Casper sorrir de canto, deliciado.
–
Vamos embora daqui. – disse para os três que agora estavam em pé, longe da cena
do cadáver. Rumaram de volta para casa, sentindo um misto de felicidade e
tristeza no peito, alivio também, pelo fato de que não seriam mais incomodados
pelo Duque de Canterville.
***
Ao chegarem ao pequeno apartamento, já
haviam se despedido de Archibalde e Anrie, que questionaram inúmeras vezes se
eles ficariam bem. O fato de terem trocado um beijo na frente dos amigos não
parecia ter influenciado em nada no comportamento dos mesmos para com eles.
Dentro do minúsculo quarto, Casper
tirava o casaco e desabotoava a camisa, sem prestar atenção em Sophier, que
permanecia estático e com olhos vidrados no nada. Seu coração estava disparado,
pois pela primeira vez em sua vida havia visto um homem morrer, de algo que não
fosse tuberculose. Sua mente girava e sua respiração estava descompassada,
ofegante. Observou as costas nuas do moreno e algo se acendeu em seu peito, um
desejo pungente e firme de tê-lo em seus braços mais uma vez.
–
Você está bem Sophier? Hmm... – sua frase foi cortada por um beijo morno de
lábios abertos, enquanto a língua macia buscava a sua dentro da cavidade úmida
da boca. Podia sentir as mãos mornas do outro correndo por suas costas nuas,
subindo pela nuca e enchendo-se com seus cabelos negros.
–
Eu preciso de você, Casper. – a frase foi sussurrada contra seu pescoço nu e
ele sentiu o hálito quente do outro contra sua pele macia e láctea. Imaginou
como o ocorrido podia ter mexido com a libido de Sophier e tal pensamento fez
com que ele próprio também ficasse excitado.
Empurrou o poeta até a cama diminuta e
a jogou sobre ela, causando uma surpresa no rosto do outro, que não esperava
por tal atitude tão ousada. Sentou-se então na beira do colchão e deixou que
suas mãos deslizassem por sobre as coxas ainda vestidas pelas calças, para
alcançar o fecho da mesma e abri-lo, deixando que a ereção até então latente do
outro viesse para fora.
Abriu então a camisa do poeta,
deslizando os dedos finos por sobre o tórax firme do outro, recebendo em
resposta, os primeiros ofegos de prazer. Olhava as reações de Sophier com um
sorriso diminuto nos lábios macios e enquanto despia o amigo, distribuía beijos
por todo o peito do mesmo, sugando um dos mamilos e ouvindo em resposta um
gemido estrangulado de prazer.
–
Não precisa se conter... – sussurrou perigosamente próximo ao ouvido do outro,
ao mesmo tempo em que dava uma lambida no lóbulo da orelha de Sophier, causando
uma nova onda de arrepios por todo seu corpo.
Levantou-se por alguns minutos da cama,
tirando as roupas do poeta e as suas próprias e deixando-as em um pequeno monte
no chão. Agora ambos estavam nus em pêlo e exibiam entre as pernas, excitações
consideráveis. Voltou a sentar-se proximo ao outro e envolveu então o membro
rijo com seus dedos, tocando-o suavemente e arrancando suspiros deliciados por
parte de Sophier.
Inclinou a cabeça em direção da
rigidez, lentamente, enquanto olhava para o rosto surpreso de Sophier. Deixou
então que sua língua acariciasse a ponta da ereção, devagar, ao mesmo tempo em
que pegava a mão do poeta e a guiava até seu próprio membro excitado, que
também ansiava por algum toque. Colocou então aquela parte firme entre os
lábios, sugando-a lentamente boca à dentro. Pode sentir os dedos firmes de
Sophier enredando-se em seus cabelos e puxando alguns fios ao mesmo tempo em
que a mão morna começava a dispensar um movimento cadenciado em sua própria
dureza.
