Diego remexeu-se
na cama enquanto tinha um pesadelo em que era perseguido pelo padrasto que
ameaçava bater nele até “endireitá-lo”. Acabou acordando ofegante e com o
coração disparado dentro do peito e ao olhar para o lado, encontrou Marcelo
adormecido. Segundo o relógio do celular ainda era de madrugada.
Levantou-se com
cuidado para não acordar o outro e foi sentar numa poltrona perto da janela que
dava para a rua, olhando o transito frenético que nunca parava enquanto se
perguntava por que tinha tido aquele pesadelo com o padrasto, afinal, desde que
saiu da casa da mãe, nunca mais viu o homem. Talvez fosse alguma coisa que ele
internalizou desde que Paulo veio morar com eles ou algo do tipo.
Pegou o celular e
após colocar os fones de ouvido, abriu um dos vídeos que Vanessa havia mandado
das crianças. Os três correndo pelo parquinho e escalando nos brinquedos com
uma animação típica das crianças e ver eles se divertindo fez Diego sorrir e
esquecer por um momento do pesadelo que o tinha acordado.
Respondeu a moça
com uma mensagem de texto, agradecendo mais uma vez por ela ter ficado com
Paulo no final de semana e observando como o menino parecia feliz brincando com
os amiguinhos.
Mas agora estava
sem sono e ainda faltavam algumas horas para o sol nascer. Acabou tomando um
banho e assistindo vídeos aleatórios que tinha favoritado no youtube até que em
certo momento ouviu Marcelo suspirar na cama e o som dos lençóis farfalhando.
Sentiu a mão morna do outro tocar seu ombro nu
e cobriu-a com a própria mão. Marcelo não disse nada, apenas se sentou ao seu
lado e permaneceu ali, apenas como uma presença tranquilizadora. Quando o sol
enfim começou a nascer, Diego sugeriu que pedissem o café da manhã pelo serviço
de quarto.
Enquanto comiam,
ele podia sentir o olhar preocupado do marido em sua direção, mas fez-se de
desentendido e ignorou, pois não queria falar sobre o pesadelo. Não queria
sequer lembrar que aquele ser odioso um dia existiu. Não depois de ter passado
as melhores horas nos últimos meses com o homem que ele amava.
***
Francisco acordou
com aquela pedrinha de gelo que era o pé do namorado roçando contra sua
panturrilha e então se virou para abraçá-lo e ao mesmo tempo envolver os pés
dele com dobras da coberta. Joaquim o abraçou em resposta, ainda adormecido.
Era Domingo de
manhã, o relógio informava que não era nem 7h00, mas Francisco não conseguia
mais dormir, no entanto ficou mais um pouco ali, só curtindo o calor morno do
namorado perto de si.
No dia anterior
ele tinha sido bastante enérgico na cama com Joaquim e aquilo ainda o estava
incomodando. Claro que o loiro disse que tinha gostado e ele acreditava nisso,
mas não sabia se seria capaz de repetir a dose no futuro. Para ele, Joaquim era
importante e devia ser tratado com carinho e atenção.
Desvencilhou-se
com cuidado do abraço em que foi envolvido e saiu da cama, não sem antes cobrir
o outro com os edredons e vê-lo suspirar satisfeito durante o sono. Passou pelo
banheiro, onde fez uma higiene matinal rápida e então seguiu até a pequena
cozinha, na qual começou a preparar o café da manhã. Tinha de admitir para si
mesmo que o que tinham feito no dia anterior foi bastante excitante, por mais
incorreto que ele achasse.
— Foi incrível,
mas não quero repetir tão cedo. — murmurou para si enquanto ligava a cafeteira
e quebrava dois ovos na tigela para preparar omeletes. Estava tão concentrado
em fritar a comida na frigideira, que se surpreendeu ao sentir um abraço ao
redor de sua cintura.
— Bom dia... —
respondeu enquanto fazia um agrado leve nas mãos que estavam em volta do seu
corpo e recebia em resposta um cumprimento pontoado por bocejos.
— ‘Dia. Acordou
cedo, mesmo sendo domingo. Achei que você ia ficar mais um pouco comigo lá na
cama. — enquanto Francisco terminava as omeletes, Joaquim se ocupou de adoçar e
servir o café em duas canecas e colocar a mesa.
