sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Lar é onde o coração está - Capítulo 40

 

Ao chegar em casa, após um dia exaustivo acompanhando possíveis clientes à imóveis, Diego não conseguiu evitar de sorrir, ao ver Paulo andando na bicicleta pela extensão do quarteirão. Ele ia até a última casa da esquina e voltava, exibindo uma expressão de puro orgulho e satisfação, enquanto Mayara o observava encostada no muro.



Quando a moça o viu estacionar próximo a calçada, ela se levantou sorrindo e foi abraçá-lo, contando que o menino ficou o dia todo ali fora andando na bicicleta.

Então era essa a surpresa que Marcelo tinha falado?

– Diego, Diego, você viu? Eu sei andar de bicicleta agora!  – Paulo veio gritando e correndo, enquanto empurrava a bicicleta, os cachinhos castanhos saltitando com o movimento e brilhando com gotículas de suor. Quando chegou perto o bastante, o menino lhe eu um abraço apertado, o qual Diego retribuiu.

– Que legal. Parabéns Paulo! Mas agora é hora de entrar e tomar um banho. Ele já comeu hoje, Mayara? – a moça informou que com muito esforço, conseguiu fazer o garoto entrar para tomar um café da tarde.

– Quando eu cheguei, ele e o Marcelo já tinham almoçado, mas depois disso, ele não entrou pra nada, exceto pra tomar café e fazer xixi uma vez, mas só foi comer porque eu prometi um bolo de chocolate pra ele. – o garoto deu um grito de alegria e pegando Diego pela mão, o puxou para dentro de casa dizendo “Eu guardei um pouco pra você e pro Marcelo! Vem, a Mayara fez um bolo muito bom!” e por aquele período de tempo, a bicicleta foi esquecida na calçada, mas logo recolhida por Mayara, que seguia os dois sorrindo.

***

A loja de sabonetes tinha dois banheiros. Um social para os clientes, com apenas um lavabo e outro para funcionários, com um chuveiro elétrico. Joaquim tomou um banho rápido quando seu expediente acabou e vestiu a muda de roupas que tinha deixado na loja há alguns dias.

E estava sentado em uma das cadeiras próximas ao balcão de vidro, penteando o cabelo loiro recém-lavado, quando viu o carro de Francisco estacionar na frente da loja. Coletando seus pertences, saiu trancando a loja as suas costas e entrou no carro, recebendo um beijo apaixonado em resposta.

– Oi, como foi seu dia? – Joaquim deu de ombros, os dias na loja não eram ruins, mas também não era nada incrível para ser relatado.

– Normal. E você, como foi naquela reunião da editora? – viu Francisco suspirar cansado e soltar “um porre”, o que significava que ele não queria falar do assunto.

– A gente vai sair pra jantar ou você prefere ir pra casa? – sabia que o outro estava cansado, pois pelas poucas vezes que Francisco lhe falou dessas reuniões, elas duravam 4 horas ou mais e eram sempre muito exaustivas.

– Não, vamos jantar fora. A gente precisa sair juntos de vez em quando né? Eu sinto falta disso. E também, eu quero te deixar feliz. – sentiu a mão firme e morna do namorado segurar a sua por alguns segundos, enquanto o semáforo estava fechado e em resposta o loiro apenas sorriu.

***

Comeram o bolo e realmente, Mayara era uma ótima cozinheira. Enquanto Diego passava um café, ele disse para o menino ir tomar banho, Paulo teimou por alguns minutos, fingindo que não estava ouvindo, mas quando o irmão falou que ele poderia acompanhá-lo quando fosse levar Mayara para casa e ver “a vó Joana e a vó Lola”, o comportamento mudou e Paulo disparou pelo pequeno corredor em direção ao banheiro.

– Ele tem estado meio teimoso, sabe? – comentou o rapaz enquanto colocava o café na garrafa e ouvia o som do portão abrindo, informando que o marido tinha chegado.

– É porque ele está começando a ficar confortável e seguro com vocês. Crianças ficam mais soltas quando sentem confiança no ambiente. Mas a gente sempre pode persuadir elas a fazer as coisas, sem precisar gritar ou brigar. – disse Mayara, que apesar de não estar exercendo a profissão, ainda era formada em pedagogia e entendia como lidar com os pequenos.

– Boa noite! – Marcelo falou enquanto depositava as chaves da casa numa tigela em cima de uma mesinha. Em seguida ele correu o olhar pela pequena sala/cozinha e perguntou.