Podia sentir invadindo sua boca e
adentrando, para logo em seguida sair quase totalmente, estava de olhos abertos
e observava a expressão de total deleite que se desenhava no rosto afogueado do
amigo. Sentiu as caricias em sua ereção se tornarem mais fortes e constantes e
aumentou a cadencia com a qual sugava o membro do outro, tirando-o da boca
apenas para lamber a ponta novamente e levá-lo a loucura.
–
Casper... Pare eu vou... – ouviu o que o outro disse, mas ao contrário do
pedido, não parou e sim intensificou os movimentos feitos com a boca,
engolindo-o por completo para ir soltando-o lentamente. Os movimentos não duraram
muito mais e ele sentiu que Sophier o obrigava a afastar a cabeça, para que sua
semente saísse em jorros fortes que cobriram o ventre do poeta.
–
Eu jamais poderia encher sua boca com isto... – informou o rapaz, ofegante, em
resposta ao olhar mudo de Casper, que acabou esboçando um breve sorriso perante
a consideração do outro para com ele.
O jovem músico inclinou-se sobre o
outro, roubando um beijo apaixonado do mesmo. Suas línguas se enrolavam e
brigavam entre si no espaço que compunha as duas bocas enquanto eles se
enredavam em um emaranhado de braços e pernas entrelaçados. Beijos foram
distribuídos pelo tórax, pescoço e a área na altura dos quadris de Casper, que
agora estava recebendo a atenção do outro.
Podia sentir o prazer percorrendo cada
veia de seu corpo esguio e sua respiração descompassada apenas ressaltava o
fato de que estava cada vez mais excitado. Queria sentir o outro dentro de si o
mais rápido possível e chegou a expressar tal idéia para Sophier, que apenas
sorriu de canto e acariciou seu rosto, enquanto murmurava.
–
Tudo ao seu tempo... – os beijos continuaram descendo até que Casper notou a
direção para onde estavam rumando e se surpreendeu. Aquele seria realmente um
dia de grandes revelações e experiências. Sentiu as mãos do poeta afastarem
suas nádegas e algo quente e úmido roçar em sua entrada, apoiou-se nos
cotovelos para ver e levou um choque, Sophier acariciava-o com a língua,
naquele lugar tão intimo.
–
Hmm... – gemeu com os lábios fechados enquanto jogava a cabeça para trás,
extasiado com a carícia. A língua parecia se aprofundar em seu orifício,
invadindo lentamente aquela fenda diminuta e lhe causando grandes ondas de
arrepios prazerosos, que se espalhavam por todo seu corpo.
Até que chegou um momento em que Casper
não conseguia mais suportar aquela tortura prazerosa e segurando Sophier pelos
cabelos, o fez se afastar e olhar para ele. Suas Iris esverdeadas brilhavam
fortemente de pura excitação, quando ele pediu novamente.
–
Eu quero você dentro de mim... Não posso mais esperar. – sussurrou enquanto
acariciava os cabelos do outro em um gesto suave que não condizia com tudo o
que estava acontecendo naquele momento.
Rolou então na cama, ficando sobre o
outro, encarando-o com um desejo crescente no olhar esverdeado. Deslizou os
dedos finos sobre os lábios macios e vermelhos, enquanto que com uma das mãos,
segurava o membro firme de Sophier, guiando-o até sua entrada que pulsava de
ansiedade. Esfregou a ereção em sua entrada úmida e forçou a invasão da mesma
em seu orifício pequeno, as paredes de seu interior se afastando lentamente
conforme o outro se enterrava dentro de seu corpo.
–
Ahh... – jogou a cabeça para trás, completamente extasiado com a sensação de
preenchimento total que sentia. Percebeu as mãos do poeta em suas coxas,
apertando-as com força enquanto ele contraia as pálpebras fechadas, sentindo um
prazer gigantesco se espalhar por todo seu ser.