— Eu até queria...
Mas não consegui mais dormir. — confessou enquanto colocava o conteúdo da
frigideira em dois pratos pequenos e os depositava sobre a mesa.
— Obrigado. Eu
tava com saudades da sua comida... Quase não temos mais tido tempo de ficar
juntos, por causa do trabalho, digo, exceto quando você vai almoçar comigo lá
na loja. — comentou o loiro para em seguida colocar uma garfada do alimento na
boca, fazendo uma expressão de pura satisfação.
— Que bom que você
gosta, porque eu sempre fico feliz de cozinhar pra você. E sobre não nos vermos
muito, é verdade, a editora está com uma carga ainda maior de trabalho e tem
dias que eu vou te buscar na loja e tenho de voltar pra lá. Mas sempre faço
questão de almoçar com você. Pelo menos logo terei umas semanas de férias e
vamos poder ficar juntos, talvez até viajar por alguns dias. — segurou a mão
morna do namorado sobre a mesa e viu ele sorrir em resposta.
— Atchim! —
Joaquim cobriu o nariz e a boca a tempo antes de espirrar, mas logo mais três
espirros seguiram o anterior e ele fungou enquanto sentia as laterais dos olhos
lacrimejarem.
— Tá pegando um
resfriado? — Francisco perguntou ao mesmo tempo em que se levantava e media a
temperatura do outro com as costas da mão. O loiro estava meio quente.
— Acho que sim,
não sei, vou tomar um antigripal e acho que vai estar tudo bem até amanhã. Faz
anos que não pego um resfriado. — continuou comendo, apesar de sentir a
garganta começar a arranhar e arder e o nariz ameaçar escorrer.
— Se você não
estiver legal amanhã eu posso... — o loiro interrompeu Francisco com um gesto
de mão, para em seguida tomar um gole do café antes de responder.
— Não se preocupe,
tá tudo bem, eu só preciso... Descansar um pouco, eu acho. Mas talvez seja
melhor você não ficar muito perto ou vai acabar pegando também. E eu não quero
isso. — ao que Francisco respondeu que não aconteceria nada com ele.
— Vamos terminar
de tomar café e voltar pra cama. A gente liga a tevê, põe num dos streamings e
assiste filmes o dia todo. Você toma os remédios pra resfriado e mais tarde eu
preparo um almoço pra gente. — Joaquim sorriu diante da sugestão enquanto
apertava a mão de Francisco dentro da sua.
***
Mayara acordou ao lado de Letícia na cama da
moça. Elas estavam nuas e aos poucos os acontecimentos do dia anterior voltaram
a sua memória, fazendo-a corar. Mas não se sentia envergonhada, na verdade
estava feliz de ter feito amor com a outra e ter sentido que ela respeitava
seus limites. Aproximou-se da namorada que ainda dormia e lhe deu um beijo
suave no canto da boca, recebendo em resposta uma caricia lenta no braço e um
resmungo preguiçoso.
— Oi você. — Letícia
a cumprimentou com a voz ainda sonolenta enquanto abraçava Mayara pela cintura
e roubava um beijo apaixonado e então se afastava alguns centímetros para
observá-la. Os longos cabelos negros espalhados pelos travesseiros como uma
manta natural formando um desenho complexo e a pele sedosa de tom caramelo
contrastando com o tecido pálido da roupa de cama.
— Oi você. — ela
respondeu enquanto olhava para a moça acima de si. O cabelo curto e bagunçado,
os lábios finos e rosados e os seios pequenos pendendo firmes para baixo.
— Então... Quais
os planos para hoje? — Letícia perguntou enquanto deitava sobre a barriga de
Mayara e recebia um cafuné delicado nos cabelos.
— Tentar dominar o
mundo? — a outra respondeu, estourando numa risada gostosa em seguida a qual
Letícia acompanhou.
— Espera! Eu sou o
Pink ou o Cérebro? — era o tipo de conversa mais boba da qual já tinha
participado em toda a sua vida e Mayara estava adorando aquilo.
— Vai depender do
momento, eu acho... — o peso morno da cabeça de Letícia sobre seu ventre era
confortável e ela estava feliz de finalmente ter conseguido levar um relacionamento
para o próximo estágio.
