sábado, 18 de maio de 2024

Lar é onde o coração está - Capitulo 72

O resto da semana passou e finalmente era Domingo.

Dia dos Pais.


Diego achou estranho o fato de que Paulo não ficou doente na sexta-feira daquela semana, como aconteceu em Maio, mas então se lembrou que o padrasto não era um cara legal, nem com o menino que era filho biológico!

No entanto ele não esperava o que estava para acontecer naquele Domingo.

Por conta do habito de levantar cedo para chamar o irmãozinho para ir à escola, Diego acordou as 6h30 como sempre, mas ao olhar para o lado, descobriu que Marcelo já havia levantado.

Ele tomou banho e vestiu uma roupa de ficar em casa e quando saiu do quarto, sentiu o cheiro do café fresco ao mesmo tempo em que ouvia a voz animada do irmãozinho falando com Marcelo e enquanto rumava até a pequena cozinha, acabou sorrindo.

— Ei, bom dia! — foi recepcionado pelo marido enquanto recebia um abraço apertado de Paulo e via que a mesa do café já estava posta.

— O que é isso tudo? Ainda não é nem meu aniversário... — indagou enquanto fazia um agrado no cabelo do irmão e se sentava em uma das cadeiras ao mesmo tempo em que o marido lhe servia o café.

— Não, mas é um dia importante... Né Paulo? — o menino dava risadinhas animadas enquanto pegava alguma coisa que estava escondida debaixo da mesa e colocava o embrulho na frente de Diego.

— O que é isso? — ele perguntou sorrindo enquanto trocava um olhar com o marido, que respondeu “Esse é o seu. Eu já ganhei o meu”.

Ao abrir o pacote, encontrou um bloquinho de notas no formato de uma gravata acompanhado de uma caneta, na capa do qual podia se ler “Feliz dia dos Pais, do seu filho” seguido do nome do garoto naquela caligrafia meio tremula de quem ainda não tem total controle da escrita.

Em resposta, Diego sorriu e deu um abraço no irmãozinho, que se apressou em dizer: “Eu sei que você é meu irmão e que o Marcelo não é meu pai, mas, eu queria... Só...” Diego sorriu e deu um beijo no topo da cabeça do menino, agradecendo pelo presente.

— Eu gostei muito, de verdade. Vou guardar pra sempre. — respondeu vendo o rosto do garoto se iluminar em pura alegria, e em seguida, trocou um olhar com o marido que sorriu e comentou.

— Acordei lá pelas seis, não tava conseguindo dormir... E daí eu esbarrei nesse carinha ai, que tava sentado lá na sala, com os pacotinhos de presente na mão... Ai nós fomos juntos na padaria e compramos tudo pro café.

Diego sugeriu de eles irem passear depois do café e antes mesmo de escolherem o local, Paulo já estava animado só com a idéia de sair e isso era compreensível, afinal durante as duas semanas de volta as aulas o menino só foi da escola para a casa.

Enquanto Paulo foi trocar de roupa para eles saírem, Diego ajudou Marcelo com a louça do café, ao mesmo tempo em que comentava o quanto achou bonitinho o garoto ter dado uma lembrança de dia dos pais para eles dois.

— Mas é até compreensível, não? Quero dizer, seu padrasto nunca foi um exemplo de pai, e apesar de estarmos com ele aqui em casa só há sete meses, eu e você demos mais suporte emocional e apoio do que o Paulo recebeu a vida toda. — Marcelo colocou as xícaras no escorredor de louça e exibindo um ar meio sonhador no rosto complementou.

— Eu fiquei feliz de saber que ele me considera parte da família. — em resposta, sentiu Diego fazer um afago em seu braço enquanto encostava a testa contra suas costas e ria baixinho.

— Mas você é parte da família, você é meu marido... Então seria algo como um tio pro Paulo... — foi a vez de Marcelo rir e responder “o melhor sobrinho que eu poderia ter”.

O contato entre eles acabou levando-os a uma troca de beijos inicialmente castos, mas que foram ficando mais tórridos com o passar dos segundos e que quase culminaram em algo mais picante, se Diego não tivesse cortado o contato, ao ouvir a campainha tocando. 