– Cadê o rapazinho? – como que ouvindo a pergunta, a porta do banheiro se abriu e o menino veio correndo em sua direção, trajando um daqueles pijamas do herói aracnídeo favorito. Paulo pulou na direção de Marcelo, sendo carregado no colo, para em seguida ser depositado sobre a bancada da cozinha, onde ficou sentado rindo baixinho.

– Guardou um pedaço de bolo pra mim? – perguntou, apesar de ter visto que metade do bolo permanecia sobre a mesa. O menino riu alto e disse que não.

– Eu comi tudo! – aquele sorriso sincero e puro era o suficiente para recarregar as baterias de qualquer um, pensou Marcelo, enquanto trocava um olhar cúmplice com o marido e Mayara.

– É? Então o que é aquilo ali? – baixou o menino da bancada e o viu sentar-se em uma das cadeiras próximas a mesa e cortar uma fatia grossa de bolo, a qual entregou para Marcelo.

– A Mayara que fez, tá muito bom! – fez um agrado nos cabelos do menino e sentou na cadeira ao lado dele, para após dar uma boa mordida no bolo, perguntar se ele tinha andado muito de bicicleta aquele dia.

– E como! Quase não quis entrar pra tomar café da tarde e só foi no banheiro uma vez. Mas ele se divertiu tanto, né Paulo? – Mayara olhou com ternura para o menino que estava com o rosto coberto de farelos de bolo e que tomava um gole de suco.

– Mas rapaz, tem de entrar pra comer! Se não você vai acabar desmaiando e caindo da bicicleta! Você quer isso? Ou quer poder brincar bastante sem passar mal? – viu a expressão apavorada do menino diante da simples menção de cair da bicicleta e percebeu que o comentário tinha surtido efeito.

Conversaram por mais meia hora e então Diego levou Mayara para casa, com Paulo instalado no banco de trás.

***

Pararam no estacionamento de um restaurante japonês que costumavam ir, mas que não visitavam há alguns meses. Esperaram alguns minutos por uma mesa, pois apesar de ser dia de semana, o restaurante estava lotado.

Enquanto faziam os pedidos, Joaquim observava o rosto de Francisco. Ele parecia tão cansado e abatido, o que fez com que pensasse que talvez pudessem tirar um final de semana de folga.

– Estive pensando... Que acha de a gente maratonar uns filmes esse final de semana? A gente estoura uma pipoca e ficamos lá no quarto vendo uma série de filmes, a que você quiser. – tocou a mão do namorado de forma sutil sobre a mesa, afastando-se ao ver que o garçom se aproximava com os pedidos, mas se surpreendendo ao sentir que era Francisco que agora segurava a sua mão e a apertava com carinho.

– Obrigado. – agradeceu ao garçom e enquanto pegava os hachis com a mão direita, permanecia segurando a de Joaquim com a esquerda. Não se preocupava com o que as outras pessoas no restaurante pensariam, afinal, não as veria de novo nunca mais. Mas se preocupava em demonstrar para o namorado que não tinha qualquer tipo de receio em exibir o relacionamento.

– Parece uma ótima ideia. Depois eu vejo o que tem no catalogo dos streamings que a gente assina e podemos fazer isso este final de semana. – comeram enquanto conversavam sobre amenidades, a animação de Joaquim com a futura tatuagem que faria naquele final de semana e planos para saírem beber com Diego e Marcelo de novo no futuro.

Quando chegou a hora de pedir a conta, Joaquim sugeriu que dividissem o valor, mas Francisco recusou, dizendo que o outro já ia ter um gasto com a tatuagem no final de semana e que deveria economizar.

– Eu não me sinto confortável com você pagando tudo pra mim. – soltou o loiro enquanto tomava um gole de água e torcia os lábios numa careta. As poucas vezes em que discutiram foi por causa de dinheiro, mais especificamente pela mania de Francisco de não deixá-lo pagar nada quando saiam juntos.

Viu o namorado chamar o garçom e pedir que trouxesse a conta e pela primeira vez naquele dia, Joaquim se sentiu incomodado.

– Olha, eu não estou desprezando o seu dinheiro, é só que você começou um trabalho novo há pouco tempo e eu acho que devia guardar um pouco do que ganha... – Francisco notou que não estava conseguindo convencer o namorado que continuava com aquela expressão irritada. Ele não sabia explicar, mas lá no fundo tinha aquele fiapo de orgulho de cuidar de tudo, inclusive de Joaquim.

Viu Francisco passar o cartão de crédito após ter dado aquela desculpa furada e sentiu que qualquer desejo que tinha de estender a noite com o namorado havia passado por completo. Ele não costumava se irritar, na verdade, relevava muita coisa pra evitar discutir com Francisco, mas naquele momento sentiu que se abrisse a boca, iniciaria uma discussão que não acabaria tão cedo.