— Mas agora,
falando sério, o que você quer fazer hoje? Eu estou de folga e acho que você
também, podemos sair pra algum lugar, almoçar fora, ir no cinema, o que você
quiser. — Letícia sentia o contato suave dos dedos da outra moça sobre sua
cabeça e pensou que nenhuma das suas ex-namoradas jamais fez algo tão intimo e
carinhoso por ela.
— Que acha de
ficarmos aqui mesmo? Eu posso preparar o almoço se você quiser, sou boa na
cozinha. E então podemos ver um filme da sua... — Mayara segurou o rosto da
outra e a fez olhar para ela, aproximando-se o bastante para ficar a
centímetros de beijá-la. — Enorme coleção de DVDs. O que acha?
— Para mim parece
ótimo. Mas... Posso ficar mais um pouco aqui? — perguntou enquanto esfregava a
cabeça contra o ventre morno da namorada e recebia uma confirmação seguida de
um riso divertido em resposta.
***
Paulo estava se
divertindo muito com os amigos na casa da mãe de Agatha. No sábado tinham
assistido desenhos e comido pipoca, dado uma volta no parquinho e comido pizza
na janta. Mas o mais legal era que a mãe de Agatha o tratava bem, a ponto de o
garoto sentir quase como se tivesse sua mãe de novo.
Eles passaram a
noite em sacos de dormir no quarto de Agatha, onde mais cedo brincaram muito
com os jogos de tabuleiro e bonecas da menina. Inventaram uma brincadeira em
que Paulo era pai solteiro e Luís tinha de tomar conta de filhas gêmeas
enquanto a esposa estava viajando.
Enquanto Agatha,
bom, ela era uma mulher famosa e rica que preferiu ter só um cachorro. E a
cachorrinha Laika entrou na brincadeira também. Paulo gostou de ninar a boneca
e colocá-la no carrinho para passear. Ficou feliz de poder fingir que era um
bom pai que se preocupava com a filha.
No Domingo a mãe
de Agatha disse que eles iriam até um evento para crianças que estava
acontecendo num shopping ali perto e ele estava animado com isso. Nem sentiu
tanta falta de Diego e Marcelo durante o tempo que esteve com os amiguinhos.
Claro que gostava dos dois, mas não se sentia abandonado ali.
Por causa da
animação de passear mais tarde, o menino acabou acordando antes dos amiguinhos,
mas ficou deitado no saco de dormir encarando os adesivos que brilhavam no
escuro que Agatha pregou no teto do quarto. Uma coleção de estrelas, luas e
sóis de vários tamanhos.
E enquanto estava
deitado ali, lembrou de algo que aconteceu mais cedo no sábado enquanto os três
viam um filme animado na tevê. O pai de Agatha ligou. A mãe da menina fez o
possível para disfarçar e não deixar a filha perceber quem estava no outro lado
da linha, mas Agatha notou.
— É o meu pai. Ele
liga às vezes, mas nunca quer falar comigo. Outro dia me levou para um parque
de diversões, mas tinha uma moça junto e ele nem falou direito comigo. Eu não
gostei dela e contei pra minha mãe e ela me disse para eu tomar cuidado. —
Vanessa sentiu o sangue ferver quando ouviu o que a filha contou. O ex-marido
mal havia se divorciado e já tinha arrumado uma namorada e pelo que Agatha
falou, a moça era bem mais nova que ele.
— Eu não fico mais
esperando o meu pai vir me buscar. Ele tem esquecido muito de mim, outro dia
fiquei um tempão sentada no portão esperando e daí, quando eu entrei, porque
cansei de ficar lá, ele ligou dizendo que não podia vir me buscar porque tinha
uma coisa pra fazer. — Agatha contava a situação para os dois meninos sem nem
tirar os olhos da tela da tevê ou parar de colocar pipoca na boca, Paulo achou
que ela parecia meio desligada, como se não estivesse ali de verdade.
— Acho que não
gosto mais do meu pai. Não como eu gostava antes de ele se separar da minha
mãe. — declarou a menina categórica para em seguida olhar para os dois garotos
e sorrir.
— Mas tá tudo bem,
eu amo a minha mãe o dobro! — declarou enquanto passava o balde de pipoca para
Luís.
Mais tarde naquele
sábado, enquanto Agatha foi tomar banho, Luís comentou com Paulo que se sentia
triste pela amiga e que queria fazer algo para animá-la.