Antes de se afastar para atender a porta, ele murmurou um “desculpa” pro marido, que em resposta só fez um gesto amplo com a mão, como se dissesse “ta tudo bem”. Eles vinham tentando equilibrar a vida conjugal com a tarefa de criar Paulo e por mais obstáculos que pudessem estar enfrentando, ainda conseguiam manter os sentimentos de carinho e afeição um pelo outro.

Ao abrir a porta, Diego encontrou a assistente social, Rosário, a qual não via há algum tempo. A cumprimentou e permitiu que entrasse, perguntando se a moça aceitava uma xícara de café, “a gente acabou de fazer”.

— Vou aceitar, obrigada. Peço desculpas por aparecer assim num domingo, no domingo do dia dos pais, mas é que eu estava com vários casos para acompanhar, mas não podia deixar de vir ver como o Paulo está. — ao ouvir a explicação da moça, os dois apenas sorriram e disseram que estava tudo bem.

— Eu vou chamar ele. — informou Marcelo que quando chegou no quarto do menino, o encontrou escolhendo a roupa que usaria para saírem. No entanto, quando foi informado que a assistente social estava lá para vê-lo, a expressão do garoto mudou de alegria para frustração e ele praticamente se arrastou do quarto até a cozinha.

— Oi Paulo, tudo bem? Eu vim ver como você está. — informou Rosário sorrindo, ao que o menino em resposta só esboçou um sorriso enviesado e azedo. Ele ia sair, eles iam passear e agora aquela moça apareceu e ia atrapalhar tudo!

— Então, como estão as coisas na escola? — o menino não queria responder ele, queria que Rosário fosse embora para eles saírem.

— Tá tudo bem. — respondeu lacônico enquanto permanecia em pé na entrada da cozinha. Rosário sorriu e o convidou a se sentar à mesa com ela e após alguns minutos de silencio o menino aceitou. Ele não queria ficar falando da escola ou de se estava sendo bem cuidado ali naquela casa, só queria sair para passear.

— E como estão as coisas aqui em casa? O Diego e o Marcelo te tratam bem? Aconteceu alguma coisa que te deixou chateado? — o menino olhou para a moça com uma expressão de desanimo e cansaço e suspirou antes de responder de forma seca.

— Tá tudo bem. Não aconteceu nada ruim, exceto a chata da minha avó por parte de pai que fica aparecendo aqui... Eu não gosto dela. — e em seguida, suspirando desanimado Paulo emendou — Eu posso ir agora?

Os outros dois adultos haviam se afastado, para a assistente social fazer seu trabalho sem interrupções, mas Diego precisou ir até a sala buscar algo e ouviu o menino respondendo de forma brusca.

— Ei rapazinho, seja educado com a Rosário, ta bom? — em resposta Diego recebeu um olhar que era um misto de frustração e irritação por parte do menino, mas viu a assistente social sorrir e anotar algo na prancheta.

— Já vamos terminar, Paulo. Só mais um pouquinho, ta? Eu preciso saber que está tudo bem com você, para não permitir que te levem embora de novo. — perante a menção de ser arrancado daquela casa, a postura do menino mudou e ele passou a ser mais educado ao responder as perguntas da moça. Só de pensar em ir parar nas mãos da avó paterna de novo já lhe dava pesadelos.

Rosário visitou o quarto do garoto, onde olhou algumas gavetas, cadernos da escola e brinquedos. Em seguida, ela visitou o banheiro e a sala de estar, conferindo alguns objetos aqui e ali. Diego tentava manter certa distancia, mas a presença da moça o incomodava, afinal, se mesmo depois de mais de seis meses, ela achasse que ali não era um bom ambiente para o menino morar, poderia levá-lo embora... E ele achava que não conseguiria aguentar isso.

— Certo, parece que está tudo nos conformes. — anunciou a assistente social por fim, para alivio de Diego que lançou um olhar cúmplice para o marido, o qual sorriu. E enquanto ele acompanhava a moça até a porta, a ouviu perguntar sobre a avó de Paulo.