Casper então iniciou os movimentos,
experimentando a impressão deliciosa que aquela invasão lhe causava, enquanto
notava como os dedos do outro se enterravam em suas pernas, como que buscando
algum apoio para tais sensações. Segurou as mãos do outro nas suas e aumentou a
cadencia dos movimentos, sentindo-se ser totalmente preenchido pela excitação
em riste do outro.
Seu próprio membro fora prensado entre
os corpos dos dois, quando o moreno se inclinou em busca de outro beijo dos
lábios do amado. A fricção causada pelo ventre de Sophier em sua ereção, fez
com que ele alcançasse o ápice rapidamente. Contraindo as feições enquanto
sentia uma onda morna se esvair de seu corpo e espalhar-se por sobre os troncos
de ambos.
Continuou com os movimentos cadenciados
de quadril, deixando-se ser completamente preenchido pela rigidez do outro,
sentindo-se ser totalmente apartado por dentro, enquanto ofegava completamente
extasiado. Observou então que as feições de Sophier se tornaram mais tensas e
ele aumentou a velocidade das investidas, sentindo que a qual quer momento o
outro derramaria sua semente dentro de seu corpo.
E assim aconteceu. Sentiu o liquido
morno preencher sua entrada enquanto o membro dentro de seu orifício relaxava
lentamente. Deitou-se sobre o corpo sob o seu e abraçou-o pelos ombros, dando
um beijo caloroso nos lábios macios e tenros. Sentia-se completo e agora podiam
aproveitar esse amor sem qual quer medo o receio de que algo pudesse acontecer
com eles. Estava quase adormecendo sobre o corpo quente do poeta, quando ouviu
um sussurro próximo ao seu ouvido.
–
Eu te amo... – Sophier dissera enquanto acariciava seus cabelos cor de ébano.
Casper sorriu de canto, deixando seus lábios vermelhos se esticarem suavemente
para deleite do outro e abriu parcialmente os olhos, exibindo um vislumbre das
Iris verdes.
–
Eu também te amo. – respondeu, selando a declaração com mais um beijo
apaixonado. Adormeceram então, sem mais preocupações, apenas a sensação
satisfeita de um amor bem feito que poderia ser repetido futuramente.
***
Alguns
dias depois, Casper foi até a igreja da cidade, executar o réquiem que havia
prometido ao Duque. Como todas as suas peças, esta também tocava o coração dos
ouvintes, mas, de uma forma diferente, pois apesar de ser uma composição
fúnebre, havia algo de felicidade na mesma, que fazia com que as pessoas
esboçassem pequenos sorrisos de contentamento nos lábios, de forma
involuntária.
Ao
seu lado estava Sophier, parado como uma estátua, observando os ritos
funerários com um desinteresse crescente. Para ele, a única felicidade era ter
Casper ao seu lado todos os dias de sua vida e não precisar mais se preocupar
com a ameaça iminente que o Duque representava.
Pousou
então a mão sobre o ombro do parceiro, que olhou para ele por cima do ombro,
sem parar de executar a peça. Em seus olhos castanhos estava a pergunta muda
“vamos embora?”, a qual foi respondida com um breve sorriso que parecia dizer
“sim, deixe-me apenas terminar esta peça”.
Minutos
após esta pequena conversa sem palavras eles saiam da igreja, sob os olhares
ácidos dos presentes no velório do Duque. Mas não se importavam, pois se
sentiam livres para afirmarem seu amor em frente a quem fosse. Do lado de fora
da igreja, Sophier olhou para Casper e perguntou:
– Vamos beber? – o moreno abriu um sorriso
divertido que encheu seu rosto de luminosidade e beleza, enquanto pegava a
carteira dentro do bolso do casaco, contando o dinheiro que tinha guardado.
Sophier não mudaria nunca, sempre seria aquele jovem irresponsável e impulsivo
pelo qual ele se apaixonara.
