sábado, 3 de abril de 2021

Lar é onde o coração está - Capitulo 27

 

Desde que Lola foi internada após sofrer um infarto, a vida de Mayara virou de ponta cabeça. A médica que atendeu sua mãe receitou, além de alguns medicamentos e uma dieta restritiva, repouso absoluto por pelo menos um mês, o que fez com que Joana tivesse de se ausentar da loja de sabonetes para ficar de olho na esposa, que era bem teimosa.

Com isso, após pedir permissão para Diego, a moça passou a levar Paulo com ela até a lojinha de sabonetes e sais de banho das mães, para trabalhar lá meio período. Não havia problema nenhum, Diego e Marcelo estavam a par de tudo e lhe deram o maior apoio e Paulo gostava da loja, dizia que cheirava a “um banho de espuma sem fim”, mas Mayara tinha a impressão de que havia algo errado. Era como se estivesse sendo constantemente observada.

Naquela tarde, estava embrulhando um kit de sabonetes artesanais para uma senhora, enquanto Paulo assistia tevê na saleta de descanso nos fundos e pintava alguns desenhos. Não era muito boa fazendo embrulhos, mas acreditava que estava melhorando com a prática.

– Oiê, alguém ai está com fome? – ergueu o rosto ao ouvir aquela voz e abriu um grande sorriso, Letícia entrava pela porta carregando uma sacola com marmitex e outra com uma garrafa grande de suco.

– Ai, estou morrendo de fome, deixa só eu terminar o pacote desta senhora e encontro com você lá nos fundos. O Paulo tá lá assistindo desenho. – Viu Letícia dar uma piscadela simpática em sua direção e rumar até a porta no canto da loja. Desde o infarto da sua mãe, a outra moça vinha lhe dando muito apoio e isso foi um ponto mais que positivo no desenvolvimento dos sentimentos de Mayara por ela.

***

– Oi rapazinho, que tá assistindo? – Letícia depositou as sacolas sobre uma mesa de fórmica pequena no canto do cômodo e sentou-se no sofá, atrás do garoto que desenhava na mesinha de centro.

– Não sei direito, mas são legais. – respondeu o menino sem tirar os olhos do desenho. Estava vindo naquela loja com Mayara pelo menos três vezes por semana e ficava lá até quase seis da tarde, quando Marcelo ou Diego vinham buscá-los e então, um deles levava Mayara até em casa. Numa dessas idas, o garoto entrou na casa da moça e foi ver a mulher que passara a chamar de “Vovó Lola” e apesar de ter levado um susto com a aparência cansada, viu como ela ficou feliz em vê-lo e o calor gostoso do seu abraço.

E claro, Vovó Joana o encheu de biscoitos e suco e beijos e abraços. Era engraçado, antes, ele não tinha nenhum avô, agora tinha três avós, contando com a mãe de Marcelo, Rita.

Naquela manhã ele tinha empurrado Emmanuel para longe de Agatha, pois o menino vinha perseguindo-a e rindo dela, gritando que o pai havia abandonado a mãe porque era um cara ruim e claro, isso fez a menina chorar e ferveu o sangue de Paulo. O empurrão não saiu sem uma ameaça de “você me paga, fresco”.

Era assim que Emmanuel vinha chamando-o há algum tempo, “fresco”, ele não entendia bem o significado, mas sabia que vindo do outro garoto, devia ser algo ruim. Estava concentrado na lembrança de mais cedo, o lápis de cor suspenso há alguns centímetros do desenho e os olhos turvos fixos num ponto qualquer da tevê. Letícia falava com ele, mas não obtinha resposta, até que foi chacoalhado de leve no ombro e acordou.

– O que? – piscou algumas vezes, percebendo onde e com quem estava e como seu coração parecia bater forte dentro do peito. Largou o lápis de cor e sentou ao lado da moça no sofá, suspirando cansado.