— Meu pai e minha
mãe ainda moram juntos. Às vezes eles brigam, mas nunca falaram em se separar.
Dá pra ver que a Agatha tá bem triste com tudo isso... E eu me sinto triste
também. — Paulo respondeu que Diego e Marcelo às vezes brigavam também, mas não
sempre e a briga nunca durava muito tempo.
— Mas eu entendo
porque ela tá triste. O pai dela não vem buscar ela e arrumou uma namorada que
não gosta dela. Isso deve doer. Eu também fico triste quando ela começa a falar
essas coisas. — declarou Paulo, dizendo para Luís mudar de assunto quando a
porta do banheiro se abriu.
Toda aquela
conversa com o amigo veio a sua mente enquanto estava deitado olhando o teto
estrelado do quarto de Agatha. Não sabia quanto tempo se passou, mas logo a mãe
da menina veio chamá-los para tomarem café da manhã.
O resto do dia
correu tranquilo. Eles foram ao shopping e brincaram na exposição interativa
que estava tendo, pintaram desenhos e escalaram uma parede de alpinismo para
crianças. A mãe de Agatha tirou várias fotos, que enviou para Diego e Miriam, e
então eles almoçaram num restaurante enquanto os três fingiam que eram gente
grande e importante num jantar de negócios e logo já era hora de irem para
casa.
Miriam passou
buscar o irmãozinho e ficou conversando com Vanessa por alguns minutos,
comentando o quanto conseguiu estudar para o vestibular no final de semana, até
receber uma mensagem da mãe pedindo para que voltasse para ficar com a avó
enquanto ela ia preparar o jantar. Elas se despediram combinando de sair juntas
um dia desses.
Diego e Marcelo
chegaram meia hora depois. Paulo quase fez birra para ficar mais um pouco com
Agatha, mas quando ouviu que pediriam um lanche pro jantar, o menino desistiu
de fingir que não ouvia os chamados para ir embora. Abraçou a amiguinha e se
despediu da mãe dela, agradecendo pelo final de semana.
— Diego, ele é um
menino de ouro. — Vanessa disse, inflando o ego de Paulo, que entrou no carro
todo orgulhoso e no trajeto até em casa contou tudo o que haviam feito, sem
saber que Vanessa havia mandado todas as informações para Diego por whats.
Quando entraram em
casa, Diego mandou o irmãozinho para o banho enquanto ligava para a lanchonete.
Ainda estava esperando atenderem a ligação quando notou ao olhar pela janela da
cozinha, que algo estava errado no pequeno quintal nos fundos e quando foi
conferir se deu conta de que algumas coisas que estavam ali tinham sumido.
— Ma, vem cá um
minuto! — Marcelo estava no quarto trocando de roupa, mas veio logo em seguida,
parando ao lado do marido e olhando para fora, para em alguns segundos
perceber.
— Cadê a bicicleta
do Paulo e a minha churrasqueira? — e então ele notou uma pegada mal estampada
no muro e tudo ficou claro. Tinham sido roubados.
— A gente não devia ter saído o final
de semana inteiro, foi culpa minha isso! Eu não devia ter... — segurou o rosto do marido com as duas mãos enquanto
encarava-o em silencio por alguns segundos.
— Não foi sua
culpa. Tá bem? Respira fundo, vai ficar tudo bem. — ele andou pelo quintal e
percebeu que algumas outras coisas também tinham desaparecido. Sua caixa de
ferramentas e um rádio velho que não funcionava, mas que ele guardou porque um
dia pretendia tentar arrumar.
— O que eu vou
dizer pro Paulo? Ele adorava aquela bicicleta! — declarou Diego enquanto demonstrava
sinais de um ataque de pânico. Marcelo achou que podia deixar a inspeção do que
desapareceu para depois e pegou o marido pelo braço, levando-o até o sofá, onde
o fez se sentar enquanto pegava uma garrafa de água gelada.
— Coloca no pulso
e depois na testa. Você sabe como funciona. — aquele era um truque que eles
aprenderam quando Diego teve a primeira crise de pânico há alguns anos. Contato
com algo gelado causava certa calma.