No carro se manteve em silencio e não respondeu quando Francisco lhe fez uma pergunta. No elevador para o apartamento, o namorado tentou segurar sua mão e Joaquim se afastou silencioso.

Ao entrarem no apartamento, ouviu Francisco dizer que ia tomar um banho, mas não respondeu. Sabia que talvez estivesse fazendo um papel mimado e infantil, mas não conseguia controlar.

Por alguns segundos naquele restaurante, foi como se tivesse voltado no passado, na época em que ainda namorava Marco, claro que a situação era diferente, o outro controlava cada centavo que Joaquim precisava gastar e em algumas vezes, só para humilhá-lo, pagava os gastos, sempre jogando na sua cara mais tarde. Francisco nunca fez isso, mas a lembrança ainda era recente e incomoda na mente do loiro.

Ouviu a porta do banheiro se abrir, mas permaneceu na sala, fingindo assistir alguma coisa na tevê até sua raiva passar. Ele não conseguia separar os traumas do relacionamento anterior do que estava acontecendo agora e isso o deixava frustrado, porque tinha a certeza de que estava destruindo algo bom.

Ao constar que já passava das duas da manhã, resolveu ir dormir, pois tinha de acordar cedo no dia seguinte pra trabalhar e acreditava que, cansado como Francisco estava, já devia ter dormido.

Trocou de roupa e deitou na cama com alguns centímetros de distancia do namorado. Estava começando a cochilar quando sentiu o braço firme do outro envolver sua cintura com cuidado e o ouviu sussurrar em seu ouvido.

– Desculpa. Eu não sabia que isso era tão importante pra você. – Joaquim virou-se para encarar o namorado e sentiu-se mal por ter sido tão cruel. O outro exibia um olhar triste e culpado. Em resposta, o loiro acariciou o rosto do namorado com as costas da mão e soltou um risinho sem graça e um suspiro cansado.

– Acho que eu exagerei, me desculpa também. É só que... – baixou os olhos, procurando como terminar a frase, mas foi surpreendido por Francisco que disse o nome do seu ex.

– É o Marco né? Rever ele depois de tanto tempo despertou alguma coisa ruim ai dentro, certo? – Joaquim concordou com um meneio de cabeça, percebendo que fez aquilo no restaurante de forma automática.

– Eu sou todo ferrado. – soltou por fim, suspirando uma segunda vez. Era como se tivesse um peso invisível no peito, que estava se dissolvendo aos poucos. Sentiu o abraço de Francisco se tornar mais firme e um beijo gentil ser depositado em sua testa.

– Você não é ferrado. Você tem traumas e eu sabia disso quando te pedi em namoro. Mas, eu tou feliz que a gente tá conversando sobre isso. Fiquei preocupado de você não querer falar comigo. – Joaquim beijou o namorado nos lábios com receio, mas logo em seguida aprofundou o contato enquanto experimentava a sensação dos dedos de Francisco se enredando em seus cabelos.

Deixou-se ser despido e recebeu um beijo em cada pedaço de pele descoberto, rindo quando os lábios do outro roçaram em um ponto em que sentia cócegas. O calor úmido que se espalhava por seu pescoço e tórax era delicioso e causava arrepios elétricos por todo seu corpo.

– Acho melhor a gente não ir até o fim hoje... Você tem de trabalhar amanhã e... – não deixou que o namorado terminasse a frase, o enlaçou pelo pescoço beijando-o com desejo e em seguida sussurrando “tá tudo bem, eu quero”.

Eram esses pequenos detalhes que Francisco fazia que dava o tom diferente do seu relacionamento anterior, ele nunca o forçava e sempre se preocupava em também lhe dar prazer.

Francisco observou o rapaz que estava ao seu lado e se apaixonou mais uma vez por ele. O loiro exibia um sorriso lascivo e sensual enquanto lentamente esticava a mão até a área do seu baixo-ventre, envolvendo a rigidez de Francisco com os dedos firmes e iniciando uma masturbação lenta ao mesmo tempo em que o puxava para outro beijo longo.

Quando os movimentos ritmados pararam, Francisco se inclinou sobre o corpo abaixo do seu e tomou os mamilos rijos do namorado com os lábios, sugando-os de forma lenta e arrancando pequenos suspiros deliciados em resposta.