– Tá tudo bem, Paulo? – a ouviu perguntar e pensou em várias respostas, mas no fim disse apenas “tá sim”. Não queria preocupar ninguém com o que estava passando na escola, apesar de toda a conversa que todos os adultos a sua volta tinham com ele para que sempre contasse se algo ruim estivesse acontecendo.

Mayara veio até o cômodo e os três almoçaram.

***

A semana passou e chegou Maio e com ele um novo desafio para o menino. Era quinta-feira, segunda semana do mês e eles estavam na sala de aula, quando a Profê Marta informou que, no dia seguinte, iriam fazer na aula de artes, lembrancinhas para o dia das mães. No mesmo instante algo afundou dentro do estômago do menino, era como uma pedra quente e dolorida que parecia crescer dentro dele. Respirou fundo e tentou se conter da melhor forma possível e quando Mayara veio buscá-lo, não comentou sobre o que aconteceria no dia seguinte, apesar de que a palavra “mãe” ainda causava um desconforto e dor nele sempre que a ouvia.

Foram a loja de sabonetes, “Bolhas de sonhos”, era como se chamava e ele tentou ignorar aquelas lembranças que após quase cinco meses tinham começado a desmanchar e agora voltavam com força total. Sua mãe caída ao lado da cama, os olhos arregalados e a boca aberta em um grito mudo. E ela estava tão gelada, gelada demais! Ele achou que tinha feito algo ruim e por isso ela estava daquele jeito.

Não queria ir a escola no dia seguinte, não queria ter de fazer uma lembrança para alguém que não existia mais. Os pensamentos povoaram sua cabeça pelo resto do dia, ele quase não comeu o almoço que Letícia trouxe, não pintou nem assistiu tevê. Passou o resto do dia dormindo encolhido no sofá e quando voltou para casa, não quis jantar e foi para a cama. Deitado lá, iluminado pela luz fraca do abajur na cabeceira da cama, o garoto chorou quietinho, chorou até sentir que não havia mais nada para por pra fora e então, adormeceu com o rosto dolorido e os olhos ardendo.

Ele não sabia explicar o que estava sentindo, mas apesar de todo o tempo que passou e das pessoas boas que agora cuidavam dele, ainda sentia saudades da mãe e se sentia triste. Paulo estava de luto, apesar de não conhecer essa palavra.

***

Era a vez de Diego levar o menino para a escola, então quando o alarme tocou, ele levantou, vestiu uma calça e uma camiseta e foi chamar o irmãozinho, batendo de leve na porta, mas quando o garoto não respondeu como costumava fazer, sempre animado, Diego sentiu um pouco de medo e abriu a porta com cuidado.

Ouviu um gemido dolorido vindo da cama e quando se aproximou e tocou a testa do menino, não teve dificuldade de perceber que ele estava pelando de febre. “Mas no dia anterior ele estava ótimo!” pensou.

– Diego, minha barriga tá doendo. – a voz chorosa e o calor alto na testa da criança informaram que não era fingimento, o menino estava doente. Desesperado e sem saber o que fazer, Diego voltou até o próprio quarto e acordou Marcelo.

– O Paulo tá pegando fogo de febre e diz que a barriga dói. Acho que vou levar ele no médico... – já começava a se trocar e procurar os documentos do menino no guarda-roupa, quando sentiu o marido segurá-lo pelo cotovelo.

– Eu acho que pode ser emocional ao invés de uma virose. – Encarou Marcelo com olhos arregalados de total surpresa e questionamento, enquanto que do quarto na frente do deles, vinham gemidos baixinhos de dor e desconforto.

– Como assim? – sabia que estava ridículo com um braço enfiado no casaco e o outro fora, mas não conseguia pensar direito, o menino estava com dor e ele precisava fazer alguma coisa.

– Você sabe que dia é domingo? – sentiu Diego encará-lo como se estivesse maluco, mas deixou que pensasse antes de responder.