— Ela está assediando vocês pelo que eu entendi? — ao que Diego, que apesar de não gostar nada de Zulmira, não queria colocar mais lenha na fogueira, apenas desconversou, dizendo que a mulher parecia se sentir sozinha e queria se reaproximar do neto.

— O problema é que o Paulo não quer ver ela nem pintada de ouro. Também, depois do que ela fez ele passar naqueles dias que esteve com ele, eu não o culpo. A gente decidiu que a decisão de falar ou não com ela, tem de vir dele, mas até agora ele anda bem irredutível. — comentou enquanto abria a porta e acompanhava a moça até o portão.

— É, aquilo foi bem complicado... Vou torcer para que as coisas se ajeitem, mas preciso concordar que vocês estão fazendo o certo dando a ele o poder da decisão. O Paulo parece estar feliz aqui com vocês, bem mais saudável do que quando chegou pra gente no começo do ano. — ouvir aquilo de alguém como Rosário fez Diego sorrir, pois ela lidava com casos complicados envolvendo crianças todos os dias, então,se tinha dito que o garoto parecia bem e saudável, devia ser verdade.

— Agora se me dá licença, eu tenho mais algumas casas para visitar... — a moça já estava saindo, quando parou e virou-se para encará-lo enquanto exibia um sorriso bonito e amplo e dizia. — Feliz dia dos pais pra vocês.

***

Mayara se espreguiçou enquanto sentia o calor morno de Letícia ao seu lado. Desde as bodas de sua mãe, ela vinha dormindo bastante aos finais de semana na casa da namorada. A moça olhou para o lado e encarou o rosto bonito e adormecido da outra. O jeito como os cabelos curtos caiam delicados ao redor das bochechas, a forma como os lábios dela estavam entreabertos e como as pálpebras se contraiam levemente durante o sono.

Pensando em retribuir toda o carinho que a outra moça vinha oferecendo à ela, Mayara se levantou com cuidado da cama e rumou até a cozinha, onde ligou a cafeteira e colocou algumas torradas integrais na torradeira.

No entanto, enquanto ela esperava as coisas ficarem prontas, sua mente foi ocupada por pensamentos incômodos e duvidosos, fazendo-a se questionar se não estava fazendo algo errado dentro daquele relacionamento.

Gostava muito de Letícia, podia até mesmo arriscar dizer que já a amava, mas não se sentia muito apta para iniciar qualquer tipo de contato mais intimo. A ultima vez que elas fizeram algo foi no dia dos namorados, há quase dois meses e desde então, a outra moça vinha se mostrando bastante compreensiva e paciente, mas Mayara sabia que a namorada devia ter desejos que gostaria de satisfazer e ela gostaria de ser capaz de poder ser aquela que os realizaria, mas, para ela, sexo não era algo tão essencial num relacionamento.

— Bom dia. — se surpreendeu ao receber um beijo suave na bochecha e ao olhar para o relógio de parede na cozinha, se deu conta que devaneou sozinha por quase uma hora. As torradas há muito já haviam sido ejetadas e a cafeteira tinha terminado de coar há tempos.

— Bom dia... Eu quis fazer uma surpresa mas parece que me atrapalhei... Desculpe. — murmurou envergonhada enquanto puxava uma grande quantidade dos cabelos longos sobre um dos ombros e começava a trançá-los de forma impulsiva.

— Tá tudo bem, o café ainda ta quente e as torradas parecem continuar crocantes. — Letícia se sentou a sua frente na mesa, trajando uma regata larga pelas laterais da qual podia ver o contorno dos seios diminutos e um par de shorts de malha largos, que exibiam suas coxas longas e macias e Mayara olhou para aquela mulher a sua frente e pensou que, apesar de não sentir vontade de fazer algo sexual com ela naquele momento, Letícia despertava sentimentos nelas.

— Você tava tão distraída que eu ate me preocupei. Ta tudo bem? — sorriu e desconversou, pois achava que se contasse seus receios para a outra, poderia estragar aquele relacionamento. Afinal, o ultimo que teve desandou exatamente porque ela foi sincera sobre como se sentia.