Joaquim sentia a própria rigidez firme roçar com delicadeza entre o ventre de ambos, o que causava pequenas ondas de choque elétrico por seu corpo. E por entre ofegos e suspiros, apenas virando-se de lado, o loiro manifestou seu desejo de levassem aquilo para outro nível.

Ouviu Francisco pegar as coisas na gaveta da mesinha de cabeceira e experimentou a sensação fria do lubrificante contra sua entrada e logo em seguida, a leve pressão morna que o invadiu aos poucos.

Beijou o pescoço de Joaquim enquanto segurava sua cintura com firmeza e adentrava naquele corpo cálido e macio e quando haviam se tornado um, viu o loiro virar a cabeça para trás e beijou-o nos lábios com desejo, suprimindo um gemido mais vocálico.

Fechou os olhos enquanto sentia a rigidez cálida do namorado dentro de si e ao mesmo tempo, seu próprio membro firme roçando contra os lençóis da cama, trazendo sensações indescritíveis de prazer.

Quando os movimentos se intensificaram, Joaquim olhou para trás e viu que Francisco estava de olhos fechados, os lábios entreabertos ofegando, o bigode bonito salpicado de suor e as sobrancelhas contraídas e quando sentiu um beijo ser depositado na sua nuca, foi o momento em que o namorado despejou sua carga de prazer dentro do preservativo.

Removeu-se com cuidado de dentro do corpo macio a sua frente, descartou o preservativo na lixeira ao lado da cama e então retornou para Joaquim, que ainda não havia atingido o ápice. Após olhar por alguns segundos para as íris claras do namorado, Francisco engolfou a rigidez do loiro em sua boca, iniciando uma felação lenta e constante, sempre atento as reações do outro.

Ao sentir-se ser envolvido por aquela cavidade morna e aveludada, Joaquim encheu os dedos com os lençóis abaixo de si e ofegante apreciou o tratamento que lhe era dispensado, vocalizando apenas para que o outro parasse quando sentiu que ia gozar.

Sua semente jorrou de forma moderada sobre seu ventre nu e ele se sentiu saciado.

Após limpar os vestígios do seu prazer, Joaquim acomodou-se ao lado de Francisco, ambos cansados e sonolentos, mas felizes.  

Estava quase cochilando quando ouviu o loiro sussurrar de forma quase inaudível.

– Eu te amo. – em resposta, apertou mais o abraço em volta da cintura nua do namorado e beijou-o no topo da cabeça, apreciando o calor morno daquele corpo macio ao lado do seu.

– Também. – respondeu Francisco para em seguida adormecer. Joaquim ficou acordado por mais algum tempo, pensando em como às vezes seu comportamento paranoico quase colocava tudo a perder. Mas ao mesmo tempo, agradecia em silencio a qualquer divindade que existisse por ter colocado Francisco na sua vida.

Pois era a prova de que ele tinha direito a uma nova chance de ser feliz.

 

Continua...

 

Nota da autora:

Gente dossel! Nem conto como esse capítulo me deu trabalho.

Não o capitulo em si na verdade, mas a quantidade de coisas ruins que me aconteceram nas últimas semanas e me impediram de escrever ele no prazo. +eu estou enferrujada pra escrever cena de sexo, acho. (digam o que acharam dessa, pfvr!)

Então vimos o Paulo andando de bicicleta e o menino tá começando a ficar teimoso, o que é normal de uma criança saudável.

E daí tivemos o Francisco com o Joaquim no restaurante e toda aquela situação incomoda que trouxe de volta flashbacks do passado do loiro. Pode ter parecido ridículo, mas para uma pessoa que sai de um relacionamento abusivo, varias coisas podem disparar gatilhos emocionais e elas acabam desenvolvendo sequelas psicológicas.

Minha ideia aqui é mostrar que, apesar de o Francisco ser um ótimo namorado, o trauma do Joaquim ainda vai assombrá-lo por um bom tempo, infelizmente.

Bom é isso gente, capítulo 40! QUARENTA! Nunca pensei que essa história iria assim tão longe, mas tá indo! Se tudo der certo no próximo capítulo vamos ter a dança de quadrilha da escola do Paulo e futuramente... Dia dos namorados! (eu sei que é estranho falar dessa data, sendo que este capítulo saiu em Dezembro, mas o cronograma da história é diferente).

Enfim é isso, desculpem pela demora – imprevistos parecem acontecer de caminhão aqui na minha vida – mas, espero que tenham gostado do capítulo e, por favor, deixem um comentário! Eles são muito importantes.

Ah, e se tudo der certo em 2022 teremos novidades no quesito histórias originais novas!

Obrigada por ler e até o próximo capítulo!

Perséfone Tenou

 

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