– Sei, dia 12 e daí? – Marcelo lhe deu um empurrãozinho dizendo “É o segundo domingo de Maio, dia das...” e então um sino soou dentro da sua cabeça, dia das mães, claro! E seria o primeiro em que Paulo passaria sem a mãe. Com certeza na escola surgiram algumas conversas sobre a data e... Então devia ser por isso que ele não quis jantar na noite anterior.

– Caramba Marcelo, às vezes eu acho que não sirvo pra ser pai, mas agora eu tenho certeza disso. – declarou envergonhado enquanto retirava o casaco e voltava para o quarto de Paulo.

– Tá tudo bem, você não precisa ir pra escola hoje. E eu vou ligar na imobiliária e avisar que não vou. Vamos ficar juntos o dia todo, que tal? – o menino ainda resmungava e suava um bocado, mas pode ver um pequeno brilho de gratidão nos olhos dele.

– Agora fica quietinho ai que daqui a pouco eu te trago um pouco de água, tá bom? – só de ouvir que não teria de ir à aula naquela sexta-feira, uma grande parte do mal estar de Paulo pareceu diminuir.

Foi até a cozinha pegar a água pro menino e estava enchendo uma garrafinha quando ouviu os passos do marido no cômodo. Marcelo se aproximou e lhe deu um beijo na têmpora esquerda, causando um pequeno arrepio.

– Você é um ótimo pai, Diego. Pensa um pouco, a primeira coisa que você fez foi decidir levá-lo ao médico. É o que qualquer pai ou mãe responsável faz. Você está criando esse menino da melhor forma que pode... E isso é o suficiente sim. – tentou rebater que sem a ajuda do outro, talvez não conseguisse, mas o ouviu responder.

– Eu estou aqui pra te dar um apoio, mas você está indo muito bem. Acredite e eu te amo muito por isso... Também. – sentiu a mão firme do marido fazer um afago em seus cabelos e então o ouviu voltar pelo pequeno corredor, a voz ecoando longe enquanto falava com Paulo.

É claro que não tinha se atentado para a data, afinal, tinha riscado a mãe de seus pensamentos há anos. Talvez lembrasse quando fosse Domingo, de dar parabéns a Lola e Joana, mas nem pensou em Beatriz. No entanto, como Marcelo lhe disse há algum tempo, ele e Paulo tinham memórias diferentes da mãe e por isso, sentimentos diferentes em relação a ela. 

Por fim, levou a água até o quarto do garoto e o repreendeu de leve ao vê-lo beber grandes goles de uma só vez, “Bebe de vagar ou vai ficar com dor de estômago”, mas podia notar uma melhora significativa na expressão do menino, ele estava menos suado e ao conferir a temperatura da testa dele com as costas da mão, notou que estava mais para morno do que quente saindo do forno.

Convenceu Paulo a dormir mais um pouco e enquanto saia do quarto, esbarrou em Marcelo que vinha do banheiro, cheirando a loção pós-barba e pasta de dente. Ele o enlaçou pela cintura e beijou-o com suavidade nos lábios, fazendo Diego rir.

Por volta das 10h00, enviou uma mensagem para Mayara, informando que não precisaria buscar Paulo na escola, ele não se sentia muito bem e estava em casa, mas que se ela quisesse dar uma passadinha para vê-lo, tinha certeza que o menino ficaria feliz.

E antes de ir para a clínica, Marcelo deu uma espiada no menino que dormia tranquilo, já sem apresentar os sinais de febre que mostrou mais cedo. Diego avisou para Raul que não poderia ir à imobiliária ao que o amigo disse que não tinha problema, até porque a próxima visita agendada dele a um imóvel era só para a semana seguinte. Tinha acabado de desligar quando viu Marcelo entrar na sala e então sorrir para ele.