– Sim, vamos. – respondera segundos
depois. Iriam chamar Anrie e Archibalde para se embebedarem novamente em uma
das muitas tabernas da cidade, e em seguida seriam carregados até o pequeno
apartamento, onde cairiam meio-mortos e dormiriam até a metade do dia seguinte,
quando fariam tudo novamente.
Na
taberna, Casper tirou a partitura do réquiem que escrevera para o Duque e a atirara
na lareira, observou as chamas lamberem o papel e o devorarem inteiro, até não
sobrar nada além de cinzas. Voltou então a sentar-se a mesa, onde foi recebido
por Sophier com uma taça repleta de vinho.
– O que estava fazendo Casper? – indagou
Anrie que notara o gesto do amigo, segundos atrás. O moreno fez um gesto com a
mão, como se espantasse uma mosca e sorriu de canto antes de responder.
– Estava apenas me livrando de uma peça
inútil. O primeiro e ultimo réquiem que eu escrevi em toda a minha vida.
Descobri que não sou muito bom em compor este tipo de peça, pois sempre acabo
colocando muito do meu amor nela e a torno algo agradável e não respeitoso. –
concluiu Casper com um ar pensativo, que logo foi cortado por um beijo que
Sophier roubou dele, indiferente a presença dos amigos ou do taberneiro, que
lhes lançava um olhar repreensivo, mas não os expulsara, pois eles haviam
pagado por diversas garrafas de bebida.
Anrie
e Archibalde trocaram um olhar cúmplice e sorriram perante a declaração aberta
de amor dos dois e ofereceram um brinde. “Aos novos amores!” – gritaram os
quatro, brandindo as taças no alto das cabeças, para em seguida vira-las por
completo boca à dentro.
A vida era boa, afinal de
contas. Concluiu
Casper ao olhar para
Sophier mais uma vez.
FIM
Notas
finais:
Bem,
o que dizer sobre está história? Ela foi escrita há mais de 15 anos para um
amigo secreto que eu participei, no qual a pessoa que eu tirei pediu algo na
época do Ultra romantismo (período literário). Sinceramente, penei muito para
desenvolver este tema, mas quis fazê-lo por que me pareceu algo inusitado e
interessante, que me fez pensar sobre as coisas de um ângulo diferente.
Usei como inspiração na época o filme “Do
Inferno” (adaptação homônima da HQ do Alan Moore) para compor a estética desta
história, além do meu conhecimento deste período literário específico e alguns
de seus autores.
Quanto a história em si,
gostaria de frisar alguns tópicos que foram expressados no pedido da pessoa que
eu tinha tirado no amigo secreto e acredito eu, não consegui seguir
corretamente. (apesar de ter me esforçado muito), por exemplo, ela pediu que
alguém morresse de tuberculose, mas na minha opinião, matar um dos personagens
principais e ainda por cima com uma doença tão lenta e torturante, seria crueldade
demais. Mas para agradar a pessoa, matei o Duque, com o tiro de pistola.
Bem,
é isso... Espero que você que está lendo, tenha gostado e se sim, por favor,
deixe um comentário. Eles são muito importantes para eu saber que o que eu faço
está alcançando alguém.
Notas
finais:
“Colocando
uma luva de pelica na mão direita para só então segurar a arma”: nos duelos
antigos, eles costumavam colocar uma luva, para que as mãos não ficassem sujas
com a pólvora.
*
Uma curiosidade muitíssimo bizarra: esta fic foi 90% escrita ao som da seguinte
música: “One Night Only” trilha sonora de Dreamgirls. (Que eu sei, não tem
nadinha haver com a época que a história se passa...)
Bem,
é isso... “foi osso” escrever esta história, mas finalmente ela saiu e pra ser
sincera, eu gostei da experiência.
Obrigada por ler até aqui e até a próxima.
(convido você a ler minhas outras
originais completas, se tiver interesse).
Perséfone Tenou 2024.
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