Um novo toque suave, agora retirando algumas mechas soltas de seu cabelo foi feito por Letícia, que em seguida a puxou com delicadeza para perto de si, fazendo a outra moça sentar-se em seu colo.

— Me diz uma coisa, May... A gente ta junta nessa ou não? Porque se estamos, eu preciso que você seja sincera comigo e que não guarde tudo para si... — um afago gentil foi feito na bochecha da morena que suspirou cansada enquanto fechava os olhos e inclinava a cabeça em direção aquele toque.

— Promete que não vai me julgar ta? — encarou aqueles olhos profundos e bonitos da moça a sua frente e enfim criando coragem contou sobre seu receio de não estar retribuindo o afeto que recebia dentro do relacionamento.

— Eu já te falei que ta tudo bem, quando você me quiser eu também vou querer você. Sexo não é tudo num relacionamento! Ainda mais com alguém demi, como você. Eu gosto de estar com você e por enquanto pra mim isso já basta... Mas se no futuro você quiser fazer algo mais intimo, eu com certeza não vou recusar. — impelida pelas palavras de Letícia, Mayara tomou com suavidade os lábios da outra com os seus, enquanto sentia as mãos habilidosas da outra deslizar por suas costas e nuca.

Os beijos se tornaram mais ávidos e em certo momento, Mayara sentiu uma das mãos da outra deslizar para a borda de sua roupa intima, sem, no entanto, se aprofundar. Letícia partiu o contato e encarando a moça sentada no seu colo que exibia uma expressão que era um misto de excitação e surpresa.

— Você quer que eu continue? — perguntou ao mesmo tempo em que se sentia sugada por aquelas grandes irises escuras e hipnóticas. Ela não queria impor sua vontade a outra, pelo contrário, na ultima vez que ficaram juntas, Letícia se satisfez apenas dando prazer à namorada.

Mayara por outro lado ainda estava decodificando o pedido de permissão feito pela moça, já que nunca teve essa escolha de decidir se queria ou não tomar parte em algo físico. Por fim, acabou sorrindo e murmurando um sim, que acabou se misturando com um gemido estrangulado conforme sentiu os dedos de Letícia adentrarem em sua roupa intima e acariciarem com delicadeza aquela área secreta e úmida.

Manteve-se estimulando apenas a área externa, lembrando-se de que na outra vez a moça pediu para que não a penetrasse, nem mesmo com os dedos e em resposta, para sua surpresa, sentiu as mãos mornas de Mayara deslizar timidamente por sob a sua regata larga, tomando seus seios pequenos e macios nas palmas e causando uma onda de calafrios estáticos por todo o corpo de Letícia.

Em resposta a estimulação, Mayara movia os quadris contra os dígitos que a arreliavam naquele local tão particular, a ponta do dedo médio de Letícia friccionando contra aquele ponto específico que era a fonte de todo o prazer e então, a morena tomou os lábios da namorada mais uma vez, abarcando a língua dela na sua, explorando o espaço úmido e morno daquela cavidade enquanto sentia que muito em breve atingiria o ápice.

As mãos mornas ainda apertavam seus seios com cuidado, os polegares fazendo pequenas carícias suaves nos mamilos ao mesmo tempo em que a língua ávida se envolvia na sua e as coxas macias de Mayara se apertavam ao redor das suas próprias na cadeira, indicando que a moça não conseguiria aguentar muito mais.

E com um gemido sufocado e um movimento de cabeça para trás, que espalhou os cabelos longos, negros e macios dela pelo ar, Mayara enfim alcançou o êxtase e logo em seguida abraçou Letícia, escondendo o rosto afogueado na curva do pescoço perfumado da outra.

— Isso foi...Foi... Uau. — ela murmurou exaurida enquanto sentia o coração disparar acelerado no peito e sentia uma única gota de suor escorrer por sua espinha e em resposta, experimentava a sensação acolhedora do braço da namorada envolvendo sua cintura.

— Que bom que gostou. — respondeu a outra sorrindo, mas se surpreendendo ao ver Mayara se afastar de repente e ainda sentada em seu colo, encará-la com um olhar fixo e penetrante, ao que respondeu “O que foi?