– Tá indo? – sabia que às vezes fazia perguntas óbvias, mas era um mecanismo de afirmação que ele desenvolveu com o passar dos anos para tentar controlar sua ansiedade, que agora com Paulo doente, tinha aumentado muito.

– Sim, que acha de eu voltar no almoço, pra comermos juntos? Eu trago alguma coisa pronta, não se preocupe em cozinhar. – sentiu um beijo suave ser depositado no topo da sua cabeça e outro nos lábios e em resposta, enlaçou o pescoço do marido e aprofundou o contato em um gesto inconsciente de afirmação.

Na sua cabeça, Diego pensava o tempo todo que um dia Marcelo ia deixá-lo e por mais que o outro frisasse o quanto o amava e queria bem, aqueles pensamentos intrusivos conseguiam minar suas certezas e entupi-lo com duvidas paranóicas.

– Vamos te esperar pro almoço então. Bom trabalho... Te amo. – as últimas duas palavras saíram num sussurro tímido e desajeitado, mas não passaram despercebidas pelo acunputurista que respondeu num tom mais audível.

– Também te amo... Muito. – viu o marido sair pela porta e ouviu o motor do carro. Paulo ainda dormia e por aquele espaço de tempo, Diego estava sozinho. Como qualquer adulto, ele deveria gostar de um tempo só pra si, mas, pelo contrario, sentia-se desconfortável e solitário quando não tinha ninguém por perto.

Ligou a televisão.

***

Quando Paulo abriu os olhos, o sol estava alto no céu, o que indicava que já era tarde demais para ir a escola. Foi quando se lembrou do que aconteceu mais cedo, a forte dor de estômago e seu corpo todo que parecia estar pegando fogo. O toque gentil da mão de Diego em sua testa e a voz dizendo que ele podia ficar em casa. Respirou aliviado, apesar de se sentir um pouco chateado, não, não era essa a palavra, era como estar triste, só que pior. Ele não sabia, mas a palavra que procurava era melancolia.

Levantou ainda de pijama e ao entrar na sala, encontrou o irmão assistindo algo com o volume baixíssimo na tevê. Apareceu uma criatura assustadora na tela que fez Paulo querer gritar, mas, antes que se manifestasse, Diego percebeu sua presença e mudou para um canal de desenhos animados.

– Oi mocinho, acordou? Tá melhor? – viu o irmão estender os braços em um convite silencioso para que se sentasse com ele no sofá, o qual Paulo atendeu, aninhando-se do lado de Diego e encostando a cabeça em seu ombro.

– Tou melhor sim. Mas eu tava com dor na barriga desde ontem... Não quis falar nada pra não preocupar vocês... – sentiu a mão macia de Diego acariciando seus cabelos cacheados e castanhos e soltou um suspiro cansado.

– Você não precisa ficar com medo, sabe disso né? Pode contar o que for pra gente, vamos sempre te apoiar. – silêncio, na tevê um personagem se transformava em alguma criatura mágica, mas Paulo quase não prestava atenção.

– Eu sinto falta da minha mãe. – era a segunda vez em todo aquele tempo que falava sobre ela em voz alta e fazer isso causou novamente àquela sensação de tristeza incomoda.

– Eu sei. Mas enquanto você se lembrar dela, ela vai continuar com você, sabe? Aqui em cima. – Diego tocou a testa do garoto com o dedo indicador e em seguida o abraçou pelos ombros.

– Por que as mães têm de ir embora? – a pergunta foi pontuada por um timbre choroso de voz que cortou o coração de Diego. Não sabia a resposta, apesar de querer dar alguma ao irmãozinho.

– Não sei... As coisas só... Acontecem. E eu sei que não é muito, mas eu estou aqui pra você e vou estar sempre. – ouviu o menino complementar com “E o Marcelo e a Mayara também, né?”.