— A gente vai repor
as coisas que sumiram, fica tranquilo. Mas primeiro temos de pensar num jeito
de proteger a casa, porque se entraram no quintal, quem diz que não vão tentar
entrar aqui depois? — Diego suspirou exausto e comentou que a casa ao lado da
deles estava desocupada há um bom tempo e os ladrões deviam saber disso.
— Nem adianta
ligar pra polícia, só por causa de meia dúzia de coisas. Além do que eu não
tenho estomago pra lidar com o descaso deles. — desabafou frustrado e ao ouvir
o click do trinco do banheiro se abrindo, sentiu um arrepio incomodo percorrer
sua espinha. Tinham de contar para o garoto.
Paulo entrou na
pequena sala e viu a expressão incomodada de Diego e logo pensou nas piores
coisas que poderiam acontecer, incluindo que sua avó paterna tinha de alguma
forma conseguido sua guarda.
— O que foi? —
perguntou enquanto se aproximava dos dois e encarava Diego, com seus grandes
olhos escuros.
— Paulo... Sabe a
bicicleta que a gente te deu de aniversário... Então, enquanto estávamos fora
esse final de semana... Alguém entrou pelo nosso quintal e bom... Alguém... —
não conseguia terminar a frase, o coração parecia um tambor dentro do peito e o
pavor de que os ladrões pudessem voltar naquela noite o enchia de pavor.
— Alguém roubou a
sua bicicleta, Paulo. E algumas coisas minhas também. Mas não se preocupa que a
gente vai comprar uma nova, mas talvez demore um pouco, porque vamos ter de
proteger a casa primeiro. — o menino olhou do rosto de um para o do outro com
uma expressão chocada e apesar do alivio momentâneo de não ter sido nada tão
pesado quanto ser arrancado da casa deles de novo, ele tinha perdido uma coisa
que gostava muito. E então veio o choro.
— A minha
bicicleta! Por quê? — Diego o abraçou enquanto tentava acalmá-lo. O menino
chorava sentido e aquilo lhe causou mais dor do que o medo que estava sentindo
pela invasão e roubo.
— Tá tudo bem,
Paulo. Nós vamos resolver isso. — e olhando para o marido, complementou. —
amanhã vamos dar um jeito de ir numa daquelas lojas de construção, de
segurança, sei lá e comprar alguma coisa pra proteger a casa. Hoje eles levaram
umas coisas, amanhã não quero acordar com um deles aqui dentro apontando uma
faca ou coisa pior pra mim ou pra vocês. — carregava o irmãozinho no colo e aos
poucos o menino foi se acalmando e agora apenas soluçava silencioso.
— Pode deixar.
Vamos dar um jeito amanhã mesmo. Mas agora, vamos pensar no que comer. Você
pediu os lanches? Não? Tudo bem, eu peço e daqui a pouco vai tá aqui. Vem me
ajudar a escolher, Paulo. — com certa dificuldade conseguiu convencer o menino
a ir com ele até o telefone e após pedir a comida, pegou no armário alto, fora
do alcance do garoto, um frasco com comprimidos, calmantes que às vezes Diego
tomava, pegou dois e entregou ao marido com um copo de água.
— Toma e assim que
a comida chegar, a gente come e vai dormir. Não vai acontecer nada. Eles
queriam coisas fáceis de vender, mas concordo com você de que devemos proteger
a casa. — agradou a cabeça do marido enquanto abraçava o garoto pelos ombros e
pensou que não se podia ter um minuto de felicidade naquele mundo sem que algo
ruim acontecesse logo em seguida. Pelo menos os três estavam fisicamente bem.
Continua...
Nota da autora:
Bom gente, nós
tivemos todos aqueles capts. +18 e agora voltamos a nossa programação normal em
que acabou de acontecer um roubo na casa de Diego e Marcelo! Além disso, parece
que o Joaquim tá pegando um resfriado (mas não, não é covid, porque a história
se passa em 2019). Pelo menos Letícia e Mayara estão tendo um bom momento
juntas.
Também soubemos um
pouco sobre a dinâmica do Silas, pai da Agatha e como a menina aos poucos está
perdendo aquele amor incondicional que os filhos têm pelos pais, quando um
deles começa a pisar na bola com frequência.
Espero que vocês
estejam gostando da história, não se esqueçam de deixar um comentário. Obrigada
por lerem até aqui e até o próximo capítulo.
Perséfone Tenou
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