— É a segunda vez que nós... Nós ficamos juntas, e foi só eu que... Só eu que gozei. Isso não é justo! Eu preciso te retribuir! — declarou por fim num tom de voz magoado e meio infantil, que fez Letícia rir divertida e abraçá-la com carinho.

— Vão haver outras chances no futuro. Mas vou te contar um segredo, só de te ver toda extasiada daquele jeito, pra mim já foi o bastante, sério! Eu juro! — o olhar fixo de Mayara ainda exibia duvida, mas aos poucos foi sendo substituído por carinho.

— Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida há anos, sabe? — confidenciou Mayara ao mesmo tempo em que saia do colo da namorada, recebendo um tapinha gentil no traseiro assim que ficou em pé.

— Idem. — respondeu Letícia, fazendo a outra rir enquanto enchia duas canecas com café e as colocava sobre a mesa.

Pela primeira vez em anos Mayara sentia que podia ser sincera sobre seus sentimentos e desejos, sem o medo de ser julgada ou descartada. Letícia a entendia e a amava como ela era e agora tudo o que ela queria era conseguir retribuir o sentimento no mesmo nível.

***

Ele se sentia o garoto mais feliz do planeta, andando entre Marcelo e Diego, enquanto iam até o shopping. Apesar do que Rosário disse sobre ele poder ser levado para outro lugar, no fim Diego o tranquilizou e prometeu que isso nunca aconteceria.

— Eu nunca mais vou deixar ninguém tirar você de nós, ta bem? Eu te prometo. — ele acreditou em Diego, não só porque ele era um adulto, mas porque até aquele momento, o irmão nunca havia mentido para ele.

— Que acha de a gente almoçar e daí ir ver um filme? — Marcelo sugeriu, vendo o menino exibir um sorriso de pura alegria no rosto, enquanto ouvia o marido concordar que era uma boa sugestão.

Acabaram escolhendo por um desenho que estava em cartaz e após passarem numa daquelas lojas de departamento onde compraram doces e outras coisa, a grande maioria para Paulo, mas das quais eles também iriam aproveitar, entraram na sala e sentaram-se, cada um de um lado e o menino no meio.

Tudo correu bem na sessão e talvez tivesse sido um dia maravilhoso, se, quando as luzes se acenderam e eles estavam se preparando para sair, algo desconfortável não tivesse acontecido.

Paulo disse que queria ir ao banheiro e Marcelo se ofereceu para levá-lo enquanto Diego validava o ticket de estacionamento. Antes de saírem da sala de cinema, eles trocaram um selinho e não teria tido nenhum problema, se uma funcionária não tivesse aparecido dizendo que aquele tipo de coisa “não era permitido ali dentro”*

— O que não é permitido? Eu dar um beijo no meu marido? Eu quero falar com o gerente do cinema! — exigiu Diego, pois a mulher só falou aquilo após Marcelo ter saído com o menino. E com um gesto discreto, desbloqueou a câmera do celular enquanto ouvia a mulher complementar os absurdos.

— Eu sou a gerente senhor e digo que aqui é um espaço familiar e não permitimos esse tipo de manifestação imoral e vergonhosa e... — Diego ergueu a mão em um sinal de silencio e após descartar a sacola de lixo no latão, informou a moça que nunca mais voltaria a aquele shopping. Além do que, já havia conseguido as provas que precisava, se resolvesse levar um processo em frente. E então ele rumou para o guichê do estacionamento sem olhar para trás, enquanto sentia seu estomago embrulhar de dor.

Quando Marcelo e Paulo o encontraram, Diego exibia uma expressão amarga que não passou despercebida pelo marido, mas quando ele perguntou se houve algo, o rapaz apenas meneou a cabeça numa negativa e murmurou que lhe contaria depois. Diego também pediu para Marcelo dirigir, pois estava com dor de cabeça.

No banco de trás, Paulo havia adormecido e ele não queria estragar o dia do menino contando sobre aquela situação desconfortável que passou com uma escrota homofóbica.

Mas depois de chegarem em casa e colocarem o menino na cama, mesmo sob os protestos de Diego de que ele deveria tomar um banho antes, só ai ele contou ao marido o que aconteceu e após mostrar o áudio, Marcelo expressou cada vez mais irritação no rosto.