– Isso, o Marcelo, a Mayara e todo mundo que é importante na sua vida vai ficar por aqui por muito tempo. – ele ainda estava meio febril, apesar daquela quentura horrível na testa ter passado. Diego o convenceu a ir tomar um banho e se trocar, pois já era quase hora do almoço e Marcelo viria para casa comer com eles.

– Você consegue tomar banho sozinho? – ao ouvir a pergunta, Paulo lhe lançou um olhar ofendido, como se dissesse “você acha que eu sou um bebê?”, mas respondeu com apenas um gesto de cabeça e um sorriso.

***

Quando chegou com a comida, foi recepcionado pelo pequeno que veio correndo e pulou em suas pernas. Não havia nenhum traço de febre ou dor. Trocou um olhar com Diego que pareceu responder “Pois é, passou como mágica”.

Observava Paulo comer animado, o cabelo cacheado ainda úmido do banho, trajando outro pijama, mas este estava limpo. Diego contou sobre o seu dia até aquele momento, tinha feito algumas tarefas de casa e conversado com uns clientes que tinham visitas agendadas para a semana seguinte.

Enquanto o garoto foi até o quarto, buscar o jogo de lego que ganhou de aniversário, Marcelo ouviu o marido contar sobre a conversa que teve mais cedo com Paulo e como ficou sem saída com algumas das perguntas.

– Eu me senti a pessoa mais miserável do mundo, quando ele perguntou por que as mães têm de ir embora. É obvio que eu e ele não lidamos com o luto da mesma forma, até pelo fato da influencia dela na vida dele ter sido maior do que na minha. Mas eu queria confortar ele, sabe? Só que não acredito nessa coisa de céu e vida eterna, então, eu disse que enquanto ele se lembrar dela, a Beatriz vai viver na memória dele. Será que fiz errado? – sentiu a mão morna de Marcelo segurar a sua enquanto o via negar com um gesto de cabeça.

– As crianças têm de acreditar em alguma coisa e o que você disse é uma boa forma de fazê-lo lidar com a perda. Mas que bom que ele está melhor. É quase como se fosse outro garoto, se comparado ao que estava de cama hoje de manhã. – Marcelo então ajudou com a louça, descartou as embalagens plásticas, deu um beijo no marido e um no garoto e disse que ia voltar pro consultório, esbarrando com Mayara na saída. Ela tinha vindo visitar Paulo.

O resto daquela sexta-feira foi tranquilo. Mayara e Diego brincaram com Paulo até o menino resolver que queria se distrair com os desenhos da tevê e então, conversaram. Antes de Marcelo voltar, Diego e Paulo levaram a moça pra casa e fizeram uma breve visita a Lola e Joana. Tudo estava ótimo ou pelo menos, era o que eles pensavam.

 

Continua...

Nota da autora:

Oi gente!

Capítulo novinho em folha só pra vocês!

Então, aqui eu abordei a forma como uma criança que perdeu a mãe lida com essa data que é o “dia das mães” (caramba, eu perdi a minha quando tinha 26 anos e esse dia continua sendo doloroso pra mim). O comportamento do Paulo foi inspirado por uma vizinha minha que perdeu a mãe aos 03 anos e quando começou na pré-escola, tinha crises de dor de estômago e febre na semana do dia das mães.

O Diego não é o melhor pai do mundo, mas ele se esforça bastante pra dar apoio pro irmãozinho e claro, o Marcelo dá o suporte que falta. Talvez no próximo capítulo a gente tenha uma lemon dos dois, aguardem...

E como eu estou alertando há vários capítulos, o tal plot twist tá chegando e vai ser bem desconfortável e arrastado, já adianto.

No próximo capítulo pretendo trazer mais da Mayara com a Letícia e do Francisco com o Joaquim, vai ter mais da mãe mala do Emmanuel, Olinda e outros personagens. Espero que quem está lendo esteja gostando até aqui, sugestões são sempre bem vindas!

Bom é isso gente, obrigada por acompanhar e até semana que vem!

 

Perséfone Tenou.

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