— Que escrota! — ele disse por fim, indignado, vendo Diego suspirar cansado e se jogar no sofá.

— Você... Quer abrir um B.O.? Se quiser eu vou com você. — sugeriu Marcelo e Diego disse que estava ponderando se valeria todo o estresse que aquilo causaria.

— Eu sei que vai ser estressante, mas eu acho que você não devia deixar quieto, sabe? O que ela fez foi crime, a gente não fez nada de errado... — segurou uma das mãos de Diego nas suas, enquanto exibia uma expressão preocupada.

 — Quer saber, você tem razão, e é por isso que eu tenho de fazer alguma coisa. Claro que eu tenho medo. Não por mim, eu já sofro com homofobia desde que me entendo por gente, piorou depois que me assumi, mas eu já tenho uma casca grossa... Eu me preocupo com o Paulo, ele vai acabar sofrendo por tabela... Mas preciso mostrar pra ele que ainda existe alguns recursos para recorrer. — Marcelo sentou-se ao lado do marido e o abraçou pelos ombros, permitindo que deitasse a cabeça em seu ombro.

— A gente não pode por ele numa redoma de vidro, Di, em algum momento ele vai acabar esbarrando em gente como essa mulher do cinema ou aquele menino violento lá da escola. Tudo o que podemos fazer é dar apoio e mostrar pra ele que estamos aqui, para o que ele precisar. Acho que isso faz parte de ser bons pais, não é mesmo? — ouviu Diego fungar baixinho e soltar um riso abafado.

— Eu só não quero que ele se machuque só por nós o estarmos criando. Mas você tem razão, vamos dar todo o apoio que ele precisar. — suspirou cansado e fechou os olhos, abrindo-os com lentidão ao sentir um beijo suave ser dado em seus lábios.

— Obrigado por me ajudar a segurar essa barra que é criar uma criança. — agradeceu Diego, recebendo em resposta outro beijo apaixonado.

Enquanto eles conseguissem se manter firmes, tudo ficaria bem.

Continua...

 

Nota da autora:

Pois bem gente,

Se você está lendo este capítulo na semana do dia do dia 18/05/2024, eu lhe devo desculpas (mais uma vez), o fato é que estive doente – yep, de novo – desta vez foi uma crise de sinusite que afetou minha vista e me obrigou a colocar todos os meus projetos em hiato por um tempo indeterminado. – nem sei dizer o quão feliz estou de voltar a escrever!

Agora vamos ao capitulo!

Dia dos pais certo? E foi um dia bem tumultuado, com a visita da assistente social, Rosário e um passeio no shopping que acabou de forma bem amarga. Inclusive, a situação envolvendo a gerente do cinema foi baseada num caso real que aconteceu em São Paulo em 2023, só que com duas moças, mas de resto a situação foi exatamente a mesma.

Também tivemos uma ceninha meio quente entre Mayara e Letícia, que eu espero que vocês tenham gostado (eu pretendo fazer mais cenas delas assim, mas pelo fato de a Mayara ser demissexual, eu simplesmente não posso fazer esse tipo de cena acontecer direto, já que nesta orientação sexual a pessoa tem de sentir uma enorme conexão emocional com a outra para fazer algo físico – mas vai ter mais algumas cenas delas no futuro).

E aqui vale uma pequena observação, que eu não inseri na história para não quebrar a narrativa, mas, quando se vai ter algum contato dos dedos com esta parte específica do corpo de pessoas que tem uma vagina, vale citar que é indispensável cortar as unhas da mão (todas elas) e higienizar os dedos muito bem, pois a mucosa da vulva além de delicada e frágil, também pode contrair infecções através de contato sem higienização.

Neste capítulo não teve Joaquim e Francisco mas prometo que no próximo terá!

Se você leu até aqui, por favor, deixe um comentário, eles são muito importantes para eu saber o que você está achando da história.

Muito obrigada por ler mais este capítulo e eu prometo que vou tentar retomar meu ritmo e periodicidade de publicações!

Até o próximo capítulo,

Perséfone Tenou 

 

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